Informante
:
J
.
Sexo
:
f
Idade
:
Mais
ou
menos
70
,
tinha
uma
filha
de
53
anos
Local
de
nascimento
:
na
micro-região
Local
de
nascimento
dos
Pais
:
na
micro-região
Escolaridade
:
analfabeta
Viagens
:
São
Paulo
e
cidade
próximas
ao
município
no
qual
as
entrevistas
foram
realizadas
Assiste
TV
?
raramente
Doc
:
E
a
senhora
vive
de
roça
também
,
é
?
Mas
tem
uma
rocinha
ou
trabalha
p’os
outros
?
Inf:
Eu
tenho
roça
...
mah
num
tenho
...
a
terra
né
minha
não
,
a
terra
é
dos
outo
,
né
?
Doc
:
Ham
.
Inf:
Nós
trabalha
em
terra
dos
outo
.
Doc
:
Aí
a
senhora
planta
e
é
arrendada
,
né
?
Inf:
Não
.
Doc
:
Como
é
que
é
?
Inf:
É
::
a
terra
é
d’um
gendo
meu
,
aí
agora
,
ele
dá
a
gente
pra
trabaiar
.
Doc
:
Ah
de
um
genro
.
Inf:
Daquele
véio
lá
.
[
aponta
]
.
Doc
;
Qual
é
?
Inf:
V
.
Doc
:
Ah
,
seu
V
.
Seu
V
.
é
genro
da
senhora
?
Inf:
Casado
c’uma
fia
minha
.
Doc
:
Ah
!
A
mais
velha
,
então
ela
é
mah
nova
do
que
ele
...
do
que
ele
...
do
que
ele
,
né
?
Deve
ser
o
quê
?
Uns
vinte
ano
mah
nova
.
Inf:
Agora
os
ano
é
que
eu
não
sei
também
.
Doc
:
É
.
Que
...
e
a
senhora
até
hoje
trabalha
?
Inf:
Tabaio
assim
mehmo
,
na
hora
qu’eu
num
guento
num
trabaio
,
a
hora
que
eu
num
guento
,
eu
sento
.
Vou
ficar
parada
não
.
Doc
:
Mah
num
tá
aguentano
como
antes
não
,
né
?
Inf:
Ave
!
Eu
vivo
doente
,
me
pegou
uma
dor
aqui
no
estombo
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Já
andei
por
o
São
Paulo
,
por
tudo
,
nunca
tirei
.
Doc
:
A
senhora
foi
em
São
Paulo
?
Inf:
Já
.
Meus
fio
tá
quase
tudo
em
São
Paulo
.
Doc
:
Quase
todo
mundo
trabalha
lá
?
Inf:
É
.
Doc
:
Quantos
anos
tem
lá
?
Inf:
Lá
?
Xou
ver
quanto
...
tem
um
...
tem
o
serviço
...
três
.
Um
tá
sumido
pra
lá
que
não
dão
nem
notícia
.
O
mais
véi
qu’eu
...
qu’é
para
o
lado
dela
...
Agora
,
o
neto
não
sei
da
conta
,
e
tem
uma
neta
tomém
que
foi
eu
que
criei
.
O
pai
morreu
e
eu
criei
ela
,
tá
em
São
Paulo
,
tá
com
vinte
ano
lá
.
Doc
:
Uma
neta
...
Inf:
É
.
Doc
:
Mah
a
senhora
foi
...
foi
pra
passar
tempo
ou
ia
passear
?
Inf:
Passava
tempo
.
Um
mês
,
seis
mês
,
vinha
embora
.
Agora
depois
que
eles
tão
lá
tudo
...
Doc
:
Mah
nunca
chegou
a
passar
mah
de
um
ano
,
não
é
?
Inf:
Não
.
De
uma
ano
pa
cá
.
Doc
:
E
gostou
de
São
Paulo
?
Inf:
Ah
,
eu
gostei
,
mah
num
costumei
muito
não
.
Doc
:
Por
quê
?
Inf:
Nascida
e
criada
na
Bahia
,
não
me
acostumo
com
São
Paulo
.
Doc
:
Cidade
...
cidade
muito
grande
,
né
?
Inf:
É
um
lugar
muito
frio
,
frio
demais
.
[
pausa
]
Doc
:
Trabalho
de
roça
,
é
duro
,
mas
...
Inf:
Fica
parado
se
quiser
.
Eu
paro
de
...
faço
uma
coisa
d’aqui
,
outra
aculá
.
E
lá
só
naquele
serviço
só
,
todo
dia
,
todo
dia
,
né
?
Doc
:
E
o
pessoal
assim
tratava
bem
,
o
pessoal
das
casas
?
Inf:
Lá
?
Doc
:
Hum
?
Inf:
Eu
mesmo
tratava
.
Tratava
muito
bem
.
Doc
:
E
eles
falam
o
quê
assim
de
baiano
?
qu’eles
,
os
paulista
,
fala
mal
de
baiano
?
Inf:
Teve
uma
das
casa
qu’eu
trabaiava
,
eles
gostava
muito
de
baiano
,
qu’era
bom
,
né
?
que’era
ruim
...
Doc
:
Hum
.
E
aí
seus
menino
ficaru
lá
,
né
?
Inf:
Ficaru
tudo
lá
.
Cuidar
da
vida
deles
,
né
?
Constuire
suas
casa
,
seus
barraco
.
Muito
vem
aqui
no
...
não
.
Só
se
acontecer
de
passeio
.
Doc
:
De
passeio
,
né
?
Mah
é
difícil
mehmo
pra
vim
de
passeio
,
né
?
Inf:
É
difícil
.
Doc
:
Muita
gente
pa
pagar
muita
passagem
.
Inf:
Eu
mehmo
tenho
um
mêi
que
vei
aqui
quondo
uma
menina
minha
casou
,
uma
mocinha
ali
que
mora
pra
lá
da
casa
do
V
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Veio
aqui
quando
casou
,
nunca
mais
.
E
o
outo
tem
duas
casa
aqui
qu’é
dele
.
Doc
:
Ham
!
Inf:
Tem
um
bar
e
uma
casa
.
E
eu
não
sei
o
que
foi
,
mataru
um
cunhado
dele
,
ele
[
inint
]
.
Doc
:
Mataru
o
cunhado
de
quem
?
De
...
de
...
de
V
.?
Circ:
Do
...
do
meu
menino
[
inint
]
.
Doc
:
Mataru
por
quê
assim
?
A
senhora
sabe
?
Inf:
Quem
sabe
muié
!
Mataru
o
outo
ele
taha
mais
um
colega
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
Seno
assim
tiro
pegou
nele
tamém
.
Doc
:
Cidade
muito
violenta
,
né
?
Inf:
É
.
Doc
:
E
a
mulher
dele
,
o
filho
?
Inf:
Tão
lá
.
Tem
quatro
fio
.
Três
muié
e
um
homem
.
Doc
:
Mah
a
senhora
tem
vontade
de
voltar
pra
São
Paulo
?
Inf:
Eu
?
Que
nada
!
passagem
muito
cara
.
Tenho
vontade
de
passear
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
Mah
as
passagem
agora
,
quem
pode
comprar
mais
com
essa
caristia
que
[
inint
]
.
Doc
:
Mah
de
nove
?
Inf:
Mah
de
noventa
.
Doc
:
É
cara
,
né
?
Inf:
Se
é
de
gastar
esse
dinheiro
com
esses
ônibu
,
eu
vou
comer
,
comprar
remédio
,
se
alimentar
,
senão
num
se
miora
não
.
Doc
:
É
.
Inf:
Eu
num
trabaio
,
se
eu
for
pra
lá
os
fio
que
vai
me
dá
.
Aí
pronto
,
pa
dar
trabaio
é
mió
ficar
aqui
.
Doc
:
A
senhora
é
aposentada
é
?
Inf:
Sou
.
Doc
:
E
o
seu
marido
também
?
Inf:
Também
.
Doc
:
Aí
tira
o
dinheirinho
é
bom
né
pra
...
Inf:
Eu
tenho
um
bando
de
fio
,
nesse
tempo
que
tá
essa
caristia
,
né
?
Só
agora
deu
essa
chuva
.
Num
tem
nada
,
a
gente
comprano
de
tudo
,
né
?
Ao
meno
pra
socorrer
um
fio
...
uma
pessoa
que
teja
necessitado
,
né
?
qu’é
que
eu
vou
fazer
daqui
pra
lá
,
né
?
Doc
:
É
.
Má
a
senhora
ajuda
seus
filho
com
o
dinheiro
do
aposento
?
Inf:
Óia
,
essa
aí
mehmo
é
fia
minha
.
Essa
aí
é
neta
.
Doc
:
Essa
é
neta
.
É
que
nessa
seca
né
,
tem
pouco
trabalho
?
Inf:
Ah
,
trabaio
aqui
num
tem
não
.
Agora
tem
num
tá
de
DERBA
aí
.
Entrou
num
DERBA
aqui
,
pa
arar
,
trabaia
um
mês
pra
receber
[
inint
]
,
um
mês
trabaiano
.
Doc
:
Mah
recebeno
todo
mês
dá
pa
fazer
a
feira
,
num
dá
não
?
Inf:
Seis
mil
?
Doc
:
Cem
?
Inf:
Na
caristia
que
tá
a
vida
.
Doc
:
Cem
conto
?
Inf:
Seis
mil
.
Doc
:
Seis
.
oh
meu
!
só
isso
?
Inf:
Apois
,
na
caristia
que
tá
,
numa
casa
que
tem
seis
ou
sete
pessoa
.
Um
mês
recebe
o
seu
dinheiro
na
caristia
que
tá
.
Faltano
de
tudo
,
só
não
água
.
Vai
dar
pra
quê
?
Doc
:
É
.
Inf:
Podera
,
dá
pa
comer
uns
quinze
dia
,
sem
dinheiro
então
...
Doc
:
Ninguém
mais
faz
farinha
,
né
?
Inf:
E
cadê
a
mandioca
?
que
se
acabou
tudo
,
arruinou
.
As
nova
que
tinha
tá
tudo
seca
no
mei
da
roça
,
secou
né
,
foi
num
castigo
mehmo
,
poque
aqui
é
todo
mundo
toma
conta
de
farinha
,
e
a
mandioquinha
nova
deu
um
fogo
,
secou
,
secou
,
secou
mehmo
,
passou
um
fogo
nela
,
só
é
pegano
e
arribano
e
jogano
pra
lá
.
Manaíba
,
ninguém
acha
pa
plantar
,
que
cabou
tudo
.
Doc
:
Manaíba
é
o
que
dona
?
Inf:
Mandioca
.
Doc
:
Ah
é
outo
tipo
de
mandioca
.
Inf:
É
que
a
gente
tira
,
ranca
a
mandioca
e
tira
aqueles
pa
...
pra
plantar
de
novo
.
Doc
:
Ah
,
sim
.
Inf:
Nascer
outa
mandioca
.
Doc
:
Ah
,
é
o
que
usa
pa
plantar
,
né
?
Inf:
É
,
o
aqui
usa
pra
plantar
.
Num
tem
.
Doc
:
E
aí
tem
de
comprar
de
tudo
,
até
a
farinha
.
Inf:
Comprar
tudo
.
Farinha
aqui
sabe
quanto
tá
um
prato
?
Quinhentos
.
Dois
prato
de
farinha
um
mil
cruzeiro
.
Me
diga
?
Doc
:
Não
dá
pra
nada
.
Inf:
Um
quilo
de
feijão
duzentos
e
cinqüenta
,
um
quilo
de
carne
quiento
,
seiscento
.
O
açuque
cento
e
cinquenta
,
cento
e
vinte
.
E
...
e
a
.
e
ninguém
pode
dizer
o
preço
da
sua
feira
porque
...
me
diga
,
vai
dar
pra
quê
?
Doc
:
Num
dá
para
nada
.
Inf:
Um
fraco
num
...
num
passa
fome
?
Passa
.
Doc
:
Passa
.
Inf:
Ninguém
pode
ficar
sem
comer
,
então
comer
mal
,
comer
dá
.
Circ:
E
quem
tem
fio
inda
pior
.
Doc
:
É
que
criança
que
come
muito
,
né
?
Inf:
E
o
rifigelo
daqui
que
tá
dano
agora
é
só
esse
daí
óh
.
Circ:
Eu
por
aqui
mehmo
num
tenho
rifigelo
de
nada
,
is
....
Inf:
Os
povo
...
Circ:
Tou
veno
a
hora
do
DERBA
acabar
e
pronto
,
acabou
.
Se
chover
num
vai
continuar
trabaiano
.
Inf:
Agora
se
chover
não
,
porque
o
povo
aqui
,
muitos
dele
já
tem
feijão
florano
,
outras
coisa
premeiro
,
já
chega
um
feijãozinho
de
corda
,
uma
melancia
,
mas
se
num
tiver
novamente
pronto
...
Doc
:
Mas
já
deu
uma
chuvinha
aqui
,
num
já
?
Inf:
Já
choveu
.
Deu
uma
chuva
boa
.
Aqui
choveu
ne
...
nesse
mês
trazado
.
O
povo
...
nós
plantemo
a
mandioca
,
num
nasceu
nem
um
pé
,
quano
a
chuva
fartou
,
o
sol
caiu
em
cima
,
pronto
,
agora
tudo
esmigaiado
.
Doc
:
Hum
.
Mah
esses
dias
num
choveu
mais
não
?
Inf:
Se
não
chover
aqui
já
foi
que
dia
a
chuva
daqui
...
quinta-feira
[
inint
]
a
chuva
nem
fez
[
inint
]
.
Doc
:
É
porque
aqui
tá
até
verdinho
,
né
?
Inf:
Áh
,
foi
tá
ver
...
deu
uma
chuvinha
boa
.
Circ:
Deu
uma
chuva
,
deu
uma
chuva
boa
aqui
quarta-feira
.
Doc
:
Que
tem
lugar
que
tá
pior
,
num
tem
nem
água
,
pelo
menos
tem
água
,
né
?
Circ:
Tem
o
rio
.
Inf:
Aqui
tem
muita
água
.
[
inint
]
tem
um
bando
de
água
.
Mas
,
morreu
o
que
tinha
.
Agora
aqui
pra
baixo
,
lá
pra
baixo
tá
tudo
cheio
,
pra
lá
tá
cheio
.
Doc
:
Vem
muita
gente
buscar
água
aí
,
né
?
Inf:
Aqui
?
Doc
:
Sim
.
Inf:
É
,
o
carro
que
tava
botano
.
Doc
:
Os
carro
vem
pegar
?
Inf:
É
,
pega
água
o
B
.
e
bota
nas
casa
,
na
citerna
.
Doc
:
Pega
pr’aqui
tamém
ai
no
rio
.
Eles
pega
no
rio
e
sai
botano
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
nas
casa
.
Doc
:
Áh
é
bom
que
num
...
num
precisa
ficar
carregano
na
cabeça
.
Inf:
Ave
!
Aqui
não
qu’é
perto
do
rio
,
e
esses
povo
pra
dento
,
lá
pra
longe
.
Doc
:
É
Inf:
Lá
pro
lado
de
Braúna
,
nesse
mundo
aí
pra
dento
.
Doc
:
O
pessoal
de
Braúna
também
usa
água
daqui
,
né
?
Inf:
É
.
Quano
assim
na
chegada
você
vê
o
rio
.
Daqui
,
do
...
do
rio
branco
de
lá
da
...
todo
lado
.
Doc
:
E
a
senhora
já
pegou
muita
água
na
cabeça
?
Inf:
Já
,
aqui
todo
mundo
pega
mais
muito
peso
na
cabeça
aqui
.
Circ:
Num
pega
mais
poque
tem
a
cisterna
.
Inf:
É
.
Doc
:
Aí
enche
,
né
?
Inf:
Quane
tá
cheia
,
agora
quane
seca
,
pega
muita
corrida
na
cabeça
.
Circ:
É
.
Doc
:
Até
hoje
a
senhora
pega
?
Circ:
Pega
.
Inf:
[
ri
]
.
Doc
:
E
ainda
guenta
?
Inf:
Oh
que
jeito
,
num
teimo
não
,
no
dia
qu’eu
num
guento
eu
pago
,
ah
menina
bota
.
Doc
:
Hum
.
Mais
a
sua
saúde
está
boa
,
né
?
Inf:
Hum
.
Doc
:
A
saúde
?
Inf:
Que
saúde
!
Eu
vivo
aí
apusso
,
a
foça
,
doente
,
a
gente
doente
,
doente
vai
ter
saúde
pra
que
,
né
?
Doc
:
É
.
Mas
a
senhora
tem
um
problema
de
saúde
,
que
do
...
Inf:
Tenho
.
Eu
sofre
...
o
que
me
ataca
mais
é
essa
agonia
qu’eu
tou
com
ela
,
esse
negócio
aqui
oh
.
E
agora
isso
me
toma
uma
dor
por’aqui
pelas
costa
,
por
tudo
.
Mas
na
hora
que
me
passa
,
eu
faço
tudo
.
E
fraca
que
num
posso
me
alimentar
,
num
sei
,
dizeno
meu
Deus
,
eu
comia
tanta
coisa
.
Doc
:
Hum
,
hum
.
E
já
foi
no
médico
a
senhora
?
Inf:
Tem
uma
doutora
aqui
que
já
fui
,
já
se
consutei
quatro
vez
,
vai
fazer
quato
,
num
cabou
a
agonia
[
inint
]
.
Aí
é
tomano
,
acabou
a
mulé
,
ainda
acabo
mais
de
morrer
.
Doc
:
É
pior
?
Inf:
Tem
um
doutor
,
tratou
lá
mehmo
pa
Jacobina
,
se
consultei
cinco
vez
,
ele
queria
do
fim
...
a
derradeira
,
ele
disse
qu’eu
num
tinha
doença
não
,
qu’eu
num
tinha
nada
.
A
pretinha
aqui
,
quis
me
levar
pa
Jacobina
,
passei
internada
seis
dias
.
E
lá
taha
bom
,
quondo
cheguei
aqui
,
piorou
tudo
.
Doc
:
Quer
dizer
qu’ele
disse
que
a
senhora
num
tem
nada
?
Inf:
É
,
aí
fui
pa
São
Paulo
,
fiquei
lá
,
uns
três
mês
em
São
Paulo
.
Me
consurtei
cinco
vez
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Fiz
exame
de
fezes
,
fiz
exame
de
urina
,
de
tudo
,
de
sangue
.
Tiraru
o
sangue
aqui
nesse
braço
aqui
,
que
ficou
preto
,
daqui
pr’aqui
ficou
mais
preto
do
que
com
tinta
.
Num
deu
nada
nos
exame
.
Cinco
consurta
e
nunca
me
disseru
nada
,
e
tou
nas
mehma
coisa
que
...
que
fui
...
comprar
mais
uns
remédo
.
Eu
tive
que
comprar
os
remédo
até
de
...
de
num
sei
quanto
.
Eu
vou
deixar
de
tomar
.
As
vez
eu
falo
,
xingo
,
as
menina
briga
.
Não
adianta
a
...
porque
as
vez
[
inint
]
quando
tá
doente
que
toma
os
remédios
quer
miorar
não
piorar
,
né
?
Doc
:
É
,
remédio
que
piora
é
porque
tem
que
deixar
de
tomar
.
Se
tá
piorando
porque
tem
algum
problema
,
né
?
Inf:
Mas
o
povo
diz
qu’é...é...essa
[
inint
]
eu
nunca
vi
essa
...
esses
male
,
doer
e
passar
,
doer
e
passar
.
Doc
:
Do
estômago
?
Inf:
Sim
.
Doc
:
Diz
que
é
no
estômago
.
Inf:
Num
tá
veno
aqui
[
aponta
]
essa
dozinha
aqui
[
inint
]
tá
veno
aqui
?
Doc
:
Ham
,
é
.
Inf:
Tive
uma
dozinha
aqui
.
Doc
:
É
embaixo
,
no
intestino
,
perto
do
intestino
.
É
,
realmente
.
Inf:
Dói
,
dia
essa
dozinha
some
,
me
ataca
,
me
ataca
,
me
ataca
.
A
vez
que
passa
,
três
dia
,
quato
dia
,
oito
dia
.
[
inint
]
e
pego
a
me
encher
a
boca
d’agua
...
encher
a
boca
d’água
e
amanhã
,
eu
provoco
e
passa
.
Doc
:
E
os
médicos
num
descubriru
?
Inf:
Disse
que
nunca
,
nunca
....
Desses
tudo
,
nunca
teve
um
pa
e
[
inint
]
.
Doc
:
E
curador
,
a
senhora
já
foi
a
algum
curador
?
O
povo
daqui
parece
que
gosta
de
curador
.
Inf:
Já
,
foi
ne
curador
,
o
cur
...
o
curador
me
disse
qu’eu
tenho
é
a
dona
do
corpo
.
Doc
:
O
que
é
a
dona
do
corpo
?
[
ri
]
é
o
espírito
?
Inf:
Não
.
A
dona
do
corpo
é
...
é
esse
...
a
gente
sem
ela
,
né
?
a
dona
do
corpo
.
Doc
:
Ham
.
Inf:
Ele
disse
a
mãe
do
corpo
,
ele
disse
a
mãe
do
corpo
.
O
doutor
chama
mãe
do
corpo
.
Circ:
Por
lá
é
a
dona
do
corpo
.
Inf:
É
,
aqui
ele
chema
a
dona
do
corpo
.
Circ:
E
nós
todo
tem
ela
.
Inf:
Nós
todo
tem
,
toda
muié
tem
.
Doc
:
Toda
muié
tem
,
e
homem
num
tem
não
?
Circ:
Disseru
pra
mim
,
qu’ela
é
igual
a
menina
.
Inf:
Ela
,
ela
caminha
no
corpo
igual
a
menina
.
Ela
tem
raiz
que
nem
um
pé
de
pau
.
Doc
:
Anda
no
corpo
todo
?
Inf:
Todo
,
no
corpo
todo
,
qu’ela
espaia
no
corpo
.
Doc
:
E
como
sara
...
aí
eles
disseru
isso
?
Inf:
Não
.
Doc
:
O
curador
que
disse
?
Inf:
O
cura
...
é
o
curador
que
disse
.
Doc
:
E
num
tem
cura
?
Inf:
Hum
.
Tem
sim
.
Aí
só
me
dou
com
remédio
do
mato
.
Circ:
Só
serve
o
remédio
do
mato
.
Doc
:
A
senhora
toma
que
remédio
de
mato
assim
?
Inf:
Essas
foia
do
mato
,
essa
árves
.
Folha
[
inint
]
eu
vejo
,
ela
só
matava
assim
.
Doc
:
Ham
.
Inf:
[
inint
]
era
dessa
tamainho
[
inint
]
eu
vejo
ela
aqui
aí
espaia
.
Doc
:
E
pra
o
que
...
que
parece
um
caroço
?
Inf:
É
o
que
parece
um
caroço
.
Doc
:
Aí
anda
seu
corpo
todo
?
Inf:
Olha
aqui
ela
...
olha
cá
...
aqui
a
senhora
vê
ela
aqui
.
Assim
num
vê
não
.
Óh
véa
,
eu
tou
magra
demais
.
Doc
:
E
a
senhora
emagreceu
assim
por
causa
do
...
do
...
desse
problema
,
foi
?
Circ:
É
esses
negócio
qu’ela
sente
.
Inf:
Bota
a
mão
aqui
,
encarque
bem
aqui
que
ver
ela
melhor
,
peraí
.
Doc
:
Aí
me
dá
uma
agonia
.
Inf:
Encarque
bem
.
Se
senta
aí
,
ói
.
Doc
:
Ham
!
Ham
.
Inf:
Aí
mexe
no
corpo
todo
.
Doc
:
É
.
Ela
mexe
e
caminha
...
aqui
ne
minha
barriga
assim
.
Ela
zoa
.
Circ:
Ela
...
ela
anda
o
corpo
todo
,
ela
anda
o
corpo
todo
o
corpo
todo
.
Anda
a
barriga
,
no
espinhaço
,
no
corpo
todim
,
inté
nos
braço
.
Inf:
Conde
eu
tou
deitada
e
boto
a
mão
pa
que
[
inint
]
...
Doc
:
Ah
.
Inf:
...
que
nem
pipoca
[
inint
]
.
Ela
fica
...
Doc
:
A
senhora
acha
que
foi
problema
por
isso
,
né
?
Inf:
É
,
só
se
começou
acentuar
n’outas
coizinha
[
inint
]
.
Doc
:
E
o
povo
daqui
gosta
muito
de
curador
é
?
Inf:
Gosta
.
Doc
:
Tem
muito
curador
por
aqui
?
Inf:
Tem
pouco
.
Doc
:
Tem
pouco
,
a
...
aqui
mehmo
na
Piaba
tem
algum
?
Inf:
D.
Doc
:
E
são
bons
os
cur
...
são
bom
?
Inf:
É
bom
,
porque
eles
trabalham
muito
,
né
?
Quem
que
vai
muito
...
Que
toda
vez
vem
gente
de
Feira
de
Santana
desse
mundo
todo
vem
.
[
inint
]
tem
outa
tamém
,
tem
...
tem
muita
gente
que
tem
se
dado
muito
bem
,
né
?
Não
pode
falar
nada
.
Das
vez
vem
,
o
problema
que
veio
sara
...
e
num
tem
mah
nada
:
é
doido
,
é
dor
,
pond’ele
quiser
.
Doc
:
Até
doido
?
Inf:
Até
doido
.
Doc
:
A
senhora
já
viu
um
doido
se
curar
aqui
no
curador
?
Inf:
Ave
Maria
!
aqui
tem
de
diverso
deles
ainda
.
Doc
:
Que
o
curador
faz
o
que
?
passa
remédio
,
reza
?
Inf:
Reza
,
passa
remédio
,
em
casa
não
tem
curador
não
?
Doc
:
Tem
,
tem
mas
tem
mais
assim
::
o
pessoal
que
faz
o
trabalho
,
o
pessoal
daqui
faz
o
trabalho
também
?
Inf:
Faz
trabalho
.
Doc
:
Com
galinha
.
Inf:
Faz
.
Doc
:
Com
carneiro
?
Inf:
Faz
.
Doc
:
Lá
tem
mais
assim
.
Inf:
Aqui
também
tem
também
assim
.
Eles
tira
o
que
num
presta
[
inint
]
.
Tem
muita
desgraça
...
Doc
:
Reza
muito
.