CAHIO
Caiu
O
o
MINISTERIO
ministério
!
COMEDIA
Comédia
ORIGINAL
Original
DE
de
COSTUMES
costumes
EM
em
TRES
três
ACTOS
atos
POR
por
França
Junior
Personagens
Um
vendedor
de
bilhetes
de
loteria
1o
vendedor
de
jornaes
jornais
2o
idem
3o
idem
4o
idem
Dr.
Raul
Monteiro
-
Galvão
ERNESTO
Ernesto
-
Mello
Gourlarte
-
Peixoto
Pereira
-
Mesquita
.
Desembargador
Anastacio
Florindo
Francis- co
Francisco
Francis-co
Coelho
-
Montani
Barbara
Coelho
,
sua
mulher
-
Clelia
Mariquinhas
,
sua
filha
Felicianinha
-
Thereza
Philomena
-
Luvirni
Beatriz
-
Fanny
Philippe
Flecha
-
Colás
Mr.
James
-
Bahia
Conselheiro
Felicio
de
Brito
,
presidente
do
conselho
-
Araujo
Ministro
da
guerra
-
Peixoto
Ministro
do
imperio
-
Mesquita
Ministro
de
estrangeiros
-
Reis
Ministro
da
justiça
-
Florindo
Dr.
Monteirinho
,
ministro
da
marinha
-
Clairville
Senador
Felizardo
-
Teixeira
Pereira
Ignacio
Arruda
Ribeiro
Azambuja
Acto
Ato
I
O
theatro
teatro
representa
parte
da
rua
do
Ouvidor
.
Ao
fundo
a
re- dacção
redação
redacção
re-dacção
do
Globo
,
a
casa
immediata
imediata
,
a
confeitaria
do
Castellões
e
o
armarinho
vizinho
.
O
interior
destes
estabelecimentos
deve
ser
visto
pelos
espectadores
.
Ao
subir
o
panno
pano
a
escada
que
communica
comunica
o
pavimento
inferior
do
escriptorio
escritório
do
Globo
com
o
superior
deve
estar
occupada
ocupada
por
muitos
meninos
,
vendedores
de
gazetas
;
algumas
pessoas
bem
vestidas
conversão
conversam
junto
ao
balcão
.
Em
casa
do
Castellões
muita
gente
conversa
e
come
.
No
armarinho
grupos
de
moças
,
encostadas
ao
balcão
,
conversão
conversam
e
escolhem
fazendas
.
Grande
movimento
na
rua
.
SCENA
Cena
I
UM
Um
VENDEDOR
vendedor
DE
de
BILHETES
bilhetes
DE
de
LOTERIA
loteria
,
1°
,
2°
,
3°
e
4°
VENDEDORES
vendedores
DE
de
JORNAES
jornais
,
DR.
Doutor
DOUTOR
RAUL
Raul
MONTEIRO
Monteiro
e
ERNESTO
Ernesto
VENDEDOR
Vendedor
DE
de
BILHETES .
bilhetes
BILHETES.
Quem
quer
os
duzentos
con- tos
contos
con-tos
?
Os
duzentos
contos
do
Ypiranga
!
1o
VENDEDOR
Vendedor
DE
de
JORNAES .
jornais
JORNAES.
A
Gazeta
da
Tarde
,
trazendo
a
quéda
queda
do
ministério
,
a
lista
da
loteria
,
também
trazendo
a
chronica
crônica
parlamentar
.
2o
VENDEDOR .
Vendedor
VENDEDOR.
A
Gazeta
de
Noticias
.
Traz
a
carta
do
Dr.
Doutor
Seabra
.
3o
VENDEDOR .
Vendedor
VENDEDOR.
A
Gazetinha
.
4o
VENDEDOR .
Vendedor
VENDEDOR.
A
Espada
de
Damocles
,
trazendo
o
grande
escandalo
escândalo
da
camara
câmara
dos
deputados
,
a
historia
história
do
minis- terio
ministério
ministerio
minis-terio
,
o
movimento
do
porto
,
e
tambem
também
trazendo
o
assassi- nato
assassinato
assassi-nato
da
rua
do
Senado
.
3°
VENDEDOR .
Vendedor
VENDEDOR.
A
Gazetinha
e
o
Cruzeiro
.
RAUL
Raul
MONTEIRO .
Monteiro
MONTEIRO.
(
Que
deve
estar
parado
á
porta
do
Globo
a
ter
os
telegrammas
telegramas
:
voltando-se
e
vendo
Ernesto
,
que
sae
sai
do
Castellões
)
.
Oh
!
Ernesto
,
como
vaes
vais
?
ERNESTO .
Ernesto
ERNESTO.
Bem
.
E
tu
?
RAUL .
Raul
RAUL.
Então
?
Nada
ainda
?
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Ouvi
dizer
agora
mesmo
no
Bernardo
que
foi
chamado
para
organisar
organizar
o
ministério
,
o
Faria
Soares
.
Raul .
Raul
Raul.
Ora
!
Ora
!
O
Soares
partio
partiu
hontem
ontem
com
a
fami- lia
família
familia
fami-lia
para
Therezopolis
.
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
E’
É
verdade
porém
disserão-me
disseram-me
que
hontem
ontem
mesmo
recebeu
o
telegramma
telegrama
e
que
desce
hoje
.
Ahi
Ai
vem
o
Goularte
.
Raul .
Raul
Raul.
Homem
,
o
Goularte
deve
estar
bem
informado
.
SCENA
Cena
II
Os
mesmos
e
GOULARTE
Goulart
Raul .
Raul
Raul.
Oh
!
Goularte
,
quem
foi
o
chamado
?
Goularte .
Goularte
Goularte.
O
Silveira
d’Assumpção
.
Raul .
Raul
Raul.
O
que
estás
dizendo
?
Goularte .
Goularte
Goularte.
A
pura
verdade
.
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Com
os
diabos
!
Por
esta
não
esperava
eu
.
Estou
aqui
,
estou
demittido
demitido
.
Raul .
Raul
Raul.
Mas
isto
é
de
fonte
pura
?
Goularte .
Goularte
Goularte.
E
até
já
está
organisado
organizado
o
ministério
.
Raul .
Raul
Raul.
Quem
ficou
na
fazenda
?
Goularte .
Goularte
Goularte.
O
Rocha
.
Raul .
Raul
Raul.
E
na
justiça
?
Goularte .
Goularte
Goularte.
O
Brandão
.
Para
a
guerra
entrou
o
Feli- cio
Felicio
Feli-cio
;
para
a
agricultura
o
barão
de
Botafogo
...
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
O
barão
de
Botafogo
?
Goularte .
Goularte
Goularte.
Sim
,
pois
não
o
conheces
!
E’
É
o
Ladisláo
Medeiros
.
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Ah
!
Já
sei
.
Goularte .
Goularte
Goularte.
Para
estrangeiros
o
visconde
de
Pedre- gulho
Pedregulho
Pedre-gulho
;
para
a
pasta
do
império
o
Serzedello
...
Raul .
Raul
Raul.
Misericórdia
!
Goularte .
Goularte
Goularte.
E
para
a
marinha
o
Lucas
Viriato
.
Raul .
Raul
Raul.
Lucas
Viriato
?!
Quem
é
?
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Não
o
conheço
.
Goularte .
Goularte
Goularte.
Eu
também
nunca
o
vi
mais
gordo
,
mas
dizem
que
é
um
sujeito
muito
intelligente
inteligente
...
SCENA
Cena
III
Os
mesmos
e
COMMENDADOR
Comendador
PEREIRA
Pereira
PEREIRA .
Pereira
PEREIRA.
Bom
dia
,
meus
senhores
.
(
Aperta-lhes
as
mãos
)
.
RAUL .
Raul
RAUL.
Ora
viva
,
Sr.
Senhor
commendador
Comendador
.
Pereira .
Pereira
Pereira.
Então
,
ja
já
sabem
?
RAUL .
Raul
RAUL.
Acabamos
de
saber
agora
mesmo
.
O
presidente
do
conselho
é
o
Silveira
d’Assumpção
.
Pereira .
Pereira
Pereira.
Não
ha
há
tal
,
foi
chamado
,
é
verdade
,
mas
não
aceitou
.
Goularte .
Goularte
Goularte.
Mas
,
Sr.
Senhor
commendador
Comendador
,
eu
sei
...
Pereira .
Pereira
Pereira.
Também
eu
sei
que
o
homem
esteve
cinco
horas
em
S .
São
S.
Christovão
,
e
que
de
lá
sahio
saiu
á
meia-noite
,
sem
se
haver
decidido
cousa
alguma
.
RAUL .
Raul
RAUL.
(
Vendo
Anastacio
entrar
pela
direita
)
.
Ora
ahi
ai
está
quem
nos
vae
vai
dar
noticias
notícias
frescas
.
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Quem
é
?
Raul .
Raul
Raul.
O
conselheiro
Anastacio
,
que
alli
ali
vem
.
(
Seguem
para
a
direita
,
e
formão
formam
um
grupo
)
.
Goularte .
Goularte
Goularte.
Chama-o
.
SCENA
Cena
IV
Os
mesmos
,
ANASTACIO
e
VENDEDORES
Vendedor
de
bilhetes .
bilhetes
bilhetes.
(
Que
juntamente
com
os
outros
tem
passado
pela
rua
,
vendendo
ao
povo
os
objectos
objetos
que
apre- goão
apregoam
apregoão
apre-goão
durante
as
scenas
cenas
anteriores
)
.
Quem
quer
os
duzentos
contos
do
Ypiranga
!
1o
vendedor .
vendedor
vendedor.
A
Gazeta
da
Tarde
a
40
rs
réis
.
2o
VENDEDOR .
Vendedor
VENDEDOR.
A
Gazeta
de
Noticias
.
3o
VENDEDOR .
Vendedor
VENDEDOR.
A
Gazetinha
.
Traz
a
quéda
queda
do
ministe- rio
ministério
ministerio
ministe-rio
.
(
Saem
os
vendedores
)
.
Raul .
Raul
Raul.
Sr.
Senhor
conselheiro
,
satisfaça-nos
a
curiosidade
.
Quem
é
o
homem
que
nos
vae
vai
governar
?
Anastacio .
Anastacio
Anastacio.
Pois
ainda
não
sabem
?
Goularte .
Goularte
Goularte.
São
tantas
as
versões
...
Anastacio .
Anastacio
Anastacio.
Pensei
que
estivessem
mais
adiantados
.
Ora
oução
ouçam
lá
.
(
Tira
um
papelinho
do
bolso
;
todos
preparão- se
preparam-se
preparão-se
para
ouvil-o
ouvi-lo
com
attenção
atenção
)
.
Presidente
do
conselho
,
vis- conde
visconde
vis-conde
da
Pedra
Funda
;
ministro
do
império
,
André
Gonzaga
.
Goularte .
Goularte
Goularte.
Bem
bom
,
bem
bom
.
Anastacio .
Anastacio
Anastacio.
Da
marinha
.
Bento
Antonio
de
Campos
.
Raul .
Raul
Raul.
Não
conheço
.
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Nem
eu
.
Goularte .
Goularte
Goularte.
Nem
eu
.
Pereira .
Pereira
Pereira.
Nem
eu
.
Anastacio .
Anastacio
Anastacio.
Eu
também
não
sei
quem
seja
.
Ouvi
dizer
que
é
um
sujeito
dos
sertões
de
Minas
.
Raul .
Raul
Raul.
E
por
conseguinte
muito
entendido
em
cousas
de
mar
.
Anastacio .
Anastacio
Anastacio.
Ministro
da
fazenda
,
o
barão
do
Bico
do
Papagaio
.
Raul .
Raul
Raul.
Para
a
fazenda
?
!
Anastacio .
Anastacio
Anastacio.
Sim
,
senhor
.
Raul .
Raul
Raul.
Porém
este
homem
nunca
deu
provas
de
si
.
E’
É
pouco
conhecido
...
Nas
circumstancias
circunstâncias
em
que
se
acha
o
paiz
país
...
Goularte .
Goularte
Goularte.
Não
diga
isto
,
e
aquelle
aquele
á
parte
que
elle
ele
deu
ao
Ramiro
...
Lembra-se
,
Sr.
Senhor
conselheiro
?
Anastacio .
Anastacio
Anastacio.
Não
.
Goularte .
Goularte
Goularte.
Um
á
parte
dado
na
questão
do
Xingú
.
Raul .
Raul
Raul.
Era
melhor
que
o
tivessem
deixado
á
parte
.
Vamos
adiante
.
Anastacio .
Anastacio
Anastacio.
Ministro
da
guerra
,
Antonio
Horta
.
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Magnifico
Magnífico
!
Raul .
Raul
Raul.
Qual
magnifico
magnífico
.
Anastácio .
Anastácio
Anastácio.
Da
agricultura
,
João
Cesario
,
e
fica
na
pasta
dos
estrangeiros
o
presidente
do
conselho
.
Raul .
Raul
Raul.
Lá
estão
pondo
um
telegramma
telegrama
na
porta
do
Globo
.
Vamos
ver
o
que
é
.
(
Dirigem-se
á
porta
do
Globo
,
ao
redor
da
qual
reunem-se
todos
que
estão
em
scena
cena
,
e
depois
retirão-se
retiram-se
.
Ernesto
entra
no
Globo
)
.
SCENA
Cena
V
D .
Dona
D.
BARBARA
COELHO
e
MARIQUINHAS
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
(
Entrando
com
Mariquinhas
pela
esquer- da
esquerda
esquer-da
)
.
Que
massada
.
Se
eu
soubesse
que
esta
maldita
rua
estava
hoje
neste
estado
,
não
tinha
sahido
saído
de
casa
.
Mariquinhas .
Mariquinhas
Mariquinhas.
Pois
olhe
,
mamãi
mamãe
;
é
assim
que
eu
gosto
da
rua
do
Ouvidor
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
Tomara
eu
já
que
se
organise
organize
o
ministe- rio
ministério
ministerio
ministe-rio
,
só
para
assim
ver
se
teu
pai
socega
sossega
.
Encasquetou-se- Ihe
Encasquetou-se-Ihe
na
cabeça
que
ha
há
de
ser
por
força
ministro
.
Mariquinhas .
Mariquinhas
Mariquinhas.
E
porque
não
,
mamãi
mamãe
?
Os
outros
são
melhores
do
que
elle
ele
?!
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
E
vive
ha
há
trez
três
dias
encerrado
em
casa
,
como
um
verdadeiro
maluco
.
Por
mais
que
Ihe
diga
,
"
Seu
Chico
,
vá
para
a
camara
câmara
,
contente-se
em
ser
deputado
,
que
não
é
pouco
,
e
o
homem
a
dar-lhe
.
Já
quando
cahio
caiu
o
outro
ministério
foi
a
mesma
cousa
.
Passa
o
dia
inteiro
a
pas- seiar
passear
passeiar
pas-seiar
de
um
lado
para
o
outro
;
assim
que
ouve
o
ruido
ruído
de
um
carro
,
ou
o
tropel
de
cavallos
cavalos
corre
para
a
janella
janela
,
espreita
pelas
frestas
da
veneziana
,
e
começa
a
dizer-me
todo
tremulo
trêmulo
:
"
E’
É
agora
,
é
agora
,
Barbinha
,
mandarão-me
mandaram-me
chamar
.
De
cinco
em
cinco
minutos
pergunta
ao
criado
"
Não
ha
há
alguma
carta
para
mim
?
Que
afflicção
aflição
de
homem
,
Santo
Deos
Deus
!
Aquillo
Aquilo
já
é
molestia
moléstia
!
Parece
que
se
elle
ele
não
sahir
sair
ministro
desta
vez
,
arrebenta
!
Mariquinhas .
Mariquinhas
Mariquinhas.
Faz
papai
muito
bem
.
Se
eu
fôsse
fosse
homem
também
havia
de
querer
governar
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
Pois
eu
se
fôsse
fosse
homem
acabava
com
ca- maras
câmaras
camaras
ca-maras
,
com
governo
,
com
liberaes
liberais
,
conservadores
e
repu- blicanos
republicanos
repu-blicanos
e
reformava
este
paiz
país
.
SCENA
Cena
VI
As
mesmas
e
FELICIANINHA
Mariquinhas .
Mariquinhas
Mariquinhas.
Gentes
,
D .
Dona
D.
Felicianinha
por
aqui
!
Felicianinha
.
(
Com
embrulhos
)
.
E’
É
verdade
.
Como
está
,
D .
Dona
D.
Barbara
?
(
Aperta
a
mão
de
Barbara
e
de
Mari- quinhas
Mariquinhas
Mari-quinhas
e
beijão-se
beijam-se
)
.
Mariquinhas .
Mariquinhas
Mariquinhas.
Como
vae
vai
a
Bibi
?
A
Fifina
está
boa
?
Ha
Há
muito
tempo
que
não
vejo
a
Cocota
.
Felicianinha
.
Todos
bons
.
Eu
é
que
não
tenho
andado
muito
boa
.
Só
a
necessidade
me
faria
sahir
sair
hoje
de
casa
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
E’
É
o
mesmo
que
me
acontece
.
Felicianinha
.
Fui
ao
Palais-Royal
experimentar
um
vestido
,
fui
depois
ao
dentista
,
entrei
no
Godinbo
para
ver
umas
fitas
para
o
vestido
da
Chiquinha
...
Mariquinhas .
Mariquinhas
Mariquinhas.
Nós
também
estivemos
no
Godinho
.
Não
vio
viu
lá
a
Philomena
Brito
com
a
filha
?
Felicianinha
.
Vi
,
por
signal
sinal
que
tanto
uma
como
a
outra
estavão
estavam
caiadas
que
era
um
Deos
Deus
nos
acuda
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
Andão
Andam
constantemente
assim
.
E
a
siri- gaita
sirigaita
siri-gaita
da
filha
a
estropiar
palavras
em
francez
francês
,
inglez
inglês
,
al- lemão
alemão
allemão
al-lemão
e
italiano
,
para
mostrar
aos
circumstantes
circunstantes
que
já
esteve
na
Europa
.
Felicianinha
.
Eu
acbo
uma
cousa
tão
ridicula
ridícula
!
E
o
que
quer
dizer
vestir-se
a
mãi
mãe
igual
á
filha
!
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
E’
É
moda
cá
da
sua
terra
.
Andão
Andam
as
velhas
por
ahi
ai
todas
pintadas
,
frisadas
,
esticadas
e
arrebicadas
,
a
espera
dos
rapazes
pelas
portas
dos
armarinhos
e
das
confeitarias
.
Cruz
,
credo
.
Santa
Barbara
!
Só
se
benzendo
a
gente
com
a
mão
canhota
.
Olhe
,
lá
em
Minas
nunca
vi
disto
e
estou
com
cincoenta
cinquenta
annos
anos
!
SCENA
Cena
VII
D .
Dona
D.
BARBARA
,
MARIQUINHAS
,
FELICIANINHA
,
PHI- LOMENA
PHILOMENA
PHI-LOMENA
e
BEATRIZ
Mariquinhas .
Mariquinhas
Mariquinhas.
Lá
vem
a
Philomena
com
a
filha
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
Olhem
só
que
sirigaitas
!
Philomena .
Philomena
Philomena.
(
Sahindo
Saindo
com
Beatriz
do
armarinho
do
fundo
)
.
Como
está
,
D .
Dona
D.
Barbara
?
(
Comprimentão-se
Cumprimentam-se
todas
,
beijando-se
)
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
Como
está
,
minha
amiga
?
Mariquinhas .
Mariquinhas
Mariquinhas.
(
Para
Beatriz
)
.
Sempre
bonita
e
inte- ressante
interessante
inte-ressante
.
Barbara .
Barbara
Barbara.
(
Para
Philomena
)
.
E
a
senhora
cada
vez
mais
moça
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
São
os
seus
olhos
.
Felicianinha .
Felicianinha
Felicianinha.
(
Para
Beatriz
)
.
Como
tem
passado
?
Beatriz
.
Assim
,
assim
.
Ça
vá
doucement
,
ou
como
dizem
os
allemães
alemães
:
so
,
so
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
(
Baixo
a
Mariquinhas
)
.
Começa
ella
ela
com
a
algaravia
.
Beatriz
.
Não
tive
o
prazer
de
vel-a
vê-la
ve-la
no
ultimo
último
baile
do
Cassino
.
Esteve
ravissant
,
espledide
.
O
high-life
do
Rio
de
Janeiro
estava
representado
em
tudo
quanto
pos- sue
possui
possue
pos-sue
de
mais
recherchè
.
O
salão
illuminado
iluminado
a
giorno
,
e
a
last
fashion
exhibia
exibia
os
seus
mais
bellos
belos
esplendores
.
Prachtvoll
,
ausgezeichnet
,
como
dizem
os
allemães
alemães
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
(
Baixo
a
Mariquinhas
)
.
Olha
so
só
para
aquillo
aquilo
.
Ausgetz
...
Parece
que
tem
um
pedaço
de
cará
fer- vendo
fervendo
fer-vendo
na
boca
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
A
Beatriz
causou
sensação
.
Nao
Não
lerão
a
escripcão
da
sua
toillete
?
D .
Dona
D.
Bárbara
.
Ouvi
dizer
alguma
cousa
a
respeito
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Pois
sahio
saiu
em
todos
os
jornaes
jornais
,
no
Globo
,
na
Gazetinha
,
na
Gazeta
da
Tarde
,
na
Gazeta
de
Noticias
...
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
O
corpinho
estava
come
ci
,
come
ça
!
A
saia
é
que
estava
ravissante
!
Era
toda
bouilloné
,
com
fitas
vieill’or
e
inteiramente
curta
.
Felicianinha .
Felicianinha
Felicianinha.
Vestido
curto
para
baile
?
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
E’
É
a
ultima
última
moda
.
Mariquinhas .
Mariquinhas
Mariquinhas.
Onde
mandou
fazel-o
fazê-lo
faze-lo
?
Philomena
Veio
da
Europa
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
E
foi
feito
pelo
Worth
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
(
Baixo
a
Mariquinhas
)
.
Com
toda
a
certeza
foi
feito
em
casa
,
com
aviamentos
comprados
em
algum
armarinho
muito
cangueiro
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Mas
não
vale
a
pena
mandar
vir
vestidos
da
Europa
.
Chegão
Chegam
por
um
dinheirão
,
e
aqui
não
aprecião
apreciam
essas
cousas
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
O
que
aqui
aprecião
apreciam
é
muita
fita
,
muitas
cores
espantadas
...
emfim
enfim
,
tout
ce
qu’il
y
a
de
camelote
.
Felicianinha .
Felicianinha
Felicianinha.
Não
é
tanto
assim
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Agora
mesmo
acabamos
de
encontrar
com
as
filhas
do
Trancoso
,
vestidas
de
um
modo
...
Philomena .
Philomena
Philomena.
E’
É
verdade
,
vinhão
vinham
muito
ridiculas
ridículas
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Escorridas
,
coitadas
,
que
parecião
pareciam
um
chapéo
chapéu
de
sol
fechado
.
Sapristi
!
Philomena .
Philomena
Philomena.
E
onde
é
que
foi
a
mulher
do
Seabra
buscar
aquelle
aquele
vestido
branco
todo
cheio
de
fofinhos
e
crespinhos
!
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Parecia
que
estava
vestida
de
tripas
.
C'est
incroyable
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
Deixe
estar
que
na
Europa
também
se
ha
há
de
ver
muita
cousa
ridicula
ridícula
.
Não
é
só
aqui
que
...
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Disto
lá
nunca
vi
;
pelo
menos
em
Paris
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
(
A’
Á
parte
)
.
Desfructavel
Desfrutável
!
(
Para
Mariqui- nhas
Mariquinhas
Mariqui-nhas
alto
)
.
Menina
,
vamos
embora
,
que
já
é
tarde
.
Mariquinhas .
Mariquinhas
Mariquinhas.
Adeos
Adeus
,
D .
Dona
D.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Addio
.
(
Beijão-se
Beijam-se
todas
reciprocamente
)
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
(
Para
D .
Dona
D.
Barbara
)
.
Appareça
Apareça
;
sabe
que
sou
,
fui
e
serei
sempre
sua
amiga
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
Da
mesma
fórma
forma
.
E
se
assim
não
fôsse
fosse
tambem
também
dizia-lhe
logo
;
eu
cá
sou
muito
franca
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
E
por
isso
é
que
a
estimo
e
considero
.
(
Saem
D .
Dona
D.
Barbara
,
Mariquinhas
e
Felicianinha
)
.
SCENA
Cena
VIII
BEATRIZ
e
PHILOMENA
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
(
Vendo
Mariquinhas
)
.
Olhe
só
como
vae
vai
aquel- le
aquele
aquelle
aquel-le
chapéo
chapéu
especado
no
alto
da
cabeça
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
E
a
mãi
mãe
cada
vez
se
veste
peior
pior
.
Não
pa- rece
parece
pa-rece
que
já
tem
vindo
ao
Rio
.
Viste
o
Dr.
Doutor
Raul
?
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Não
senhora
.
Philomena
.
E’
É
singular
!
Porque
desappareceu
desapareceu
elle
ele
lá
de
casa
?
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Não
sei
!
Alguma
intriga
talvez
.
Sou
tão
infeliz
...
Philomena .
Philomena
Philomena.
Pois
olha
,
aquelle
aquele
era
um
excellente
excelente
par- tido
partido
par-tido
.
Moço
,
talentoso
...
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Tout
a
fait
chique
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
E
tout
a
fait
(
faz
signal
sinal
de
dinheiro
)
,
que
é
o
principal
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Se
papai
fosse
chamado
agora
para
o
minis- terio
ministério
ministerio
minis-terio
...
SCENA
Cena
IX
As
mesmas
,
RAUL
e
GOULARTE
Raul .
Raul
Raul.
(
Entrando
do
fundo
com
Goularte
e
vendo
Bea- triz
Beatriz
Bea-triz
e
Philomena
)
.
Oh
!
Diabo
!
Lá
está
a
mulher
do
conse- lheiro
conselheiro
conse-lheiro
Brito
com
a
filha
...
Se
me
descobrem
estou
perdido
.
Goularte .
Goularte
Goularte.
Porque
?
Raul .
Raul
Raul.
Porque
?
Porque
a
filha
namora-me
,
desgraça do
desgraçado
,
julga-me
muito
rico
,
e
noutro
dia
no
Cassino
,
cahindo
caindo
eu
na
asneira
de
dizer-lhe
que
era
bella
bela
,
encantadora
,
essas
banalidades
,
tu
sabes
,
que
costumamos
dizer
ás
moças
nos
bailes
,
o
diabinho
da
rapariga
fez-se
vermelha
,
abaixou
os
olhos
,
e
disse-me
"
Sr.
Senhor
Dr.
Doutor
Raul
,
porque
não
me
pede
a
papai
?
Goularte .
Goularte
Goularte.
Pois
pede-lhe
.
Raul .
Raul
Raul.
Nessa
não
caio
eu
!
E’
É
pobre
como
Job
,
e
mulher
sem
isto
(
signal
sinal
de
dinheiro
)
está
se
ninando
.
Vamos
em- bora
embora
em-bora
.
(
Saem
)
.
SCENA
Cena
X
PHILOMENA
,
BEATRIZ
,
MR.
JAMES
e
PEREIRA
Philomena .
Philomena
Philomena.
E
Mr.
Mister
James
?
Não
me
disseste
que
elle
ele
também
...
?
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Faz-me
a
côrte
corte
,
é
verdade
;
porém
aquillo
aquilo
é
passaro
pássaro
bisnáo
bisnau
,
e
não
cae
cai
assim
no
laço
com
duas
razões
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Dizem
que
é
o
inglez
inglês
mais
rico
do
Rio
de
Janeiro
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Isto
sei
eu
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
(
Sahindo
Saindo
do
Castellões
com
Pereira
e
vendo
as
duas
)
.
How
?
Mim
não
póde
pode
fica
ficar
aqui
;
vae
vai
embora
de- pressa
depressa
de-pressa
,
Sr.
Senhor
commendador
Comendador
.
Pereira .
Pereira
Pereira.
Porque
?
Mr.
Mister
James
Semana
passada
,
mim
estar
na
baile
de
Cassino
,
diz
áquelle
áquele
menina
menino
,
que
elle
ele
estar
está
bonita
bonito
;
menina
estar
estúpida
,
e
diz
a
mim
-
How
?
Porque
voucê
você
não
mi
me
pede
a
papai
?
Pereira .
Pereira
Pereira.
Bravo
!
E
porque
não
se
casa
com
ella
ela
?
Mr .
Mister
Mr.
James .
James
James.
Oh
!
No
;
mim
não
estar
vem
a
Brazil
p’
ra
casa
.
Mim
vem
aqui
p’ra
faz
negocia
.
Menina
não
tem
di- nheiro
dinheiro
di-nheiro
,
casamento
estar
máo
negocia
.
No
,
no
,
no
quer
.
Eu
vae
vai
embora
.
(
Sae
para
um
lado
,
e
Pereira
para
outro
)
.
Philomena
.
(
Tirando
uma
carteirinha
do
bolso
)
.
Veja- mos
Vejamos
Veja-mos
o
que
ha
há
ainda
a
fazer
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Vamos
á
Notre-Dame
ver
os
collarinhos
colarinhos
e
ao
Boulevard
,
do
Manoel
Ribeiro
.
Philomena
.
E’
É
verdade
;
vamos
lá
.
(
Saem
)
.
SCENA
Cena
XI
ERNESTO
e
PHILIPPE
FLECHA
Philippe
.
(
Sahindo
Saindo
do
armarinho
com
uma
caixa
de
papelão
debaixo
do
braço
,
a
Ernesto
que
sae
sai
do
Globo
)
.
Sr.
Senhor
Ernesto
,
vê
aquella
aquela
mulher
?
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Qual
déllas
delas
?
Uma
é
a
senhora
do
conselheiro
Brito
,
a
outra
é
a
filha
.
Philippe .
Philippe
Philippe.
Aquella
Aquela
mulher
é
a
minha
desgraça
.
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Quem
?
A
filha
?
Philippe .
Philippe
Philippe.
Ella
Ela
sim
!
Por
causa
della
dela
já
não
durmo
,
já
não
como
,
já
não
bebo
.
Vi-a
pela
primeira
vez
,
ha
há
uma
se- mana
semana
se-mana
,
no
Castellões
.
Comia
uma
empada
!
Com
que
graça
ella
ela
segurava
a
appetitosa
apetitosa
iguaria
entre
o
furabolo
e
o
mata-piolho
,
assim
,
olhe
.
(
Imita
)
.
Vel-a
Vê-la
Ve-la
e
perder
a
cabeça
foi
obra
de
um
momento
.
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Mas
,
desventurado
,
não
sabes
?
Philippe .
Philippe
Philippe.
Já
sei
o
que
vae
vai
dizer-me
.
Que
sou
um
sim- ples
simples
sim-ples
caixeiro
de
armarinho
e
que
não
posso
aspirar
á
mão
daquelle
daquele
anjo
.
Mas
dentro
do
peito
deste
caixeiro
pulsa
um
coração
de
poeta
.
Não
póde
pode
imaginar
as
torturas
por
que
tenho
passado
desde
o
instante
em
que
a
vi
...
Vi-a
pela
primeira
vez
no
Castellões
...
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Comia
uma
empada
.
Já
me
disseste
.
Philippe .
Philippe
Philippe.
Mas
o
que
ainda
não
lhe
disse
é
que
por
causa
della
dela
tenho
chuchado
as
maiores
descomposturas
dos
patrões
,
e
que
em
um
bello
belo
dia
ficarei
na
rua
a
tocar
leques
com
bandurras
.
A
sua
imagem
não
me
sae
sai
um
só
instante
da
cabeça
.
Estou
no
armarinho
;
se
me
encom- mendão
encomendam
encommendão
encom-mendão
linha
dou
marcas
de
lamparinas
;
se
gritão
gritam
retroz
preto
trago
sabonetes
;
a
um
velho
que
me
pedio
pediu
hontem
ontem
suspensorios
suspensórios
metti-lhe
meti-lhe
nas
mãos
uma
bisnaga
!
O
homem
gritou
,
o
patrão
chamou-me
de
burro
,
os
freguezes
fregueses
tomá- rão
tomaram
tomárão
tomá-rão
pagode
commigo
comigo
.
Estou
desmoralisado
desmoralizado
.
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Está
bom
,
já
sei
.
Philippe .
Philippe
Philippe.
Não
póde
pode
saber
,
seu
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Olha
,
se
o
patrão
te
vê
ver
de
lá
a
conversar
aqui
,
estás
arranjado
.
Philippe .
Philippe
Philippe.
Noutro
dia
á
noite
,
quando
os
outros
cai- xeiros
caixeiros
cai-xeiros
dormião
dormiam
,
eu
levantei-me
,
acendi
a
vela
,
e
escrevi
este
soneto
.
(
Tira
um
papel
do
bolso
e
lê
)
.
Ouça
só
o
prin- cipio
princípio
principio
prin-cipio
:
Quando
te
vejo
radiante
e
bella
bela
,
Por
entre
rendas
,
filós
e
escumilha
Meu
coração
ardente
se
humilha
,
E
minha
alma
murmura
:
é
ella
ela
!
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Magnifico
Magnífico
!
Está
muito
bom
.
Philippe .
Philippe
Philippe.
Mandei-o
para
a
Gazetinha
.
Pois
querem
sa- ber
saber
sa-ber
o
que
fizerão
fizeram
?
(
Tirando
a
Gazetinha
do
bolso
e
mostran- do
mostrando
mostran-do
)
.
Leia
.
E’
É
aqui
na
Correspondencia
Correspondência
.
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
(
Lendo
)
.
"
Sr.
Senhor
P
.
F
.
"
Philippe .
Philippe
Philippe.
Philippe
Flecha
,
sou
eu
.
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
(
Lendo
)
.
"
Os
seus
versos
cheirão
cheiram
a
metro
e
a
balcão
;
o
poeta
não
passa
talvez
de
um
caixeiro
de
arma- rinho
armarinho
arma-rinho
.
"
(
Rindo
)
.
E’
É
boa
!
E’
É
boa
!
Philippe .
Philippe
Philippe.
O
maldito
filó
e
a
escumilha
compromet- terão-me
comprometeram-me
comprometterão-me
compromet-terão-me
.
Não
leio
mais
este
papelucho
.
(
Sóbe
Sobe
)
.
Lá
está
ella
ela
parada
á
porta
do
Farani
.
SCENA
Cena
XII
Os
mesmos
,
1o
VENDEDOR
,
2o
VENDEDOR
,
3o
IDEM
,
4o
IDEM
(
Sahindo
Saindo
do
Globo
)
.
1o
VENDEDOR .
Vendedor
VENDEDOR.
O
Globo
da
tarde
a
40
rs
réis
.
2o
VENDEDOR .
Vendedor
VENDEDOR.
O
Globo
,
trazendo
o
ministerio
ministério
e
a
lista
da
loteria
.
3o
VENDEDOR .
Vendedor
VENDEDOR.
O
Globo
.
4o
VENDEDOR .
Vendedor
VENDEDOR.
O
Globo
a
40
rs
réis
.
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Vejamos
se
já
ha
há
alguma
cousa
de
novo
.
(
Compra
.
Para
Philippe
)
.
Não
queres
saber
quem
foi
cha- mado
chamado
cha-mado
para
o
ministerio
ministério
?
Philippe .
Philippe
Philippe.
Que
me
importa
o
ministerio
ministério
?
O
meu
minis- terio
ministério
ministerio
minis-terio
é
ella
ela
!
Olhe
,
quando
a
vi
pela
primeira
vez
foi
no
Castellões
.
Ella
Ela
comia
...
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Uma
empada
,
com
os
diabos
,
já
sei
;
não
me
amoles
.
(
Sae
Sai
)
.
SCENA
Cena
XIII
PHILIPPE
e
VENDEDOR
DE
de
BILHETES
Vendedor
de
bilhetes .
bilhetes
bilhetes.
A
sorte
grande
do
Ypiran- ga
Ypiranga
Ypiran-ga
!
Quem
quer
os
duzentos
contos
!
Philippe .
Philippe
Philippe.
Oh
!
Como
te
amo
!
Vendedor .
Vendedor
Vendedor.
(
Para
Philippe
)
.
Não
quer
os
duzentos
contos
?
Philippe .
Philippe
Philippe.
Deixa-me
.
Vendedor .
Vendedor
Vendedor.
Fique
com
este
numero
número
que
é
o
ultimo
último
.
Philippe .
Philippe
Philippe.
Não
quero
.
Vendedor .
Vendedor
Vendedor.
Eu
tenho
um
palpite
de
que
o
senhor
apanha
a
taluda
.
Philippe .
Philippe
Philippe.
Homem
,
vá-se
embora
.
Vendedor .
Vendedor
Vendedor.
Veja
só
o
numero
número
.
Philippe .
Philippe
Philippe.
(
A’
Á
parte
)
.
Quem
sabe
se
não
está
aqui
a
minha
felicidade
!?
Vendedor .
Vendedor
Vendedor.
Então
,
não
se
tenta
?
Philippe .
Philippe
Philippe.
(
A’
Á
parte
,
tirando
dinheiro
do
bolso
)
.
Lá
se
vão
os
ultimos
últimos
vinte
e
cinco
mil
réis
,
que
me
restão
restam
do
ordenado
deste
mez
mês
.
(
Alto
)
.
Tome
.
Não
quero
ver
o
numero
número
.
(
Sae
Sai
o
vendedor
)
.
Lá
seguio
seguiu
ella
ela
para
a
rua
dos
Ourives
.
(
Sae
Sai
correndo
)
.
SCENA
Cena
XIV
Mr.
Mister
JAMES
e
RAUL
Raul .
Raul
Raul.
(
Sahindo
Saindo
da
direita
e
lendo
o
Globo
)
.
"
A '
Á
A'
hora
em
que
entrou
a
nossa
folha
para
o
prélo
prelo
,
ainda
não
se
sabia
...
"
(
Continua
a
ler
baixo
)
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
(
Que
vem
lendo
também
o
Globo
,
entrando
por
outro
lado
)
.
"
Os
ultimos
últimos
telegrammas
telegramas
da
Europa
an- nuncião
anunciam
annuncião
an-nuncião
"
(
Continúa
Continua
a
ler
baixo
,
encontrando-se
com
Raul
)
.
Raul .
Raul
Raul.
Oh
!
Mr.
Mister
James
!
Como
está
?
Mr.
Mister
James .
James
James.
How
,
Sr.
Senhor
Raul
,
como
tem
passada
passado
?
RAUL .
Raul
RAUL.
Então
sabe
já
alguma
cousa
ácerca
acerca
do
mi- nisterio
ministério
ministerio
mi-nisterio
?
Mr.
Mister
James .
James
James.
Não
estar
está
lá
bem
informada
.
E’
É
difficil
difícil
este
esta
crise
.
Neste
paiz
país
tem
duas
cousas
que
não
estar
estão
bom
boas
;
é
criadas
e
ministeria
.
Criadas
não
quer
pára
em
casa
,
e
ministeria
dura
tres
,
quatro
mezes
,
bumba
!
vae
vai
em
terra
.
Brazileira
não
póde
pode
supporta
governo
muite
tempa
.
Quando
ministra
começa
a
faz
alguma
cousa
,
tudo
grita
-
No
presta
,
homem
estar
estúpida
,
homem
estar
tratanta
...
Raul .
Raul
Raul.
Infelizmente
é
a
pura
verdade
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Quando
outra
sóbe
diz
mesma
cousa
,
muda
presidenta
de
provincia
,
subdelegada
,
inspector
de
quarteirão
,
e
paiz
país
,
em
vez
de
anda
,
estar
sempre
parada
.
Raul .
Raul
Raul.
A
verdade
núa
nua
e
crúa
crua
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Vaucê
escusa
,
se
mim
diz
isto
.
Tudo
quanto
faz
neste
terra
não
é
p’ra
inglez
inglês
ver
?
Raul .
Raul
Raul.
Assim
dizem
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Pois
então
mim
estar
inglez
inglês
,
mim
estar
na
direita
de
faz
critica
do
Brazil
.
Rau l
Raul
A
maldita
politica
política
é
que
tem
sido
sempre
a
nossa
desgraça
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Oh
!
Yes
.
Vem
liberal
,
faz
couse
boe
,
vem
conservador
desmanche
couse
boe
de
liberal
.
Raul .
Raul
Raul.
E
vice-versa
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Oh
!
Yes
.
Raul .
Raul
Raul.
E
os
republicanos
?
Mr.
Mister
James .
James
James.
How
!
Não
falla
em
republicanas
.
Estar
gente
toda
very
good
.
Mas
mim
não
gosta
de
republicana
que
faz
barulha
no
meio
da
rua
;
governo
dá
emprega
e
republicana
cala
sua
bocca
.
Raul .
Raul
Raul.
Mas
no
numero
número
destes
que
calão
calam
a
bocca
boca
com
empregos
não
se
comprehendem
compreendem
os
republicanos
evolu- cionistas
evolucionistas
evolu-cionistas
;
aquelles
aqueles
que
,
como
eu
,
querem
o
idéal
ideal
dos
governos
sem
sangue
derramado
,
sem
commoções
comoções
sociaes
sociais
...
Mr .
Mister
Mr.
James .
James
James.
Oh
!
republicana
evolucionista
estar
a
primeira
de
todos
republicanas
.
Espera
de
braço
cruzado
que
republica
apparece
;
e
emquanto
republica
não
appa-
rece
,
republicana
estar
ministra
,
deputada
,
senador
,
conse-
lheira
,
tuda
.
Republicana
evolucionista
estar
partida
que
tem
por
partida
tira
partida
de
todas
as
partidas
.
R aul
Raul
Não
é
nos
partidos
que
está
o
nosso
mal
.
Mr.
Mister
James
Sua
mal
de
vou
cês
está
no
lingua
.
Bra-
zileira
falla
muito
,
faz
discursa
very
beautiful
,
mas
paiz
país
não
anda
p’ra
adiante
com
discursa
.
Raul .
Raul
Raul.
Tem
razão
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Paiz
precisa
de
braças
,
de
commercia
,
de
industria
,
de
estradas
de
ferro
...
Raul .
Raul
Raul.
E’
É
verdade
,
e
a
sua
estrada
para
o
Corcovado
?
Mr.
Mister
James .
James
James.
Mim
estar
em
ajuste
com
companhia
.
Mas
quando
pretende
compra
estrada
e
que
tem
promessa
de
governa
p’
ra
privilegia
,
maldita
governa
cae
cai
,
e
mim
deixa
de
ganha
muita
dinheira
.
Raul .
Raul
Raul.
Mas
póde
pode
obter
o
privilegio
privilégio
com
esta
gente
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Oh
!
yes
!
Para
alcança
privilegia
em
que
ganha
dinheira
mim
faz
tudo
,
tudo
.
Raul .
Raul
Raul.
Se
eu
pudesse
alcançar
também
...
Mr.
Mister
James .
James
James.
Uma
privilegia
?
Raul .
Raul
Raul.
Não
;
contento-me
com
um
emprego
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Mas
vouce
estar
republicana
evolucionista
,
póde
pode
alcança
.
Estrada
p’ra
Corcovado
vae
vai
felicita
muito
Rio
de
Janeiro
.
Raul .
Raul
Raul.
Dizem
que
o
seu
systema
sistema
é
diverso
do
da
em- preza
empresa
empreza
em-preza
actual
atual
?
Mr.
Mister
James .
James
James.
Oh
!
Yes
!
Raul .
Raul
Raul.
Como
pretende
subir
?
Mr.
Mister
James .
James
James.
E’
É
um
segredo
,
que
voucê
depois
ha
há
de
sabe
.
Se
mim
não
alcança
privilegia
estar
perdida
!
Raul .
Raul
Raul.
Porque
?
Mr.
Mister
James .
James
James.
Porque
já
tem
empata
muito
dinheira
,
e
agora
é
preciso
ganha
.
Raul .
Raul
Raul.
Só
eu
não
acho
também
em
que
ganhar
di- nheiro
dinheiro
di-nheiro
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Vouce
não
estar
rico
?
Raul .
Raul
Raul.
Assim
dizem
;
mas
só
eu
sei
as
linhas
com
que
me
caso
.
No
Rio
de
Janeiro
quando
um
sujeito
possue
possui
cincoenta
cinquenta
contos
,
dizem
todos
,
tem
trezentos
!
SCENA
Cena
XV
Os
mesmos
e
PHILIPPE
Philippe .
Philippe
Philippe.
Sumio-se
Sumiu-se
pela
rua
dos
Ourives
.
Não
pude
mais
vel-a
vê-la
ve-la
.
Não
ha
há
remedio
remédio
senão
levar
esta
caixa
ao
seu
destino
.
SCENA
Cena
XVI
PHILIPPE
Philippe
,
Mr .
Mister
Mr.
JAMES
James
,
Raul
,
ERNESTO
Ernesto
e
GOULARTE
Goularte
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
(
Correndo
)
.
Até
que
afinal
.
Philippe
e
Raul .
Raul
Raul.
O
que
é
?
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Foi
chamado
...
Goularte .
Goularte
Goularte.
O
conselheiro
Felicio
de
Brito
!
Raul .
Raul
Raul.
O
pai
da
Beatriz
de
Brito
?
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Isso
mesmo
.
Philippe .
Philippe
Philippe.
Magnifico
Magnífico
!
Magnifico
Magnífico
!
Magnifico
Magnífico
!
Mr.
Mister
James .
James
James.
Conselheira
de
Brito
,
que
estar
pai
de
Sra.
Beatriz
?
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Yes
.
Mr .
Mister
Mr.
James .
James
James.
(
Sorrindo
,
á
parte
)
.
How
!
Philippe .
Philippe
Philippe.
(
A’
Á
parte
)
.
O
pai
della
dela
!
Raul .
Raul
Raul.
Mas
esta
noticia
notícia
é
verdadeira
?
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Está
á
porta
de
todos
os
jornaes
jornais
.
Na
Gazetinha
,
na
Gazeta
de
Noticias
...
Goularte .
Goularte
Goularte.
Na
Gazeta
da
Tarde
,
no
Cruzeiro
...
no
Jornal
do
Commercio
...
Raul .
Raul
Raul.
Lá
estão
pregando
um
papel
no
Globo
.
(
Reu- nem-se
Reunem-se
Reu-nem-se
todos
junto
ao
Globo
,
menos
Raul
,
Philippe
e
Mr.
Mister
James
,
que
ficão
ficam
no
proscenio
proscênio
)
.
Raul .
Raul
Raul.
(
A‘
Á
parte
)
.
Beatriz
julga-me
rico
,
offereço-lhe
ofereço-lhe
a
mão
,
que
aliás
ella
ela
já
pedio
pediu
,
e
apanho
um
emprego
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
(
A’
Á
parte
)
.
Filha
de
presidenta
de
conselha
estar
apaixonada
por
mim
;
min
com
certeza
apanha
pri- vilegia
privilegia
pri-vilegia
.
Philippe .
Philippe
Philippe.
(
A’
Á
parte
)
.
Eu
amo-a
,
adoro-a
cada
vez
mais
.
Ah
!
que
se
eu
apanho
a
sorte
grande
!
Raul .
Raul
Raul.
Está
chovendo
.
(
Abre
o
chapéo
chapéu
de
chuva
)
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
E’
É
verdade
.
(
Abre
o
guarda-chuva
.
Todos
abrem
guardas-chuva
,
menos
Philippe
)
.
Philippe .
Philippe
Philippe.
(
A’
Á
parte
)
.
Lá
vem
ella
ela
!
Raul .
Raul
Raul.
(
A’
Á
parte
)
.
Ella
Ela
!
Mr.
Mister
James .
James
James.
(
Vendo
Beatriz
)
.
How
!
(
Ao
enlrar
em
scena
cena
Beatriz
,
acompanhada
de
Philomena
,
Raul
dá-lhe
o
braço
e
cobre-a
como
chapéo
chapéu
,
James
dá
o
braço
a
Philomena
e
cobre-a
)
.
Raul .
Raul
Raul.
Dou-lhe
os
meus
sinceros
parabens
parabéns
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Minhas
felicitaçãos
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Obrigada
.
Philippe .
Philippe
Philippe.
(
Tomando
os
embrulhos
de
Philomena
e
Beatriz
)
.
Fação
Façam
o
favor
,
minhas
senhoras
!
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Não
se
incommode
incomode
.
Philippe .
Philippe
Philippe.
(
A’
Á
parte
)
.
Que
mão
,
Santo
Deos
Deus
!
Estou
aqui
,
estou-lhe
em
casa
.
FIM
Fim
DO
do
PRIMEIRO
primeiro
ACTO
ato
ATO
Acto
Ato
II
Sala
elegantemente
mobiliada
.
Portas
ao
fundo
e
lateraes
laterais
SCENA
Cena
I
ERNESTO
Ernesto
e
PHILIPPE
Philippe
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
(
Entrando
,
a
Philippe
,
que
deve
estar
tomando
notas
em
uma
pequena
carteira
)
.
Philippe
?!
Por
aqui
?!
Philippe .
Philippe
Philippe.
E
então
?
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
E’s
És
também
pretendente
?
Philippe .
Philippe
Philippe.
Não
;
sou
repporter
repórter
.
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Repporter
Repórter
?
Philippe .
Philippe
Philippe.
E’
É
verdade
.
O
amor
ou
é
a
minha
perdição
ou
ha
há
de
ser
talvez
a
causa
da
minha
felicidade
.
Venho
aqui
todos
os
dias
,
extasio-me
diante
daquellas
daquelas
fórmas
formas
di- vinas
divinas
di-vinas
...
Olhe
,
quando
a
vi
pela
primeira
vez
foi
no
Cas- tellões
Castellões
Cas-tellões
,
ella
ela
...
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Comia
uma
empada
.
Philippe .
Philippe
Philippe.
Ah
!
Já
lhe
disse
?
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Milhares
de
vezes
;
já
sei
esta
historia
história
de
cór
cor
e
salteado
.
Mas
como
diabo
te
fizeste
repporter
repórter
?
Philippe .
Philippe
Philippe.
Desde
o
dia
em
que
tive
a
felicidade
de
en- contrar
encontrar
en-contrar
essa
mulher
na
estrada
sinuosa
,
espinhosa
,
lacri- mosa
lacrimosa
lacri-mosa
da
existencia
existência
,
tornei-me
completamente
outro
ho- mem
homem
ho-mem
.
A
atmosphera
atmosfera
do
armarinho
pesava-me
,
o
balcao
balcão
acachapava-me
,
o
metro
desmoralisa va-me
desmoralizava-me
desmoralisava-me
,
e
a
idéa
ideia
de
ter
um
patrão
encafifava-me
...
Eu
sentia
dentro
de
mim
um
não
sei
que
que
me
dizia
Philippe
Flecha
,
tu
nao
não
nasceste
para
vender
agulhas
,
alfazema
e
lamparinas
marca
de
páo
pão
,
ergue
a
cabeça
...
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
E
ergueste-a
.
Philippe .
Philippe
Philippe.
Não
,
abaixei-a
para
evitar
um
cascudo
que
o
patrão
pretendia
dar-me
em
um
bello
belo
dia
em
que
esta- va
estava
esta-va
a
olhar
para
a
rua
,
em
vez
de
servir
as
freguezas
freguesas
,
e
não
voltei
mais
á
loja
.
Achando-me
só
,
sem
emprego
,
disse
com
os
meus
botões
"
E’
É
preciso
que
eu
faça
alguma
cousa
.
Escrever
para
o
publico
público
,
ver
o
meu
nome
em
lettra
letra
redonda
,
o
senhor
sabe
,
foi
sempre
a
minha
cachaça
.
Fiz- me
Fiz-me
repporter
repórter
,
nas
horas
vagas
escrevo
versos
,
e
d’aqui
para
jornalista
é
um
pulo
.
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
E’s
És
mais
feliz
do
que
eu
.
Philippe .
Philippe
Philippe.
Porque
?
E rnesto
Ernesto
.
Porque
não
pretendes
sentar-te
a
uma
gran- de
grande
gran-de
mesa
que
ha
há
neste
paiz
país
,
chamada
do
orçamento
,
e
onde
,
com
bem
raras
excepções
exceções
,
todos
têm
o
seu
talher
.
Nesta
mesa
uns
banqueteão-se
banqueteam-se
,
outros
comem
,
outros
apenas
lambiscão
lambiscam
.
E
é
para
lambiscar
um
bocadinho
,
que
venho
procurar
o
ministro
.
Philippe .
Philippe
Philippe.
Elle
Ele
não
deve
tardar
.
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Fui
classificado
em
primeiro
lugar
no
ultimo
último
concurso
da
secretaria
.
Philippe .
Philippe
Philippe.
Então
está
com
certeza
nomeado
.
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Se
a
isso
não
se
oppuzer
opuser
um
senhor
de
ba- Raço
baraço
ba-Raço
e
cutello
,
chamado
empenho
,
que
tudo
ata
e
desata
nes- ta
nesta
nes-ta
terra
,
e
a
quem
até
os
mais
poderosos
curvão
curvam
a
cabeça
.
Philippe .
Philippe
Philippe.
Ahi
Ai
vem
o
ministro
.
SCENA
Cena
II
Os
mesmos
,
conselheiro
FELICIO
Felicio
DE
de
BRITO
Brito
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
(
Comprimentando
Cumprimentando
)
.
A’s
Ás
ordens
de
S .
Sua
S.
Ex .
Excelência
Ex.
Philippe .
Philippe
Philippe.
(
Comprimentando
Cumprimentando
)
.
Excellentissimo
Excelentíssimo
.
Brito .
Brito
Brito.
O
que
desejão
desejam
?
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Vinha
trazer
esta
carta
para
S .
Sua
S.
Ex .
Excelência
Ex.
e
im- plorar-lhe
implorar-lhe
im-plorar-lhe
a
sua
valiosa
protecção
proteção
.
Brito .
Brito
Brito.
(
Depois
de
ler
a
carta
)
Sim
,
senhor
.
Diga
ao
Sr.
Senhor
senador
que
hei
de
fazer
todo
o
possivel
possível
por
servil-o
servi-lo
.
Vá
descançado
.
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Eu
tenho
a
observar
a
S .
Sua
S.
Ex ...
Excelência
Excelência...
Ex...
Brito .
Brito
Brito.
Já
sei
,
já
sei
.
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Que
fui
classificado
em
primeiro
lugar
.
Brito .
Brito
Brito.
Já
sei
,
já
sei
.
Vá
.
(
Ernesto
comprimenta
cumprimenta
e
sae
sai
.
A
Philippe
que
deve
estar
a
fazer
muitos
comprimentos
cumprimentos
)
.
O
que
quer
?
Ah
!
É
o
senhor
?
Philippe .
Philippe
Philippe.
Humilissimo
Humilíssimo
servo
de
S .
Sua
S.
Ex .
Excelência
Ex.
.
Desejava
saber
se
já
ha
há
alguma
cousa
de
definitivo
.
Brito .
Brito
Brito.
Póde
Pode
dizer
na
sua
folha
que
hoje
mesmo
deve
ficar
preenchida
a
pasta
da
marinha
;
que
o
governo
tem
lutado
com
difficuldades
dificuldades
...
Não
,
não
diga
isto
.
Philippe .
Philippe
Philippe.
E
essas
difficuldades
dificuldades
devem
ter
sido
bem
grandes
;
porque
ha
há
quinze
dias
que
o
ministerio
ministério
está
or- ganisado
organizado
organisado
or-ganisado
,
e
ainda
não
se
pôde
achar
um
ministro
para
a
marinha
.
Brito .
Brito
Brito.
O
verdadeiro
é
não
dizer
nada
.
Venha
cá
logo
,
e
communicar-lhe-hei
comunicar-lhe-hei
então
tudo
o
que
houver
occorrido
ocorrido
.
Philippe .
Philippe
Philippe.
(
A’
Á
parte
)
.
Onde
estará
ella
ela
?
Brito .
Brito
Brito.
Vá
,
vá
,
venha
logo
.
Philippe .
Philippe
Philippe.
(
A’
Á
parte
)
.
Se
eu
pudesse
vel-a
vê-la
ve-la
.
(
Alto
)
.
Excel- lentissimo
Excelentíssimo
Excellentissimo
Excel-lentissimo
.
(
Comprimenta
Cumprimenta
e
sae
sai
)
.
SCENA
Cena
III
BRITO
,
PHILOMENA
e
BEATRIZ
Brito .
Brito
Brito.
(
Toca
a
campainha
;
apparece
aparece
um
criado
)
.
Não
deixe
ninguém
entrar
nesta
sala
.
(
O
criado
inclina-se
)
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
(
Que
entra
com
Beatriz
pela
esquerda
)
.
E
as
minhas
visitas
?
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
E
as
minhas
,
papai
?
Voyons
.
Ça
ne
se
fait
pas
.
Brito .
Brito
Brito.
Porém
,
minha
querida
Beatriz
,
espero
aqui
os
meus
collegas
colegas
,
temos
que
tratar
de
négocias
negócios
do
estado
,
que
são
Negocios
Negócios
muitos
sérios
...
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Ça
ne
fait
rien
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Ao
menos
dê
ordem
para
que
deixem
entrar
Mr.
Mister
James .
James
James.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
E
o
Sr.
Senhor
Raul
também
.
Brito
Valha-me
Deos
Deus
!
Vocês
alcanção
alcançam
de
mim
tudo
o
que
querem
.
(
Para
o
criado
)
.
Quando
o
Sr.
Senhor
James
e
o
Sr.
Senhor
Raul
chegarem
,
manda-os
entrar
.
(
O
criado
compri- menta
cumprimenta
comprimenta
compri-menta
e
sae
sai
)
.
Estão
satisfeitas
?
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
I
love
you
,
meu
querido
papai
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
(
Reparando
a
sala
)
.
E
então
?
A
sala
já
não
parece
a
mesma
!
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
E
as
cortinas
estão
assorti
com
a
mobília
.
Mas
este
tapete
é
um
escarro
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
E’
É
verdade
.
Felicio
,
precisamos
comprar
um
tapete
.
Vi
hontem
ontem
um
muito
bonito
no
Costrejean
.
Brito .
Brito
Brito.
Não
compro
mais
cousa
alguma
,
minha
se- nhora
senhora
se-nhora
.
A
senhora
pensa
porventura
que
eu
aceitei
esta
prebenda
para
ainda
em
cima
arruinar-me
?
Philomena .
Philomena
Philomena.
Quando
se
está
em
certa
posição
,
não
se
deve
fazer
figura
ridicula
ridícula
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Noblesse
oblige
,
papai
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Não
sei
o
que
quer
dizer
ser
ministro
e
andar
de
bond
bonde
como
os
outros
,
ter
uma
casa
modestamente
mobiliada
,
como
os
outros
,
não
receber
,
não
dar
bailes
,
não
dar
jantares
,
como
os
outros
,
vestir-se
como
os
outros
...
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
E’
É
verdade
.
C'est
ridicule
.
Brito .
Brito
Brito.
Mas
,
minhas
filhas
,
não
ha
há
ninguem
ninguém
por
ahi
ai
que
não
saiba
que
tenho
poucos
recursos
,
que
vivo
apenas
dos
meus
ordenados
.
A
vida
de
um
homem
de
estado
é
de- vassada
devassada
de-vassada
e
esmerilhada
por
todos
,
desde
os
mais
infimos
ínfimos
até
os
mais
elevados
representantes
da
escala
social
.
O
que
dirão
se
me
virem
amanhã
ostentando
um
luxo
incompa- tível
incompatível
incompa-tível
com
os
meus
haveres
?
Philomena .
Philomena
Philomena.
Se
a
gente
fôr
for
dar
satisfações
a
tudo
o
que
dizem
...
Brito .
Brito
Brito.
E
olha
que
aqui
não
se
coxilla
cochila
para
dizer
que
um
ministro
é
ladrão
.
O
que
mais
querem
vocês
de
mim
?
Já
obrigarão-me
obrigaram-me
a
alugar
esta
casa
em
Botafogo
...
Philomena .
Philomena
Philomena.
Deviamos
Devíamos
ficar
morando
em
Catumby
?
Brito .
Brito
Brito.
E
o
que
tem
Catumby
?
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Ora
papai
.
Brito .
Brito
Brito.
Sim
,
o
que
tem
?
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Não
é
um
bairro
como
il
faut
.
Brito .
Brito
Brito.
Obrigarão-me
Obrigaram-me
a
assignar
assinar
o
theatro
teatro
lyrico
lírico
e
...
comarote
.
Philomena
Está
visto
.
Havia
de
ser
interessante
ver
a
familia
família
do
presidente
do
conselho
sentada
nas
cadeiras
...
Beatriz
Como
qualquer
Sinhá
Ritinha
da
Prainha
ou
da
Gambôa
...
Dieu
m’en
garde
!
Eu
preferiria
lá
não
ir
.
Brito .
Brito
Brito.
Obrigarão-me
Obrigaram-me
mais
a
ter
criados
estrangeiros
de
casaca
e
gravata
branca
,
quando
eu
podia
perfeita- mente
perfeitamente
perfeita-mente
arranjar
a
festa
com
o
Paulo
,
o
Zebedeu
e
a
Maria
Angélica
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Pois
não
,
são
frescos
,
sobretudo
o
Zebedeu
.
No
outro
dia
,
á
mesa
de
jantar
,
mamãi
mamãe
disse-lhe
:
"
Vá
buscar
lá
dentro
uma
garrafa
de
vinho
do
Porto
,
mas
tome
cuidado
,
não
a
sacuda
.
Quando
chegou
com
a
gar- rafa
garrafa
gar-rafa
,
mamãi
mamãe
perguntou-lhe
"
Sacudio
Sacudiu
?
"
Não
senhora
,
diz
elle
ele
,
mas
vou
sacudir
agora
.
E
começa
,
zás
,
zás
,
zás
.
(
Faz
menção
de
quem
sacode
)
.
Quelle
imbecile
!
Aquillo
Aquilo
é
que
os
allemães
alemães
chamão
chamam
"
ein
Schafskopf
!
Brito .
Brito
Brito.
Até
a
minha
roupa
voces
vocês
querem
reformar
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Com
franqueza
,
Felicio
,
a
tua
sobrecasaca
já
estava
muito
sebosa
!
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Papai
quer
fazer
a
mesma
figura
que
faz
o
ministro
do
imperio
império
?
Brito .
Brito
Brito.
E’
É
um
homem
muito
intelligente
inteligente
.
Tem
um
grande
tino
administrativo
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Tem
,
sim
,
senhor
;
mas
era
melhor
que
elle
ele
tivesse
um
paletot
na
razão
directa
direta
da
intelligencia
inteligência
.
E
depois
,
como
come
.
Santo
Deos
Deus
!
Segura
na
faca
,
assim
,
olhe
(
mostra
)
e
mette-a
mete-a
na
bocca
boca
até
ao
cabo
,
toda
atu- lhada
atulhada
atu-lhada
de
comida
.
Choking
!
Brito .
Brito
Brito.
Em
compensação
o
ministro
de
estrangeiros
...
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
E’
É
o
melhorzinho
delles
deles
.
Mas
não
sabe
linguas
línguas
.
Brito .
Brito
Brito.
Estás
enganada
,
falla
fala
muito
bem
francez
francês
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Muito
bem
,
muito
bem
,
lá
para
que
digamos
não
senhor
.
Diz
monsiù
,
négligè
,
bordó
,
e
outras
que
taes
tais
.
Brito .
Brito
Brito.
Emfim
Enfim
ha
há
quinze
dias
apenas
que
subi
ao
po- der
poder
po-der
e
já
estou
cheio
de
dividas
dívidas
!
Philomena .
Philomena
Philomena.
Não
é
tanto
assim
.
Brito .
Brito
Brito.
Só
ao
compadre
Bastos
deve
dez
contos
de
réis
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
E
se
não
fôsse
fosse
elle
ele
,
estariamos
estaríamos
represent- tando
representando
representtando
represent-tando
um
papel
bem
triste
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Não
poderiamos
poderíamos
receber
ás
quintas-feiras
o
high
life
do
Rio
de
Janeiro
.
Brito .
Brito
Brito.
Sim
,
esse
high
life
que
aqui
vem
dansar
dançar
o
co- tillon
cotillon
co-tillon
,
ouvir
boa
musica
música
,
saborear-me
os
vinhos
;
e
que
aban- donar-me-ha
abandonar-me-ha
aban-donar-me-ha
abandonar-me-há
com
a
mesma
facilidade
com
que
hoje
me
adula
no
dia
em
que
eu
não
puder
mais
dispor
dos
empre- gos
empregos
empre-gos
públicos
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Papai
não
tem
razão
.
Brito
Pois
bem
,
minha
filha
,
quer
tenha
ou
não
ra- zão
razão
ra-zão
,
só
te
peço
uma
cousa
,
e
faço
igual
pedido
á
tua
mãi
mãe
.
Não
exijão
exijam
de
mim
impossiveis
impossíveis
.
Vocês
sabem
que
nada
lhes
posso
negar
.
(
Tirando
o
relogio
relógio
e
vendo
as
horas
)
.
Os
meus
companheiros
não
tardão
tardam
.
Vou
ao
meu
gabinete
,
já
volto
.
SCENA
Cena
IV
PHILOMENA
Philomena
,
BEATRIZ
Beatriz
e
Mr .
Mister
Mr.
JAMES
James
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
(
Sentando-se
e
lendo
um
livro
,
que
deve
trazer
na
mão
)
.
E’
É
muito
bem
escripto
escrito
este
romance
de
Manzoni
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Um
tapete
novo
aqui
deve
fazer
um
vis- tão
vistão
vis-tão
.
Não
achas
?
Mr.
Mister
James .
James
James.
(
Com
um
rolo
debaixo
do
braço
)
.
Mim
pó- de
pode
póde
pó-de
entra
?
Philomena .
Philomena
Philomena.
Oh
!
Mr.
Mister
James
!
Mr.
Mister
James .
James
James.
Como
está
,
senhorra
.
(
Para
Beatriz
)
.
Vos- mecê
Vosmecê
Vos-mecê
vae
vai
bem
?
Philomena .
Philomena
Philomena.
Pensei
que
não
viesse
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Oh
!
Mim
dá
palavra
que
vem
;
mim
não
falta
sua
palavra
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Assim
deve
ser
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Touxe
os
seus
papeis
?
Mr.
Mister
James .
James
James.
Oh
!
Yes
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
O
seu
projecto
é
a
great
attraction
do
dia
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Projecto
estar
muita
grandiose
.
(
Desen- rola
Desenrola
Desen-rola
o
papel
e
mostra
)
.
Caros
sae
sai
d’aqui
de
Cosme
Ve- lha
Velha
Ve-lha
e
sóbe
Corcovada
em
vinte
minutas
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
E
estes
cachorros
que
estão
aqui
pintados
?
Mr.
Mister
James .
James
James.
Senhorras
não
entende
deste
cousa
:
mim
falla
fala
com
pai
de
vosmecê
,
explica
o
que
é
todos
esses
ca-
chorras
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Tudo
quanto
temos
de
bom
devemos
aos
Srs.
Senhores
estrangeiros
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
C’est
vrai
.
Os
brazileiros
brasileiros
,
com
raras
excepções
exceções
,
não
se
occupão
ocupam
destas
cousas
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Brazileira
estar
muito
intelligenta
;
mas
estar
tambem
também
muito
preguiça
.
Passa
vida
no
rua
do
Ou-
vidor
a
falla
fala
de
politica
política
,
pensa
só
de
politica
política
de
manhã
até
á
noite
.
Brazileira
quer
estar
deputada
,
juiz
de
paz
,
vereador…
Vereador
ganha
dinheira
?
Philomena .
Philomena
Philomena.
Não
,
senhor
;
é
um
cargo
gratuito
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Então
mim
não
sabe
como
tudo
quer
ser
vereador
.
Senhorra
já
falla
fala
com
sua
marida
a
respeita
de
minha
projecta
?
Philomena .
Philomena
Philomena.
Não
,
senhor
,
mas
hei
de
fallar-lhe
falar-lhe
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Sua
marida
estar
engenheira
ou
agri-
cultor
?
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Papai
é
doutor
em
direito
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
E
ministra
de
imperio
império
?
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Tambem
Também
doutor
em
direito
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Ministra
d’estrangeiras
?
Philomena .
Philomena
Philomena.
Doutor
em
direito
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
How
!
Toda
ministeria
estar
doutor
em
direita
?
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Sim
,
senhor
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Na
escola
de
doutor
em
direita
estuda
marinha
,
aprende
planta
batatas
e
café
,
e
sabe
todas
esses
cousas
de
guerra
?
Philomena .
Philomena
Philomena.
Não
,
senhor
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Estudão-se
Estudam-se
leis
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
No
Brazil
estar
tudo
doutor
em
direita
.
Paiz
no
indireita
assim
.
Mim
não
sabe
se
estar
incommo-
dando
senhora
.
(
Sentão-se
)
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Oh
!
O
senhor
nunca
nos
incommoda
incomoda
,
dá-nos
sempre
muito
prazer
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Pois
mim
tem
tambem
também
muito
prazer
em
conversa
com
vosmecê
(
para
Beatriz
)
;
pois
eu
gosta
muito
de
brazileiras
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Mas
as
inglezas
inglesas
são
very
beautiful
.
Eu
vi
em
Londres
,
no
Hyde-Park
,
verdadeiras
formosuras
.
Mr .
Mister
Mr.
James .
James
James.
Oh
!
Yes
.
Inglezas
estar
muito
bonitas
,
mas
brazileira
tem
mais
...
tem
mais
...
Como
chama
este
palavra
...
Eu
tem
no
ponta
da
lingua
...
Brazileira
tem
mais
pasquin
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Pasquin
?
Mr.
Mister
James .
James
James.
No
,
no
,
como
chama
este
graça
de
bra-
zileira
?
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Ah
!
Quindins
.
Mr .
Mister
Mr.
James .
James
James.
Oh
!
yes
,
very
well
.
Quindins
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Muito
bem
,
Mr.
Mister
James
.
Falta
agora
que
o
senhor
confirme
o
que
acaba
de
dizer
casando-se
com
uma
brazileira
brasileira
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Mim
no
pode
casa
,
por
ora
,
porque
só
tem
cincoenta
cinquenta
mil
libras
sterlinas
;
mas
se
mim
arranja
este
privilegia
,
dá
palavra
que
fica
em
Brazil
e
casa
com
brazileira
brasileira
.
Philomena
Pelo
que
vejo
já
está
enfeitiçado
pelos
quindins
de
alguma
?
Mr.
Mister
James .
James
James.
Não
duvida
,
senhora
,
e
crê
que
feitiça
não
estar
muito
longe
d’aqui
.
(
Olha
significatiuvamente
para
Beatriz
)
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
(
Á
parte
)
.
Isto
já
eu
sabia
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
(
A '
Á
A'
parte
)
.
E’
É
a
sorte
grande
!
SCENA
Cena
V
Os
mesmos
e
BRITO
Brito
Brito .
Brito
Brito.
(
Vendo
o
relogio
relógio
)
.
Ainda
nada
.
Oh
!
Mr.
Mister
James .
James
James.
Como
está
?
Mr.
Mister
James .
James
James.
Criada
de
S .
Sua
S.
Ex .
Excelência
Ex.
(
Conversa
com
Beatriz
)
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
(
Levando
Brito
para
um
lado
)
.
Este
inglez
inglês
possue
possui
uma
fortuna
de
mais
de
quinhentos
contos
,
parece
gostar
de
Beatriz
...
Se
nós
soubermos
leval-o
levá-lo
leva-lo
,
poderemos
fazer
a
felicidade
da
menina
.
Brito .
Brito
Brito.
E
o
que
queres
que
faça
?
Philomena .
Philomena
Philomena.
Que
lhe
concedas
o
privilegio
privilégio
que
el
ele
le
lhe
pede
.
Brito .
Brito
Brito.
Mas
,
senhora
,
estas
questões
não
dependem
só
de
mim
.
Eu
não
quero
comprometter-me
comprometer-me
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Então
para
que
te
serve
ser
presidente
do
conselho
?
Brito .
Brito
Brito.
Mas
eu
não
posso
nem
devo
dispôr
dispor
das
cousas
do
estado
para
arranjos
de
familia
família
.
A
senhora
já
me
indi- vidou
individou
indi-vidou
e
quer
agora
desacreditar-me
!
Philomena .
Philomena
Philomena.
Pois
isto
ha
há
de
se
fazer
.
Mr.
Mister
James
,
meu
ma- rido
marido
ma-rido
quer
conversar
com
o
senhor
a
respeito
do
seu
negocio
negócio
.
Brito .
Brito
Brito.
Estarei
ás
suas
ordens
,
Sr.
Senhor
James
;
porém
um
pouco
mais
tarde
.
Espero
os
meus
collegas
colegas
...
Mr.
Mister
James .
James
James.
A
que
horas
mim
póde
pode
procura
S .
Sua
S.
Ex .
Excelência
Ex.
?
Brito .
Brito
Brito.
A’s
Ás
duas
horas
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Até
logo
.
(
Comprimenta
Cumprimenta
e
sae
sai
)
.
SCENA
Cena
VI
Os
mesmos
,
menos
Mr.
Mister
James .
James
James.
Brito .
Brito
Brito.
A
senhora
ainda
ha
há
de
comprometter-me
comprometer-me
.
(
Sae
Sai
)
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Dizem
todos
que
éum
é
é um
um
projecto
projecto
grandioso
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Vou
acabar
a
leitura
deste
romance
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Eu
vou
dar
as
ordens
para
a
partida
desta
noite
.
SCENA
Cena
VII
D .
Dona
D.
BARBARA
Barbara
,
CRIADO
Criado
e
o
desembargador
FRANCISCO
Francisco
COELHO
Coelho
Criado .
Criado
Criado.
S .
Sua
S.
Ex .
Excelência
Ex.
não
está
em
casa
.
Coelho .
Coelho
Coelho.
Quero
fallar
falar
com
as
senhoras
.
Aqui
tem
o
meu
cartão
.
(
Criado
comprimenta
cumprimenta
e
sae
sai
)
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
Está
em
casa
com
toda
a
certeza
;
mas
negou-se
.
Coelho .
Coelho
Coelho.
Isto
sei
eu
;
e
por
isso
é
que
entrei
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
Eu
não
devia
vir
.
Estas
sirigaitas
aborre- cem-me
aborrecem-me
aborre-cem-me
extraordinariamente
.
Coelho .
Coelho
Coelho.
Mas
,
minha
filha
,
tu
pensas
que
em
politica
política
a
gente
sóbe
sobe
unicamente
por
seus
bellos
belos
olhos
?
Não
sou
rico
,
já
estou
velho
,
não
tenho
pai
alcaide
,
se
deixar
fugir
as
occasiões
ocasiões
,
quando
serei
ministro
?
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
E
para
que
você
quer
ser
ministro
,
seu
Chico
?
Coelho .
Coelho
Coelho.
Ora
,
tens
ás
vezes
certas
perguntas
?
Para
que
?
Para
governar
,
para
fazer
o
que
os
outros
fazem
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
Você
não
tem
sabido
governar
a
fazenda
,
e
quer
governar
o
estado
!
Coelho .
Coelho
Coelho.
A
senhora
não
entende
destas
cousas
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
Ora
,
diga
cá
!
Supponha
Suponha
que
você
é
no- meado
nomeado
no-meado
ministro
.
Coelho .
Coelho
Coelho.
Sim
,
senhora
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
Perde
a
cadeira
na
camara
câmara
.
Tem
de
sujei- tar-se
sujeitar-se
sujei-tar-se
a
uma
nova
eleição
...
Coelho .
Coelho
Coelho.
E
o
que
tem
isto
?
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
O
que
tem
?!
E’
É
que
se
você
cahir
cair
nesta
asneira
,
seu
Chico
,
toma
uma
derrota
,
tão
certo
como
eu
chamar-me
Barbara
Bemvinda
da
Purificação
Coelho
.
Coelho .
Coelho
Coelho.
Eu
,
ministro
,
derrotado
?
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
E
porque
não
?
Você
é
melhor
do
que
os
outros
?
SCENA
Cena
VIII
Os
mesmos
RAUL
Raul
,
BEATRIZ
Beatriz
e
PHILOMENA
Philomena
Raul .
Raul
Raul.
Sr.
Senhor
desembargador
.
Coelho .
Coelho
Coelho.
Sr.
Senhor
doutor
.
Raul .
Raul
Raul.
Minha
senhora
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Fiz-lhe
esperar
muito
?
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
(
Para
Raul
)
Não
sabia
que
estava
tambem
também
aqui
.
Coelho .
Coelho
Coelho.
O
conselheiro
não
está
em
casa
?
Philomena .
Philomena
Philomena.
Está
no
seu
gabinete
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
(
Baixo
)
O
que
te
dizia
eu
?
Philomena .
Philomena
Philomena.
Quer
fallar-lhe
falar-lhe
?
Coelho .
Coelho
Coelho.
Se
fôsse
fosse
possível
...
Philomena .
Philomena
Philomena.
Entre
.
Coelho .
Coelho
Coelho.
Com
licença
.
(
Sae
Sai
)
.
SCENA
Cena
IX
RAUL
Raul
,
BEATRIZ
Beatriz
,
D .
Dona
D.
BARBARA
Barbara
e
PHILOMENA
Philomena
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
Como
vão
os
seus
pequenos
?
Philomena .
Philomena
Philomena.
O
Chiquinho
vae
vai
bem
;
a
Rosinha
é
que
tem
passado
mal
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
(
A
Raul
)
Porque
não
tem
apparecido
aparecido
?
Raul .
Raul
Raul.
Sabe
que
o
meu
desejo
era
viver
sempre
a
seu
lado
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Está
nas
suas
mãos
.
Raul .
Raul
Raul.
Se
fôsse
fosse
possível
...
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
Quem
sabe
se
ella
ela
não
soffre
sofre
de
vermes
?
P hilomena
Philomena
O
proprio
próprio
medico
médico
não
sabe
o
que
é
.
Sente
umas
cousas
que
sóbem
sobem
e
descem
;
ás
vezes
fica
meia
apa- tetada
apatetada
apa-tetada
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
Querem
ver
que
é
máo
mau
olhado
!
Philomena .
Philomena
Philomena.
Ora
,
a
senhora
acredita
nessas
cousas
?
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
E’
É
porque
a
senhora
ainda
não
vio
viu
o
que
eu
presenciei
com
estes
que
a
terra
ha
há
de
comer
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Ah
!
Ah
!
Ah
!
O
senhor
crê
em
máo
mau
olha- do
olhado
olha-do
,
Sr.
Senhor
Raul
?
Raul .
Raul
Raul.
Não
,
minha
senhora
;
apenas
no
bom
olhado
de
uns
olhos
feiticeiros
.
(
Olha
para
Beatriz
significativa- mente
significativamente
significativa-mente
)
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
Pois
eu
vi
lá
em
Minas
uma
creatura
criatura
,
que
estava
bem
atacada
.
E
em
dez
minutos
ficou
boa
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Com
a
homoeopathia
homoeopatia
?
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
Com
uma
oração
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Ah
!
E
como
é
esta
oração
?
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
A
mulher
chamava-se
Francisca
.
Molhá- rão
Molharam
Molhárão
Molhá-rão
um
ramo
de
arruda
em
agua
água
benta
e
rezarão-lhe
rezaram-lhe
o
se- guinte
seguinte
se-guinte
:
"
Francisca
se
tens
máo
mau
olhado
,
ou
olhos
atravessa- dos
atravessados
atravessa-dos
,
eu
te
benzo
em
nome
do
Padre
,
do
Filho
e
do
Espirito
Espírito
Santo
.
Deos
Deus
te
olhe
e
Deos
Deus
te
desolhe
,
e
Deos
Deus
te
tire
esse
máo
mau
olhado
,
que
entre
a
carne
e
os
ossos
tens
criado
;
que
saia
do
tutano
e
vá
para
os
ossos
,
que
saia
dos
ossos
e
vá
para
a
carne
,
que
saia
da
carne
e
vá
para
a
pelle
pele
,
e
que
d’ahi
daí
dahi
saia
,
e
vá
para
o
rio
Jordão
,
onde
não
faça
mal
a
nenhum
christão
cristão
.
"
E’
É
infallivel
infalível
.
Experimente
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
(
Baixo
a
Raul
)
.
Quelle
bêlise
.
Raul .
Raul
Raul.
Não
acredita
na
influencia
influência
dos
olhos
?
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Sim
;
mas
não
creio
na
efficacia
eficácia
daquellas
daquelas
orações
.
Raul .
Raul
Raul.
E
sabe
ler
nelles
neles
?
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Quelque
chose
.
Raul .
Raul
Raul.
O
que
lhe
dizem
os
meus
?
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Que
o
senhor
é
um
grande
bandoleiro
.
Raul .
Raul
Raul.
Não
,
não
é
isto
o
que
elles
eles
dizem
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
O
que
dizem
então
?
Voyons
.
Raul .
Raul
Raul.
Que
aqui
dentro
ha
há
um
coração
que
pulsa
pela
senhora
e
só
para
a
senhora
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Non
lo
credo
.
Raul .
Raul
Raul.
D .
Dona
D.
Beatriz
,
se
estivesse
em
condicões
condições
de
fazel-a
fazê-la
faze-la
feliz
,
Hoje
mesmo
dirigia-me
a
seu
pai
,
e
pedia-lhe
o
que
mais
ambiciono
neste
mundo
-
a
sua
mão
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
E
o
que
lhe
falta
para
tornar-me
feliz
?
Raul .
Raul
Raul.
Uma
posição
social
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
O
senhor
não
é
bacharel
em
direito
?
Raul .
Raul
Raul.
E’
É
verdade
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Alors…
Raul .
Raul
Raul.
Porém
,
se
o
ser
bacharel
em
direito
fôsse
fosse
um
emprego
,
haveria
muito
pouca
gente
desempregada
no
Brazil
Brasil
.
Seu
pai
está
hoje
no
governo
,
poderia
lançar
as
suas
vistas
sobre
mim
...
Como
seriamos
seríamos
felizes
um
ao
lado
do
outro
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Eu
vou
fallar
falar
com
mamãi
mamãe
.
Communicar-lhe- hei
Comunicar-lhe-hei
Communicar-lhe-hei
as
suas
intenções
a
meu
respeito
,
e
dar-lhe-hei
a
res- posta
resposta
res-posta
.
Raul .
Raul
Raul.
Advogue
bem
a
minha
causa
,
ou
antes
a
nossa
causa
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Sim
.
(
A’
Á
parte
)
.
E
eu
que
o
julgava
desinte- ressado
desinteressado
desinte-ressado
.
Oh
!
Les
hommes
!
Les
hommes
!
Philomena .
Philomena
Philomena.
Porque
não
veio
á
nossa
ultima
última
partida
,
Sr.
Senhor
Raul
?
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
(
Para
Raul
)
.
Dansamos
Dançamos
um
cotillon
que
durou
quasi
quase
duas
horas
.
Raul .
Raul
Raul.
Quem
marcava
?
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
O
ministro
da
Belgica
Bélgica
.
Oh
!
Que
j’aime
le
co
tillon
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
O
que
vem
a
ser
isto
de
cotião
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Uma
dansa
dança
arrebatadora
.
SCENA
Cena
X
Os
mesmos
e
COELHO
Coelho
Coelho .
Coelho
Coelho.
(
Zangado
)
.
Vamos
embora
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Já
?!
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
(
Baixo
a
Coelho
)
.
Então
;
o
que
arran- jaste
arranjaste
arran-jaste
?
Coelho .
Coelho
Coelho.
O
que
arranjei
?!
Nada
;
mas
elle
ele
arranjou
uma
opposição
oposição
de
arrancar
couro
e
cabello
cabelo
.
Hei
de
mostrar-lhe
o
que
valho
.
Estão
aqui
,
estão
na
rua
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
(
Baixo
)
.
Bem
feito
.
Coelho .
Coelho
Coelho.
(
Baixo
)
.
Vamos
embora
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
(
Para
Coelho
e
Barbara
,
que
se
despedem
)
Espero
que
appareção
apareçam
mais
vezes
.
Coelho .
Coelho
Coelho.
Obrigado
,
minha
senhora
.
(
Saem
)
.
Raul .
Raul
Raul.
Ha
Há
de
permittir-me
permitir-me
tambem
também
...
Philomena .
Philomena
Philomena.
Então
até
á
noite
.
Raul .
Raul
Raul.
Até
á
noite
.
(
Sae
Sai
)
.
SCENA
Cena
XI
PHILOMENA
Philomena
e
BEATRIZ
Beatriz
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
O
Sr.
Senhor
Raul
acaba
agora
mesmo
de
pedir-me
a
mão
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Agora
mesmo
?
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Mas
sob
uma
condição
.
P hilomena
Philomena
Qual
é
?
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
De
arranjar-lhe
com
papai
um
emprego
.
Veja
só
a
senhora
o
que
são
os
homens
de
hoje
!
Philomena .
Philomena
Philomena.
E
que
lhe
respondeste
?
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Que
havia
de
fallar
falar
com
Vmc .
Vossa
Vossa Mercê
Vmc.
Mercê
e
que
dar- lhe-hia
dar-lhe-hia
depois
a
resposta
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Muito
bem
.
Não
lhe
digas
nada
,
por
ora
,
emquanto
enquanto
não
se
decidir
o
negocio
negócio
do
inglez
inglês
.
Tenho
mais
fé
em
Mr.
Mister
James
.
Aquillo
Aquilo
é
que
se
póde
pode
chamar
um
bom
partido
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
E
elle
ele
quererá
casar
commigo
comigo
?
Philomena .
Philomena
Philomena.
Ora
,
não
quer
elle
ele
outra
cousa
.
SCENA
Cena
XII
CRIADO
Criado
,
MINISTRO
Ministro
DA
da
GUERRA
Guerra
,
MINISTRO
Ministro
DA
da
JUSTIÇA
Justiça
,
MINISTRO
Ministro
DO
do
IMPERIO
Império
IMPÉRIO
,
MINISTRO
Ministro
DE
de
ESTRANGEIROS
Estrangeiros
,
PHILOMENA
Philomena
e
BEATRIZ
Beatriz
Criado .
Criado
Criado.
(
Na
porta
)
.
S .
Sua
S.
Ex .
Excelência
Ex.
o
Sr.
Senhor
ministro
da
guerra
.
Ministro
da
guerra .
guerra
guerra.
Minhas
senhoras
.
(
Comprimenta
Cumprimenta
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Philomena .
Philomena
Philomena.
(
Para
o
criado
)
.
Vá
chamar
seu
amo
.
(
O
criado
sae
sai
pela
porta
da
esquerda
)
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Como
está
sua
senhora
?
Ministro
da
guerra .
guerra
guerra.
Bem
,
obrigado
,
minha
senhora
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
(
Despedindo-se
)
.
Com
licença
.
(
Sae
Sai
com
Beatriz
)
.
SCENA
Cena
XIII
Os
mesmos
e
BRITO
Brito
,
menos
PHILOMENA
Philomena
e
BEATRIZ
Beatriz
Brito .
Brito
Brito.
Meu
caro
conselheiro
.
Os
outros
collegas
colegas
ainda
não
vierão
vieram
?
Ministro
da
guerra .
guerra
guerra.
Ahi
Ai
está
o
ministro
da
justiça
.
Ministro
da
justiça .
justiça
justiça.
Conselheiro
...
Ministro
da
guerra .
guerra
guerra.
E
do
imperio
império
.
(
Entra
o
ministro
do
império
)
.
Ministro
da
justiça .
justiça
justiça.
O
nosso
collega
colega
de
estrangeiros
ahi
ai
vem
.
Brito .
Brito
Brito.
Eil-o
Ei-lo
.
(
Entra
o
ministro
de
estrangeiros
)
.
Meus
senhores
precisamos
conjurar
sériamente
seriamente
as
difficuldades
dificuldades
que
nos
cercão
cercam
.
Ministro
da
guerra .
guerra
guerra.
Apoiado
.
Brito .
Brito
Brito.
Ha
Há
quinze
dias
apenas
que
subimos
ao
poder
,
e
já
se
notão
notam
muitos
claros
nas
fileiras
da
maioria
.
MINISTRO
Ministro
DA
da
JUSTIÇA
Justiça
.
A
opposição
oposição
se
engrossa
a
olhos
vistos
.
Brito .
Brito
Brito.
Agora
mesmo
acaba
de
sahir
sair
d’aqui
daqui
o
desem- bargador
desembargador
desem-bargador
Coelho
.
E’
É
mais
um
descontente
que
passa
para
o
outro
lado
.
Ministro
da
justiça .
justiça
justiça.
O
Coelho
?
Ainda
hontem
ontem
,
póde- se
pode-se
póde-se
dizer
,
aspirava
a
ser
o
leader
líder
da
maioria
.
Brito .
Brito
Brito.
E’
É
verdade
!
Porém
suspira
por
uma
pasta
,
e
nas
circumstancias
circunstâncias
actuaes
atuais
não
é
possivel
possível
.
SCENA
Cena
XIV
O
CRIADO
Criado
,
BRITO
Brito
,
MINISTRO
Ministro
DA
da
GUERRA
Guerra
,
MINIS- TRO
Ministro
MINISTRO
MINIS-TRO
DA
da
JUSTIÇA
Justiça
,
MINISTRO
Ministro
DO
do
IMPERIO
Império
,
MINIS- TRO
Ministro
MINISTRO
MINIS-TRO
DE
de
ESTRANGEIROS
Estrangeiros
,
CONSELHEIRO
Conselheiro
FELIZAR- DO
Felizardo
FELIZARDO
FELIZAR-DO
e
DR.
Doutor
DOUTOR
MONTEIRINHO
Monteirinho
Criado .
Criado
Criado.
(
A’
Á
parte
)
.
O
Sr.
Senhor
conselheiro
Felizardo
.
Brito .
Brito
Brito.
Oh
!
Sr.
Senhor
conselheiro
.
(
Comprimentão-se
Cumprimentam-se
todos
)
.
Esperava
anciosamente
por
V .
Vossa
V.
Ex .
Excelência
Ex.
Felizardo
.
Estou
ás
ordens
de
V .
Vossa
V.
Ex .
Excelência
Ex.
Brito .
Brito
Brito.
O
seu
nome
,
o
prestigio
prestígio
de
que
goza
,
a
sua
de- dicação
dedicação
de-dicação
ás
idéas
ideias
dominantes
,
são
titulos
títulos
que
muito
o
ha- bilitão
habilitam
habilitão
ha-bilitão
.
Felizardo .
Felizardo
Felizardo.
Bondade
de
meus
co-religionarios
co-religionários
.
Ministro
do
império .
império
império.
Pura
justiça
.
Brito .
Brito
Brito.
Precisamos
do
apoio
de
V .
Vossa
V.
Ex
Excelência
,
como
do
ar
que
respiramos
.
A
pasta
da
marinha
ainda
está
vaga
...
Felizardo .
Felizardo
Felizardo.
Já
estou
velho
...
Brito .
Brito
Brito.
Não
nos
animamos
a
offerecel-a
oferecê-la
offerece-la
.
Longe
de
nós
semelhante
pensamento
!
O
lugar
de
V .
Vossa
V.
Ex .
Excelência
Ex.
é
na
presiden- cia
presidência
presidencia
presiden-cia
do
conselho
.
Felizardo .
Felizardo
Felizardo.
Se
VV
Vossa
EEx
Excelência
permittem
permitem
,
dou
um
homem
por
mim
.
Ministro
do
império .
império
império.
Basta
ser
de
sua
confiança
...
Brito .
Brito
Brito.
Para
ser
recebido
de
braços
abertos
.
Felizardo .
Felizardo
Felizardo.
(
Apresentando
o
Dr.
Doutor
Monteirinho
)
.
Aqui
está
o
homem
,
o
Dr.
Doutor
Monteiro
,
meu
sobrinho
,
filho
de
minha
irmã
Maria
José
;
e
que
acaba
de
chegar
da
Europa
,
razão
pela
qual
ainda
não
tomou
assento
na
camara
câmara
.
Brito .
Brito
Brito.
(
Admirado
)
.
Sr.
Senhor
doutor
,
folgo
muito
de
conhe- cel-o
conhecê-lo
conhece-lo
conhe-cel-o
.
(
Baixo
a
Felizardo
)
.
Acho-o
,
porém
,
tão
mocinho
.
Felizardo .
Felizardo
Felizardo.
Formou-se
o
anno
ano
passado
em
São
Paulo
.
(
Baixo
)
.
Que
intelligencia
inteligência
,
meu
amigo
!
Dr.
Doutor
Monteirinho .
Monteirinho
Monteirinho.
Sahi
Saí
apenas
dos
bancos
da
acade- mia
academia
acade-mia
,
é
verdade
,
meus
senhores
;
mas
tenho
procurado
es- tudar
estudar
es-tudar
com
afinco
todas
as
grandes
questões
sociaes
sociais
,
que
se
agitão
agitam
actualmeute
atualmente
.
A
minha
penna
pena
já
é
conhecida
no
jornalismo
diario
diário
e
nas
revistas
scientificas
científicas
.
Na
polemica
polêmica
,
nas
questões
litterarias
literárias
,
nos
debates
politicos
políticos
nas
diver- sas
diversas
diver-sas
manifestações
,
emfim
enfim
,
da
actividade
atividade
intellectual
intelectual
,
tenho
feito
o
possivel
possível
por
crear
criar
um
nome
.
Felizardo .
Felizardo
Felizardo.
(
Baixo
)
.
E’
É
muito
habil
hábil
.
Brito .
Brito
Brito.
(
Baixo
)
.
E’
É
verdade
.
Felizardo .
Felizardo
Felizardo.
(
Baixo
)
.
E’
É
um
canario
canário
.
Dr.
Doutor
Monteirinho .
Monteirinho
Monteirinho.
Se
não
fossem
as
influencias
influências
mezzo- logicas
mezológicas
mezzologicas
mezzo-logicas
assaz
acanhadas
,
em
que
vivem
nesta
terra
as
in- telligencias
inteligências
intelligencias
in-telligencias
que
procurão
procuram
abrir
a
corolla
corola
aos
raios
ar- dentes
ardentes
ar-dentes
da
luz
,
eu
já
teria
talvez
apparecido
aparecido
,
a
despeito
dos
meus
verdes
annos
anos
.
Brito .
Brito
Brito.
(
Baixo
,
a
Felizardo
)
.
Que
idade
tem
.
Felizardo .
Felizardo
Felizardo.
Que
idade
tens
,
Cazuza
.
Dr.
Doutor
Monteirinho .
Monteirinho
Monteirinho.
Vinte
e
dois
annos
anos
.
Ministro
da
justiça .
justiça
justiça.
O
Sr.
Senhor
Dr.
Doutor
Monteiro
nao
não
é
...
Felizardo .
Felizardo
Felizardo.
Chame-o
Dr.
Doutor
Monteirinho
.
E’
É
o
nome
por
que
elle
ele
é
conhecido
.
Ministro
da
justiça .
justiça
justiça.
O
Dr.
Doutor
Monteirinho
não
é
o
autor
da
celebre
célebre
poesia
-
O
grilo
da
escravidão
que
veio
public- cada
publicada
publiccada
public-cada
no
Correio
Paulistano
?
Dr.
Doutor
Monteirinho .
Monteirinho
Monteirinho.
E
que
foi
transcripta
transcrita
em
todos
os
jornaes
jornais
do
imperio
império
.
Um
seu
criado
.
Já
cultivei
a
poesia
em
tempos
que
lá
vão
.
Hoje
,
em
vez
de
tanger
a
lyra
chloro- tica
chlorotica
chloro-tica
do
romantismo
ou
de
dedilhar
as
cordas
,
afinadas
ao
sabor
moderno
,
dos
poetas
realistas
,
leio
Spencer
,
Scho- penhauer
Schopenhauer
Scho-penhauer
,
Bückner
,
Littré
,
todos
esses
grandes
vultos
,
que
constituem
o
apostolado
das
sociedades
modernas
.
Felizardo .
Felizardo
Felizardo.
(
Baixo
,
a
Brito
)
.
Este
rapaz
vae
vai
fazer
um
figurão
no
ministério
.
Brito .
Brito
Brito.
Creio
.
Terá
,
porém
,
elle
ele
a
experiencia
experiência
dos
ne- gocios
negócios
negocios
ne-gocios
publicos
?
Felizardo .
Felizardo
Felizardo.
Não
lhe
dê
cuidado
.
Fica
sob
as
minhas
vistas
:
eu
saberei
guial-o
guiá-lo
guia-lo
.
Dr .
Doutor
Dr.
Monteirinho .
Monteirinho
Monteirinho.
A
grande
naturalisaçao
naturalização
é
uma
das
questões
actuaes
atuais
mais
importantes
para
o
Brazil
Brasil
.
Brito .
Brito
Brito.
Podemos
contar
,
portanto
,
com
o
apoio
deci- dido
decidido
deci-dido
de
V .
Vossa
V.
Ex .
Excelência
Ex.
Felizardo .
Felizardo
Felizardo.
Se
até
aqui
eu
quebrava
lanças
por
este
ministerio
ministério
...
Brito .
Brito
Brito.
Lá
isso
é
verdade
.
Felizardo .
Felizardo
Felizardo.
Imagine
agora
...
(
Olhando
para
Monteiri- nho
Monteirinho
Monteiri-nho
)
.
O
meu
Cazuzinha
!
Dr.
Doutor
Monteirinho .
Monteirinho
Monteirinho.
E
a
questão
das
terras
?
Já
lerão
leram
a
Questão
Irlandeza
,
de
O
Henry
George
?
E’
É
um
livro
admi- ravelmente
admiravelmente
admi-ravelmente
escripto
escrito
.
Um
livro
do
futuro
!
Brito .
Brito
Brito.
Sr.
Senhor
Dr.
Doutor
Monteirinho
,
temos
a
honra
de
consi- derar
considerar
consi-derar
V .
Vossa
V.
Ex .
Excelência
Ex.
no
numero
número
dos
nossos
collegas
colegas
.
Dr.
Doutor
Monteirinho .
Monteirinho
Monteirinho.
Oh
!
Sr.
Senhor
conselheiro
.
Felizardo .
Felizardo
Felizardo.
Cazuza
,
faz
por
seguir
o
caminho
de
teu
tio
.
Vou
correndo
para
a
casa
.
Que
alegrão
vae
vai
ter
a
Maria
José
.
(
Sae
Sai
)
.
SCENA
Cena
XV
Os
mesmos
,
e
JAMES
James
,
menos
FELIZARDO
Brito .
Brito
Brito.
Vamos
para
o
gabinete
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
(
Apparecendo
Aparecendo
porta
)
.
Duas
horas
em
ponta
.
Brito .
Brito
Brito.
(
A’
Á
parte
)
.
Que
maçada
.
Não
me
lembrava
mais
delle
dele
.
(
James
entra
.
Alto
)
.
Meus
senhores
,
apresento-lhes
Mr.
Mister
James
,
que
requer
um
privilegio
privilégio
que
parece
ser
de
grande
utilidade
.
Dr.
Doutor
Monteirinho .
Monteirinho
Monteirinho.
Vejamos
.
Mr .
Mister
Mr.
James .
James
James.
(
Desenrolando
o
papel
e
mostrando
)
.
Aqui
tem
,
senhoras
.
Dr.
Doutor
Monteirinho .
Monteirinho
Monteirinho.
O
que
vem
a
ser
isto
?
Brito .
Brito
Brito.
Uma
estrada
especial
para
o
Corcovado
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Machinisma
estar
muito
simples
.
Em
vez
de
duas
trilhas
,
ou
de
trez
três
trilhas
,
como
tem
systema
sistema
adoptada
,
mim
colloca
uma
só
trilha
larga
,
de
meu
in-
venção
.
Dr.
Doutor
Monteirinho .
Monteirinho
Monteirinho.
E’
É
bitola
estreita
?
Mr.
Mister
James .
James
James.
Oh
!
Estreitissima
!
E’
É
bitola
zéro
.
Dr.
Doutor
Monteirinho .
Monteirinho
Monteirinho.
E
como
se
sustem
o
carro
?
Mr.
Mister
James .
James
James.
Perfeitamente
bem
.
Dr.
Doutor
Monteirinho .
Monteirinho
Monteirinho.
O
systema
sistema
parece
ser
facilimo
facílimo
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
E
estar
muito
economica
,
senhorr
.
Ministro
da
justiça .
justiça
justiça.
Mas
não
vejo
machina
máquina
,
vejo
apenas
cachorros
.
O
que
quer
dizer
isto
?
Mr.
Mister
James .
James
James.
Ahi
Ai
é
que
está
tuda
.
Brito .
Brito
Brito.
Não
comprehendo
compreendo
.
Tenha
a
bondade
de
expli- car-me
explicar-me
expli-car-me
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Idéa
estar
aqui
completamente
nova
.
Mim
quer
adopta
systema
sistema
cynophero
.
Quer
dizer
que
trem
sóbe
sobe
puxada
por
cachorras
.
Dr .
Doutor
Dr.
Monteirinho .
Monteirinho
Monteirinho.
Não
era
precisa
a
explicação
.
Nós
todos
sabemos
que
cynophero
vem
do
grego
cynos
,
que
quer
dizer
cão
,
e
feren
que
significa
puxar
,
etc.
James .
James
James.
Muito
bem
,
senhorr
.
Dr.
Doutor
Monteirinho .
Monteirinho
Monteirinho.
Agora
o
que
se
quer
saber
é
como
é
que
os
cachorros
puxão
puxam
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Cachorra
propriamente
no
puxa
.
Roda
é
ôca
.
Cachorra
fica
dentro
de
roda
.
Ora
,
cachorra
dentro
de
roda
,
no
póde
pode
estar
parada
.
Roda
ganha
impulsa
,
quanto
mais
cachorra
meche
,
mais
o
roda
caminha
!
Dr.
Doutor
Monteirinho .
Monteirinho
Monteirinho.
E
de
quantos
cachorros
precisa
o
senhor
para
o
trafico
tráfico
dos
trens
diarios
diários
do
Cosme
Velho
ao
Corcovado
?
Mr.
Mister
James .
James
James.
Mim
precisa
de
força
de
cincoenta
cinquenta
cachor-
ras
por
trem
;
mas
deve
muda
cachorra
em
todas
as
viagens
.
Ministro
da
justiça .
justiça
justiça.
Santo
Deos
Deus
!
E’
É
preciso
uma
ca- chorrada
cachorrada
ca-chorrada
enorme
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Mas
eu
aproveita
todas
as
cachorras
d’aqui
daqui
e
faz
vir
ainda
muitas
cachorras
de
Inglaterra
.
Brito .
Brito
Brito.
Mas
se
estes
animaes
animais
forem
atacados
de
hydro- phobia
hidrofobia
hydrophobia
hydro-phobia
não
ha
há
perigo
para
os
passageiros
?
Dr.
Doutor
Monteirinho
Eu
entendo
que
não
se
póde
pode
conce- der
conceder
conce-der
este
privilegio
privilégio
,
sem
se
ouvir
primeiro
a
junta
de
hy- giene
higiene
hygiene
hy-giene
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Oh
!
Senhorr
,
não
tem
a
menor
periga
.
Se
cachorra
estar
damnada
,
estar
ainda
melhor
,
porque
faz
mais
esforça
e
trem
tem
mais
velocidade
.
Brito .
Brito
Brito.
Em
resumo
,
qual
é
a
sua
pretenção
?
Mr.
Mister
James .
James
James.
Mim
quer
privilegia
para
introduzir
mi-
nha
systema
sistema
em
Brazil
Brasil
,
e
estabelecer
primeira
linha
em
Corcovada
,
com
todas
as
favores
de
lei
de
Brazil
Brasil
para
em-
preza
de
caminha
de
ferro
.
Brito .
Brito
Brito.
Mas
o
cachorro
não
está
ainda
classificado
,
como
motor
,
na
nossa
legislação
de
caminhos
de
ferro
...
Dr.
Doutor
Monteirinho .
Monteirinho
Monteirinho.
Neste
caso
deve
levar-se
a
questão
ao
poder
legislativo
.
Brito .
Brito
Brito.
Está
bem
;
nós
vamos
ver
e
resolveremos
como
fôr
for
de
justiça
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Em
quanto
tempa
decide
este
negocia
?
Dr.
Doutor
Monteirinho .
Monteirinho
Monteirinho.
Vamos
resolver
.
Ministro
do
império .
império
império.
Tenha
paciência
,
espere
.
Brito .
Brito
Brito.
A’s
Ás
suas
ordens
.
(
Despede-se
,
os
outros
despe- dem-se
despedem-se
despe-dem-se
de
James
e
saem
pela
esquerda
)
.
SCENA
Cena
XVI
JAMES
James
(
só
)
Mr.
Mister
James .
James
James.
Tem
paciência
,
espera
!
Systema
de
brazi-
leira
.
Times
is
money
.
Eu
falia
com
mulher
,
e
arranja
tuda
.
(
Sae
Sai
)
.
SCENA
Cena
XVII
BEATRIZ
Beatriz
e
depois
PHILIPPE
Philippe
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Vejamos
se
aqui
posso
concluir
socegada
sossegada
a
leitura
deste
romance
.
(
Lê
)
.
Philippe .
Philippe
Philippe.
Ella
Ela
?!
Oh
!
Eu
atiro-me
e
confesso
tudo
.
Ora
adeos
adeus
!
(
Tropeça
em
uma
cadeira
)
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
(
Revolvendo-se
)
.
Quem
é
?
Philippe .
Philippe
Philippe.
Philippe
Flecha
,
um
criado
de
V .
Vossa
V.
Ex .
Excelência
Ex.
.
Sou
repporter
repórter
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Papai
está
agora
em
conselho
com
os
outros
ministros
.
Philippe .
Philippe
Philippe.
Como
é
bella
bela
!
(
Beatriz
continúa
continua
a
ler
)
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
(
A’
Á
parte
)
.
Este
estafermo
pretenderá
ficar
aqui
.
Que
bruta
faccia
.
Philippe .
Philippe
Philippe.
Eu
atiro-me-lhe
aos
pés
.
Coragem
!
(
Enca- minha-se
Encaminha-se
Enca-minha-se
para
Beatriz
)
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Quer
alguma
cousa
?
Philippe .
Philippe
Philippe.
(
Tirando
uma
carteira
)
.
O
Sr.
Senhor
seu
pai
onde
nasceu
,
minha
senhora
?
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
No
Pará
.
Philippe .
Philippe
Philippe.
(
Escrevendo
na
carteira
)
.
Onde
formou-se
?
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Em
Pernambuco
.
Philippe .
Philippe
Philippe.
(
Escrevendo
)
.
Que
empregos
tem
exercido
?
Que
condecorações
tem
?
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Mas
para
que
o
senhor
quer
saber
tudo
isto
?
Oh
!
Qu’il
est
drole
!
Philippe .
Philippe
Philippe.
E’
É
que
quando
elle
ele
morrer
a
noticia
notícia
para
o
jornal
já
está
prompta
pronta
.
(
A’
Á
parte
)
.
Oh
!
Que
diabo
de
asneira
!
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
O
senhor
está
doido
?
Philippe .
Philippe
Philippe.
(
Ajoelhando-se
)
.
Sim
,
doido
,
minha
senho- ra
senhora
senho-ra
,
doido
varrido
.
Quando
a
vi
pela
primeira
vez
foi
no
Castellões
.
A
senhora
comia
uma
empada
...
(
Beatriz
pro- cura
procura
pro-cura
tocar
a
campainha
)
.
O
que
vae
vai
fazer
?
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Chamar
alguém
para
pol-o
pô-lo
po-lo
d’aqui
daqui
para
fóra
fora
.
Philippe .
Philippe
Philippe.
Pelo
amor
de
Deos
Deus
,
não
faça
escandalo
escândalo
.
(
Le- vantando-se
Levantando-se
Le-vantando-se
)
.
Eu
vou
,
eu
vou
,
mas
creia
que
ninguém
no
mundo
a
idolatra
como
eu
!
(
Sae
Sai
olhando
amorosamente
para
Beatriz
)
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Pobre
louco
!
Mas
este
ao
menos
não
me
fallou
falou
em
emprego
nem
em
privilegio
privilégio
!
(
Senta-se
e
continua
a
leitura
)
.
CAE
Cai
O
o
PANNO
pano
PANO
Acto
Ato
III
Sala
de
espera
em
casa
do
conselheiro
Brito
SCENA
Cena
I
BRITO
Brito
e
PHILOMENA
Philomena
PHILOMENA .
Philomena
PHILOMENA.
Podias
ter
decidido
o
negocio
negócio
perfeita- mente
perfeitamente
perfeita-mente
sem
leval-o
levá-lo
leva-lo
ás
camaras
.
BRITO .
Brito
BRITO.
Como
?
PHILOMENA .
Philomena
PHILOMENA.
Como
?
Collocassem-me
Colocassem-me
na
presidencia
presidência
do
conselho
que
eu
te
mostraria
.
Brito .
Brito
Brito.
Mas
,
Philomena
,
tu
não
sabes
que
se
tratava
de
uma
especie
espécie
completamente
nova
,
que
o
governo
...
PHILOMENA .
Philomena
PHILOMENA.
Tanto
melhor
!
Se
a
especie
espécie
era
comple- tamente
completamente
comple-tamente
nova
,
o
governo
devia
resolver
por
si
,
e
não
abrir
o
máo
mau
precedente
de
consultar
a
camara
câmara
.
Brito .
Brito
Brito.
Olha
,
queres
saber
de
uma
cousa
?
Eu
merecia
que
me
vestissem
uma
camisola
de
força
,
por
me
haver
mettido
metido
em
semelhante
entrosga
.
PHILOMENA .
Philomena
PHILOMENA.
Ora
,
qual
entrosga
!
O
negocio
negócio
era
muito
simples
.
Tratava-se
de
uma
estrada
para
o
Corcovado
...
Brito .
Brito
Brito.
Mas
de
uma
estrada
especial
,
cora
carros
movi- dos
movidos
movi-dos
por
cachorros
...
Philomena .
Philomena
Philomena.
E
o
que
tem
os
cachorros
?
Brito .
Brito
Brito.
E’
É
que
levantou-se
a
duvida
dúvida
se
o
cachorro
po- dia
podia
po-dia
ser
considerado
motor
,
se
a
estrada
estava
nas
condi- ções
condições
condi-ções
da
lei
.
PHILOMENA .
Philomena
PHILOMENA.
Pois
eu
presidente
do
conselho
cortava
a
duvida
dúvida
,
dizendo
"
o
cachorro
é
motor
,
e
concedia
o
privi- legio
privilégio
privilegio
privi-legio
.
Brito .
Brito
Brito.
Tu
não
entendes
destas
cousas
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
E
o
que
se
lucrou
em
consultar
á
camara
câmara
?
Em
assanhar
a
opposição
oposição
,
e
formar
no
seio
do
parlamento
dois
partidos
,
o
dos
cochorros
e
o
dos
que
se
batem
,
como
leões
,
contra
os
cachorros
.
Brito .
Brito
Brito.
E
que
partidos
!
Philomena .
Philomena
Philomena.
E
lá
se
vae
vai
o
privilegio
privilégio
,
falto
á
palavra
que
dei
ao
inglez
inglês
,
e
o
casamento
da
menina
,
vispora
víspora
!
Brito .
Brito
Brito.
Mas
o
que
queres
que
faça
?
Philomena .
Philomena
Philomena.
Que
envides
todos
os
esforços
para
que
o
projecto
projecto
passe
!
Hoje
é
a
ultima
última
discussão
...
Brito .
Brito
Brito.
E
o
ultimo
último
dia
talvez
do
ministerio
ministério
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Quaes
Quais
são
os
deputados
que
votão
votam
contra
?
Brito .
Brito
Brito.
Uma
infinidade
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
O
Eloy
é
cachorro
?
Brito .
Brito
Brito.
Sim
,
senhora
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
O
Azambuja
?
Brito .
Brito
Brito.
Cachorro
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
O
Pereira
da
Rocha
?
Brito .
Brito
Brito.
Este
é
de
fila
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
O
Vicente
Coelho
?
Brito .
Brito
Brito.
Era
cachorro
;
mas
passou
ante-hontem
anteontem
para
o
outro
lado
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
E
o
Barbosa
?
Brito .
Brito
Brito.
Está
assim
,
assim
.
Talvez
passe
hoje
para
ca- chorro
cachorro
ca-chorro
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Ah
!
Que
se
as
mulheres
tivessem
direitos
politicos
políticos
e
pudessem
representar
o
paiz
país
...
Brito .
Brito
Brito.
O
que
fazias
?
Philomena .
Philomena
Philomena.
O
privilegio
privilégio
havia
de
passar
,
custasse
o
que
custasse
.
Eu
é
que
devia
estar
no
teu
lugar
,
e
tu
no
meu
.
E’s
És
um
mingáo
mingau
,
não
nasceste
para
a
luta
.
Brito .
Brito
Brito.
Mas
com
a
breca
!
Queres
que
faca
faça
questão
de
gabinete
?
Philomena .
Philomena
Philomena.
Quero
que
faças
tudo
,
comtanto
contanto
que
o
privilegio
privilégio
seja
concedido
.
Brito .
Brito
Brito.
(
Resoluto
)
.
Pois
bem
;
farei
questão
de
gabine- te
gabinete
gabine-te
,
e
assim
fico
livre
mais
depressa
desta
maldita
tunica
túnica
de
Nessus
.
SCENA
Cena
II
Os
mesmos
e
o
Dr .
Doutor
Dr.
MONTEIRINHO
Monteirinho
Dr.
Doutor
Monteirinho .
Monteirinho
Monteirinho.
(
Comprimentando
Cumprimentando
Philomena
)
.
Mi- nha
Minha
Mi-nha
senhora
.
(
Para
Brito
)
.
Vamos
para
a
camara
câmara
,
conse- lheiro
conselheiro
conse-lheiro
.
E’
É
hoje
a
grande
batalha
.
Brito .
Brito
Brito.
Estou
ás
suas
ordens
.
Dr.
Doutor
Monteirinho .
Monteirinho
Monteirinho.
Havemos
de
vencer
,
custe
o
que
custar
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Dr.
Doutor
Monteirinho
,
empregue
todo
o
fogo
de
sua
palavra
.
Dr.
Doutor
Monteirinho .
Monteirinho
Monteirinho.
Fique
descançada
,
minha
senhora
.
Levo
o
meu
discurso
na
ponta
da
lingua
língua
.
Hei
de
tratar
a
parte
technica
técnica
,
sobretudo
,
com
o
maior
cuidado
.
Na
dis- cussão
discussão
dis-cussão
deste
projecto
projecto
ou
conquisto
os
fóros
foros
de
estadista
,
ou
caio
para
nunca
mais
erguer
a
fronte
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Bravo
!
Bravo
!
Brito .
Brito
Brito.
Vamos
,
conselheiro
,
são
horas
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
(
Para
Brito
)
.
Vae
Vai
.
Que
Deos
Deus
te
inspire
.
(
Saem
Monteiro
e
Brito
)
.
SCENA
Cena
III
PHILOMENA
Philomena
e
BEATRIZ
Beatriz
Philomena .
Philomena
Philomena.
Que
boa
madrugada
!
Onze
horas
!
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
(
Beijando
Philomena
)
.
Não
posso
acordar- me
acordar-me
cedo
,
por
mais
esforços
que
faça
.
Vmc .
Vossa
Vossa Mercê
Vmc.
Mercê
não
sae
sai
hoje
?
Philomena .
Philomena
Philomena.
Não
.
Estou
muito
nervosa
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
E’
É
mais
uma
razão
para
sahir
sair
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Se
cae
cai
o
projecto
projecto
e
com
elle
ele
o
ministerio
ministério
...
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Estamos
arranjadas
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Lá
se
vae
vai
o
inglez
inglês
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
E
o
Sr.
Senhor
Raul
tambem
também
.
(
A’
Á
parte
)
.
Se
ao
menos
aquelle
aquele
pobre
doido
que
offereceu-me
ofereceu-me
o
coração
...
(
Alto
)
.
Ora
,
será
o
que
Deos
Deus
quizer
quiser
.
(
Mirando-se
ao
espelho
,
canta
)
.
La
donna
é
mobile
Qual
piuma
al
vento
.
Muta
d’accento
E
di
pensiero
.
O
paquete
francez
francês
deve
chegar
hoje
?
Philomena .
Philomena
Philomena.
Creio
que
sim
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Estou
anciosa
ansiosa
por
ver
os
vestidos
de
verão
que
encommendámos
encomendamos
.
SCENA
Cena
IV
BEATRIZ
Beatriz
,
PHILOMENA
Philomena
e
CRIADO
Criado
Criado .
Criado
Criado.
(
Com
uma
gaiola
com
papagaio
)
.
Veio
da
parte
do
Sr.
Senhor
Tinoco
,
com
esta
carta
.
(
Entrega
a
carta
a
Philo- mena
Philomena
Philo-mena
)
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
(
Depois
de
ler
a
carta
)
.
Estes
pretendentes
entendem
que
devem
encher-me
a
casa
de
bichos
.
Leva
para
dentro
.
(
O
criado
sae
sai
)
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
E
cousa
celebre
célebre
,
pelos
presentes
pode-se
conhecer
a
que
provincia
província
ou
a
que
lugar
pertencem
os
pretendentes
.
Os
do
Ceará
mandão
mandam
corrupiões
,
os
do
Pará
,
redes
,
páos
pães
de
guaraná
e
macacos
de
cheiro
,
os
de
Per- nambuco
Pernambuco
Per-nambuco
,
cajús
cajus
seccos
secos
e
abacaxys
abacaxis
,
os
de
S .
São
S.
Paulo
,
formi- gas
formigas
formi-gas
vestidas
,
figos
em
calda
...
Philomena .
Philomena
Philomena.
E
arapongas
.
Se
o
pretendente
é
do
Ma- ranhão
Maranhão
Ma-ranhão
,
a
mulher
do
ministro
não
passa
sem
lenço
de
la- byrintho
labrinto
labyrintho
la-byrintho
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
E
se
é
da
Bahia
,
lá
vem
as
quartinhas
,
o
azeite
de
cheiro
e
os
saguis
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Os
do
Rio-Grande
do
Sul
exprimem
a
gratidão
com
linguas
línguas
salgadas
e
origones
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
E
os
de
Minas
com
queijos
e
rolos
de
fumo
.
Mas
,
coitados
!
Muito
soffrem
sofrem
!
Só
a
lida
em
que
elles
eles
vivem
-
Venha
hoje
,
venha
amanhã
,
espere
um
pouco
,
agora
não
é
possivel
possível
!
Philomena .
Philomena
Philomena.
E’
É
para
admirar
que
a
esta
hora
já
não
esteja
a
sala
cheia
delles
deles
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
E’
É
verdade
.
SCENA
Cena
V
PHILOMENA
Philomena
,
BEATRIZ
Beatriz
e
D .
Dona
D.
BARBARA
Barbara
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
Desculpe-me
se
fui
entrando
sem
annun- cio
anúncio
annuncio
annun-cio
prévio
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
A
Sra.
Senhora
D .
Dona
D.
Barbara
é
sempre
recebida
com
prazer
a
qualquer
hora
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
E
é
por
saber
disto
que
vim
vel-a
vê-la
ve-la
,
apezar
apesar
do
que
se
tem
passado
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Creio
que
entre
nós
nada
se
tem
passado
que
possa
porventura
interromper
,
sequer
de
leve
,
as
nossas
relações
amistosas
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
Quero
dizer
do
que
se
tem
passado
entre
os
nossos
maridos
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Também
não
sei
o
que
pode
ter
havido
entre
elles
eles
.
Pertencem
ao
mesmo
credo
politico
político
,
ainda
hon- tem
ontem
hontem
hon-tem
para
bem
dizer
,
erão
eram
amigos
...
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
(
A’
Á
parte
)
.
Se
não
digo
na
bochecha
desta
emproada
tudo
quanto
sinto
,
estouro
.
(
Alto
)
.
Erão
Eram
amigos
,
é
verdade
,
porém
...
Meu
marido
tem
razões
especiaes
especiais
...
Elle
Ele
está
na
camara
câmara
cumprindo
o
seu
dever
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Faz
muito
bem
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
Não
é
hoje
que
se
discute
um
celebre
célebre
privilegio
privilégio
de
uma
estrada
para
o
Corcovado
?
Philomena .
Philomena
Philomena.
Creio
que
sim
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
Não
sabia
;
passando
por
acaso
pela
rua
do
Ouvidor
...
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Como
é
fingida
esta
vecchia
strega
!
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
Ouvi
os
garotos
apregoarem
a
Gazeta
da
Tarde
,
traz
a
noticia
notícia
da
grande
patota
dos
cachorros
!
E
por
entre
os
grupos
dos
individuos
indivíduos
que
conversavão
conversavam
,
no
ponto
dos
bonds
,
pude
distinguir
estas
phrases
frases
,
cujo
sentido
não
comprehendi
compreendi
bem
:
Arranjos
de
familia
família
,
ministro
pato- teiro
patoteiro
pato-teiro
,
casamento
da
filha
com
o
inglez
inglês
...
Philomena .
Philomena
Philomena.
E’
É
verdade
,
minha
senhora
;
mas
o
que
não
sabe
é
que
por
entre
aquelles
aqueles
grupos
estava
a
mulher
des- peitada
despeitada
des-peitada
de
um
ministro
gorado
,
e
que
era
esta
a
que
mais
gritava
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
Um
ministro
gorado
?!
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Sim
.
Un
ministre
manqué
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
(
Para
Beatriz
)
.
Minha
senhora
,
tenha
a
bondade
de
fallar
falar
em
portuguez
português
,
se
quer
que
a
entenda
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Eu
fallarei
falarei
portuguez
português
claro
.
O
ministro
gorado
é
...
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Seu
marido
...
Voila
tout
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
E
a
mulher
despeitada
...
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
Sou
eu
?!
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Sans
doute
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
(
A’
Á
parte
)
.
Eu
arrebento
.
(
Alto
)
.
Pois
já
que
as
senhoras
são
tão
positivas
dir-lhes-hei
que
meu
marido
nunca
teve
a
idéa
ideia
de
fazer
parte
de
semelhante
ministerio
ministério
.
Elle
Ele
é
um
homem
de
muito
bom
senso
e
sobretudo
de
muita
probidade
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Observo
á
senhora
que
estou
em
minha
casa
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
(
A’
Á
parte
)
.
C’est
incroyable
!
Dreadful
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
Foi
a
senhora
a
primeira
que
esqueceu
esta
circumstancia
circunstância
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Não
me
obrigue
...
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
Eu
retiro-me
para
nunca
mais
pôr
os
pés
aqui
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Estimo
muito
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
E
fique
sabendo
que
o
Chico
...
Philomena .
Philomena
Philomena.
(
Com
dignidade
)
.
Minha
senhora
.
(
Com- primenta
Cumprimenta
Comprimenta
Com-primenta
e
sae
sai
)
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Au
revoir
.
(
Sae
Sai
)
.
D .
Dona
D.
Barbara .
Barbara
Barbara.
Emproada
,
serigaita
,
patoteira
!
Hei
de
tomar
uma
desforra
.
(
Sae
Sai
zangada
)
.
SCENA
Cena
VI
PEREIRA
Pereira
,
IGNACIO
Ignacio
,
ARRUDA
Arruda
,
RIBEIRO
Ribeiro
,
AZAMBU- JA
Azambuja
AZAMBUJA
AZAMBU-JA
,
mais
pessoas
e
o
CRIADO
Criado
Criado .
Criado
Criado.
S .
Sua
S.
Ex .
Excelência
Ex.
não
está
.
Os
senhores
que
quizerem
quiserem
esperar
podem
ficar
nesta
sala
.
Pereira .
Pereira
Pereira.
O
homem
está
em
casa
.
Ignacio .
Ignacio
Ignacio.
Eu
cá
hei
de
fallar-lhe
falar-lhe
hoje
,
por
força
,
haja
o
que
houver
.
Arruda .
Arruda
Arruda.
E
eu
também
.
Só
se
elle
ele
não
passar
por
aqui
.
Ribeiro .
Ribeiro
Ribeiro.
O
que
é
bem
possível
,
porque
a
casa
tem
sa- hida
saída
sahida
sa-hida
para
outra
rua
.
Azambuja .
Azambuja
Azambuja.
Ha
Há
quatro
mezes
meses
que
ando
neste
inferno
.
Ribeiro .
Ribeiro
Ribeiro.
Console-se
commigo
comigo
,
que
ando
pretendendo
um
lugar
ha
há
cinco
annos
anos
,
e
ainda
não
m’o
mo
derão
deram
.
Arruda .
Arruda
Arruda.
Ha
Há
cinco
annos
anos
?!
Ribeiro .
Ribeiro
Ribeiro.
Sim
,
senhor
.
Azambuja .
Azambuja
Azambuja.
E
tem
esperanças
de
obtel-o
obtê-lo
obte-lo
?
Ribeiro .
Ribeiro
Ribeiro.
Olé
!
Já
atravessei
seis
ministerios
ministérios
.
Venho
aqui
duas
vezes
por
dia
.
Ignacio .
Ignacio
Ignacio.
E
eu
que
vim
dos
confins
do
Amazonas
;
e
aqui
estou
ha
há
seis
mezes
meses
a
fazer
despezas
,
hospedado
na
casa
do
Eiras
,
com
uma
numerosa
familia
família
,
composta
de
mulher
,
seis
filhos
,
duas
cunhadas
,
trez
três
escravas
,
qua- torze
quatorze
qua-torze
canastras
,
um
papagaio
e
um
corrupião
!
SCENA
Cena
VI
Os
mesmos
e
ERNESTO
Ernesto
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Meus
senhores
.
Pereira .
Pereira
Pereira.
Oh
!
Sr.
Senhor
Ernesto
!
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Como
está
,
Sr.
Senhor
Pereira
?
Pereira .
Pereira
Pereira.
O
seu
negocio
negócio
?
Ainda
nada
?
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Qual
!
Trago
agora
aqui
uma
carta
...
Va- mos
Vamos
Va-mos
ver
se
com
esta
arranjo
o
que
quero
.
E’
É
de
um
depu- tado
deputado
depu-tado
mineiro
governista
.
Pereira .
Pereira
Pereira.
E’
É
bom
empenho
?
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Quem
me
arranjou
foi
um
negociante
da
rua
dos
Benedictinos
,
em
cuja
casa
acha-se
hospedado
o
tal
deputado
.
Ribeiro .
Ribeiro
Ribeiro.
Meu
amigo
,
vá
á
fonte
limpa
,
procure
um
deputado
da
opposição
oposição
e
digo-lhe
desde
já
que
está
servido
.
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Muito
se
soffre
sofre
!
Azambuja .
Azambuja
Azambuja.
E’
É
verdade
!
SCENA
Cena
VII
Os
mesmos
e
PHILIPPE
Philippe
Philippe .
Philippe
Philippe.
Adeos
Adeus
,
Sr.
Senhor
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Adeos
Adeus
,
Philippe .
Philippe
Philippe.
Philippe .
Philippe
Philippe.
Ainda
perde
seu
tempo
em
vir
por
aqui
?
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Porque
?
Philippe .
Philippe
Philippe.
Porque
o
ministerio
ministério
está
morto
!
Pereira .
Pereira
Pereira.
Cahio
Caiu
?
!
Philippe .
Philippe
Philippe.
A
esta
hora
já
deve
ter
cahido
caído
.
A
rua
do
Ouvidor
está
assim
.
(
Fechando
a
mão
)
.
Não
se
póde
pode
entrar
na
camara
câmara
.
Ha
Há
gente
nas
galerias
como
terra
.
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
O
partido
dos
cachorros
está
bravo
?
Philippe .
Philippe
Philippe.
Os
cachorros
?
Estão
damnados
danados
!
A
tal
es- trada
estrada
es-trada
não
passa
,
não
,
mas
é
o
mesmo
.
O
Dr.
Doutor
Monteirinho
levantou-se
para
fallar
falar
...
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Ah
!
Elle
Ele
fallou
falou
hoje
?
Philippe .
Philippe
Philippe.
Qual
!
Não
pôde
dizer
uma
palavra
?
Rom- peu
Rompeu
Rom-peu
uma
vaia
das
galerias
,
mas
uma
vaia
de
tal
ordem
,
que
foi
preciso
entrar
a
força
armada
na
camara
câmara
.
Pereira .
Pereira
Pereira.
Lá
se
vae
vai
o
meu
lugar
da
alfandega
alfândega
.
Azambuja .
Azambuja
Azambuja.
E
o
meu
.
Ribeiro .
Ribeiro
Ribeiro.
E
o
meu
.
Philippe .
Philippe
Philippe.
(
Levando
Ernesto
para
um
lado
)
.
Ainda
nao
não
a
vi
hoje
.
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Mas
é
verdade
tudo
isto
?
Philippe .
Philippe
Philippe.
Como
é
bella
bela
!
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Com
os
diabos
!
Que
transtorno
!
Philippe .
Philippe
Philippe.
Quando
a
vi
pela
primeira
vez
foi
no
Castel- lões
Castellões
Castel-lões
...
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Comia
uma
empada
,
comia
uma
empada
...
Philippe .
Philippe
Philippe.
E’
É
isso
mesmo
.
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Irra
!
Não
me
amoles
.
Pereira .
Pereira
Pereira.
(
Para
Ernesto
)
.
O
senhor
quer
saber
onde
está
a
minha
esperança
?
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Onde
?
Pereira .
Pereira
Pereira.
(
Tirando
um
bilhete
de
loteria
do
bolso
)
.
Aqui
neste
bilhete
do
Ypiranga
.
Philippe .
Philippe
Philippe.
Eu
tambem
também
tenho
um
.
(
Vendo
na
carteira
)
.
Querem
ver
que
o
perdi
!
Não
,
cá
está
.
A
esta
hora
já
deve
ter
andado
a
roda
.
Com
a
bréca
,
nem
me
lembra- va
lembrava
lembra-va
!
(
Olhando
para
dentro
)
.
Se
pudesse
ao
menos
ver-lhe
a
pontinha
do
nariz
.
Pereira .
Pereira
Pereira.
Vou
ver
o
que
tirei
.
(
Sae
Sai
)
Philippe .
Philippe
Philippe.
E
eu
tambem
também
.
Mas
qual
!
Sou
de
um
caipo- rismo
caiporismo
caipo-rismo
horrendo
.
Adeos
Adeus
,
Sr.
Senhor
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
(
Olhando
para
todos
os
lados
)
.
Onde
estará
ella
ela
!?
(
Sae
Sai
)
.
SCENA
Cena
VIII
Os
mesmos
,
menos
PEREIRA
Pereira
e
PHILIPPE
Philippe
,
e
Dr.
Doutor
RAUL
Raul
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Esta
noticia
notícia
veio
transtornar-me
os
planos
.
Azambuja .
Azambuja
Azambuja.
Talvez
seja
mentira
.
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
As
más
novas
são
sempre
verdadeiras
.
Raul .
Raul
Raul.
Ora
,
vivão
vivam
,
meus
senhores
!
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Dr.
Doutor
Raul
,
o
que
ha
há
ácerca
acerca
do
ministerio
ministério
?
Raul .
Raul
Raul.
Dizem
que
está
em
crise
.
E rnesto
Ernesto
.
Mas
ha
há
esperanças
?
Raul .
Raul
Raul.
Hum
...
!
Não
sei
.
Vejo
as
cousas
muito
embru- lhadas
embrulhadas
embru-lhadas
.
SCENA
Cena
IX
Os
mesmos
e
Mr.
Mister
JAMES
James
Raul .
Raul
Raul.
Oh
!
Mr.
Mister
James
!
Fazia-o
pela
camara
câmara
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Mim
só
sae
sai
de
casa
hoje
p’ra
vem
aqui
...
Raul .
Raul
Raul.
Os
negocios
negócios
estão
feios
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Oh
!
Yes
.
Muito
feias
.
Ribeiro .
Ribeiro
Ribeiro.
(
A
Ernesto
)
.
Este
é
o
tal
inglez
inglês
da
patóta
de
que
os
jornaes
jornais
fallão
falam
hoje
?
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
E’
É
o
bicho
.
Mr .
Mister
Mr.
James .
James
James.
Você
quer
sabe
de
uma
cousa
.
Mim
estar
muito
stupide
.
Raul .
Raul
Raul.
Porque
?
Mr.
Mister
James .
James
James.
Eu
já
deve
saber
que
este
ministeria
não
póde
pode
dura
muite
tempo
,
e
mim
cae
cai
na
asneira
de
faz
ne-
gocia
com
elle
ele
.
Raul .
Raul
Raul.
Mas
em
que
se
fundava
para
saber
disto
?
Mr.
Mister
James .
James
James.
Ora
escuta
vosmincê
,
presidenta
de
conse-
lho
onde
estar
nascida
?
Raul .
Raul
Raul.
No
Pará
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Ministra
de
imperio
império
?
Raul .
Raul
Raul.
Em
S .
São
S.
Paulo
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Ministra
de
justiça
?
Raul .
Raul
Raul.
Creio
que
é
de
Piauhy
.
Mr .
Mister
Mr.
James .
James
James.
No
senhor
;
de
Parahyba
.
Raul .
Raul
Raul.
Ou
isso
.
Mr .
Mister
Mr.
James .
James
James.
Ministra
de
marinha
estar
de
Alagôas
,
ministra
de
estrangeiros
...
Raul .
Raul
Raul.
Este
é
do
Paraná
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Yes
.
Ministra
de
guerra
estar
de
Mara-
nhão
,
de
fazenda
,
Rio
de
Janeiro
.
Raul .
Raul
Raul.
Mas
o
que
tem
isto
?
Mr.
Mister
James .
James
James.
Não
tem
uma
só
ministra
de
Bahia
.
E
mi-
nisteria
sem
bahiana
-
estar
defunta
logo
,
senhor
.
Raul .
Raul
Raul.
Tem
razão
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Bahiana
estar
gente
muito
poderosa
.
Não
se
póde
pode
esquece
della
dela
.
Raul .
Raul
Raul.
O
ministerio
ministério
estava
fraco
,
lá
isso
é
verdade
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
E
tem
inda
mais
;
ministra
da
marinha
...
Raul .
Raul
Raul.
O
Dr.
Doutor
Monteirinho
?
Mr.
Mister
James .
James
James.
Yes
.
Ministra
da
marinha
estar
muito
pequenina
.
Raul .
Raul
Raul.
Muito
moço
é
que
o
senhor
quer
dizer
?
Mr .
Mister
Mr.
James .
James
James.
All
right
.
No
póde
pode
ser
estadista
e
governa
paiz
país
logo
que
sae
sai
de
escola
.
E’
É
preciso
aprende
primeiro
,
aprende
muito
,
senhor
.
Todo
mundo
estar
caçoanda
,
e
chama
ministra
de
Cazuzinhe
.
O
senhor
sabe
dizer
o
que
é
Cazuzinhe
?
Raul .
Raul
Raul.
E’
É
um
nome
de
familia
família
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
How
?
Mas
familia
família
fica
em
casa
,
e
no
tem
nada
com
ministeria
.
Vosmecês
aqui
têm
costume
de
chama
homem
d’estado
de
Juquinha
,
Lulú
,
Fernandinha
.
Governa
estar
muito
sem
ceremonia
.
SCENA
Cena
X
Os
mesmos
,
BEATRIZ
Beatriz
e
PHILOMENA
Philomena
Mr.
Mister
James .
James
James.
Como
está
,
senhorra
?
Raul .
Raul
Raul.
Minhas
senhoras
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Veio
da
camara
câmara
?
Mr.
Mister
James .
James
James.
No
senhorra
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Pois
não
foi
lá
?
No
dia
em
que
se
deve
decidir
o
seu
negocio
negócio
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
(
A
Raul
)
Mamãi
Mamãe
ainda
não
teve
tempo
de
fallar
falar
com
papai
ácerca
acerca
da
sua
pretenção
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Meu
negocia
estar
perdida
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
Tenho
fé
que
não
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Oh
!
Yes
.
SCENA
Cena
XI
Os
mesmos
e
FELIZARDO
Felizardo
.
Felizardo .
Felizardo
Felizardo.
(
Entrando
apressado
)
.
Cahio
Caiu
o
ministerio
ministério
!
Philomena .
Philomena
Philomena.
Cahio
Caiu
!
Ai
!
Falta-me
a
luz
!
(
Cae
Cai
desmaia- da
desmaiada
desmaia-da
em
uma
cadeira
)
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
(
Correndo
)
.
Mamãi
Mamãe
.
Raul .
Raul
Raul.
D .
Dona
D.
Philomena
!
Mr.
Mister
James .
James
James.
(
Para
todos
)
.
O’
no
incommoda
incomoda
!
Vae
Vai
pas-
sa
já
.
Ernesto .
Ernesto
Ernesto.
Ora
cebo
!
(
Sae
Sai
)
.
Ignacio .
Ignacio
Ignacio.
Ora
bolas
(
Sae
Sai
)
.
Arruda .
Arruda
Arruda.
Ora
pilulas
pílulas
.
(
Sae
Sai
)
.
Ribeiro .
Ribeiro
Ribeiro.
Ora
com
os
diabos
(
Sae
Sai
)
.
Azambuja .
Azambuja
Azambuja.
Ora
...
(
Sae
Sai
)
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
(
Vendo
Philomena
levantar-se
)
.
Estar
prom-
pta
;
já
passou
.
Felizardo .
Felizardo
Felizardo.
E
o
pobre
do
Cazuzinha
,
que
tinha
tanta
cousa
que
fazer
!
Tambem
Também
lhes
digo
,
que
se
elle
ele
consegue
fallar
falar
,
a
despeito
das
vaias
da
galeria
,
o
ministerio
ministério
tinha
vida
por
cinco
annos
anos
,
pelo
menos
.
Raul .
Raul
Raul.
Devéras
Deveras
?
Felizardo .
Felizardo
Felizardo.
E’
É
um
rapaz
muito
habil
hábil
.
O
senhor
não
imagina
que
discurso
tinha
elle
ele
preparado
.
Hontem
Ontem
reci- tou-m’o
recitou-mo
reci-tou-m’o
todo
.
Sabia-o
na
ponta
da
lingua
língua
.
Raul .
Raul
Raul.
Foi
uma
pena
!
(
A’
Á
parte
)
.
E
lá
se
foi
o
meu
em- prego
emprego
em-prego
,
que
é
o
que
mais
sinto
.
Felizardo .
Felizardo
Felizardo.
Como
não
vae
vai
ficar
a
Maria
José
quando
souber
da
noticia
notícia
!
Raul .
Raul
Raul.
(
A
Beatriz
)
.
Minha
senhora
;
creio
estar
desli- gado
desligado
desli-gado
dos
compromissos
que
contrahi
contraí
para
com
V .
Vossa
V.
Ex .
Excelência
Ex.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Eu
já
o
sabia
;
não
era
preciso
m’o
mo
dizer
.
O
que
o
Sr.
Senhor
doutor
queria
era
uma
posição
social
e
não
a
mi- nha
minha
mi-nha
mão
!
Raul .
Raul
Raul.
(
A’
Á
parte
)
.
Façamos
cara
de
não
ter
compre- hendido
compreendido
comprehendido
compre-hendido
.
SCENA
Cena
XII
FELIZARDO
Felizardo
,
RAUL
Raul
,
BEATRIZ
Beatriz
,
PHILOMENA
Philomena
,
MR.
Mister
MISTER
JAMES
James
,
BRITO
Brito
e
DR.
Doutor
DOUTOR.
MONTEIRINHO
Monteirinho
Brito .
Brito
Brito.
(
Abraçando
Philomena
)
.
Minha
Philomena
,
tenho
necessidade
de
abraçar-te
.
Vem
cá
.
Beatriz
,
abraça- me
abraça-me
tambem
também
.
(
Beatriz
abraça
)
.
Fôrão
Foram
vocês
que
me
perde- rão
perderam
perderão
perde-rão
;
mas
como
isto
é
bom
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
Mim
sente
muito
derrota
de
V .
Vossa
V.
Ex
.;
agra-
dece
tudo
que
faz
pela
minha
privilegia
,
e
pede
desde
já
a
V .
Vossa
V.
Ex .
Excelência
Ex.
um
apresentação
para
nova
ministeria
que
tem
de
subir
.
Felizardo .
Felizardo
Felizardo.
(
Que
deve
estar
abraçado
com
Monteirinho
)
.
Ah
!
Cazuza
!
Não
ha
há
gosto
perfeito
neste
mundo
!
Dr.
Doutor
Monteirinho .
Monteirinho
Monteirinho.
E
mamãi
mamãe
,
que
não
teve
a
ventura
de
me
ver
de
fardão
!
Felizardo .
Felizardo
Felizardo.
Mas
ha
há
de
tel-a
tê-la
te-la
muito
breve
;
eu
te
pro- metto
prometo
prometto
pro-metto
.
SCENA
Cena
XIII
Os
mesmos
e
CRIADO
Criado
Criado .
Criado
Criado.
Trouxerão
Trouxeram
estes
jornaes
jornais
e
esta
carta
.
(
Sae
Sai
)
.
Brito .
Brito
Brito.
O
que
será
?
(
Vendo
o
sobrescripto
sobrescrito
da
carta
,
para
Philomena
)
.
E’
É
para
ti
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
(
Abrindo
a
carta
e
lendo
)
.
"
Minha
se- nhora
senhora
se-nhora
,
tenho
a
honra
de
enviar
a
V .
Vossa
V.
Ex .
Excelência
Ex.
o
ultimo
último
nume- ro
número
numero
nume-ro
da
Espada
de
Damocles
,
que
acaba
de
sahir
sair
agora
mesmo
,
e
de
chamar
a
attenção
atenção
de
V .
Vossa
V.
Ex .
Excelência
Ex.
para
a
noticia
notícia
,
publicada
sob
o
titulo
A’
Á
ultima
última
hora
.
Sua
veneradora
e
criada
,
Barbara
Coelho
.
"
(
Fecha
a
carta
)
.
Que
infame
!
Brito .
Brito
Brito.
Lê
.
(
Philomena
quer
rasgar
o
jornal
)
.
Lê
,
eu
te- rei
terei
te-rei
a
coragem
de
ouvir
.
Philomena .
Philomena
Philomena.
(
Lendo
)
.
"
Cahio
Caiu
finalmente
o
ministerio
ministério
das
patotas
.
Parabens
Parabéns
aos
nossos
concidadãos
,
estamos
livres
do
homem
que
mais
tem
sugado
os
cofres
publicos
públicos
em
proveito
dos
seus
afilhados
.
“
Brito .
Brito
Brito.
Saio
do
ministerio
ministério
mais
pobre
do
que
entrei
,
porque
estou
crivado
de
dividas
dívidas
e
com
a
pecha
de
ladrão
!
Philomena .
Philomena
Philomena.
E
o
que
pretendes
fazer
?
Brito .
Brito
Brito.
Nada
:
neste
paiz
país
,
infelizmente
,
esta
é
a
sorte
de
quasi
quase
todos
que
descem
do
poder
.
SCENA
Cena
XIV
PHILOMENA
Philomena
,
RAUL
Raul
,
Dr.
Doutor
MONTEIRINHO
Monteirinho
,
BEATRIZ
Beatriz
,
Mr.
Mister
JAMES
James
,
FELIZARDO
Felizardo
,
BRITO
Brito
e
PHILIPPE
Philippe
Mr.
Mister
James .
James
James.
(
A
Philippe
,
que
entra
ás
carreiras
,
offe- gante
ofegante
offegante
offe-gante
,
e
cae-lhe
cai-lhe
desmaiado
nos
braços
)
.
How
!
Tudo
estar
desmaia
nesta
casa
!
Philomena .
Philomena
Philomena.
Vão
ver
depressa
vinagre
.
(
Raul
corre
para
dentro
)
.
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Como
elle
ele
está
pallido
pálido
!
Vou
buscar
agua
água
de
Colonia
(
Corre
para
dentro
)
.
Mr .
Mister
Mr.
James .
James
James.
Oh
!
Nó
,
nó
,
é
melhor
traz
cognac
.
Dr.
Doutor
Monteirinho .
Monteirinho
Monteirinho.
Vou
buscal-o
buscá-lo
busca-lo
.
(
Sae
Sai
correndo
)
.
Brito .
Brito
Brito.
(
Batendo-lhe
nas
mãos
)
.
Senhor
,
senhor
!
E’
É
o
pobre
do
repporter
repórter
!
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Aqui
está
.
(
Põe
agua
água
de
Colonia
no
lenço
e
chega-lhe
ao
nariz
.
Philipe
abre
os
olhos
)
.
Ca
y
est
!
Il
est
gueri
!
Philippe .
Philippe
Philippe.
Onde
estou
?
Ah
!
(
Sae
Sai
dos
braços
de
Mr.
Mister
Ja- mes
James
Ja-mes
)
.
Dr.
Doutor
Monteirinho
Cá
está
o
cognac
.
Já
não
é
preciso
?
Brito .
Brito
Brito.
O
que
tem
?
Philippe .
Philippe
Philippe.
(
Não
podendo
fallar
falar
)
.
Comprei
este
bilhete
(
Mostra-o
,
tirando-o
do
bolso
)
.
Vou
ver
a
lista
...
Mr .
Mister
Mr.
James .
James
James.
Branca
.
Philippe .
Philippe
Philippe.
E
tirei
duzentos
contos
!
Philomena .
Philomena
Philomena.
Duzentos
contos
!
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
Ah
!
Bah
!
Philippe .
Philippe
Philippe.
(
Ajoelhando-se
aos
pés
de
Beatriz
)
.
Minha
senhora
,
eu
adoro-a
,
idolatro
a
.
Quando
a
vi
pela
primei- ra
primeira
primei-ra
vez
foi
no
Castellões
,
a
senhora
comia
uma
empada
.
Quer
aceitar
a
minha
mão
?
Beatriz .
Beatriz
Beatriz.
De
tout
mon
coeur
.
Mr.
Mister
James .
James
James.
All
right
!
Boa
negocia
.
CAE
Cai
O
o
PANNO
pano
PANO