Nome
:
A
.
de
J
.
Local
de
nascimento
:
Idade
:
65
anos
Sexo
:
feminino
Nível
de
escolaridade
:
analfabeta
Doc
:
A
senhora
pode
dizer
seu
nome
,
de
novo
.
Inf
:
Meu
nome
?
Doc
:
Sim
.
Inf
:
A
.
Doc
:
A
.
Inf
:
de
J
.
Doc
:
Certo
.
Quantos
anos
a
senhora
tem
?
Inf
:
Oh
!
Tava
dentro
de
sessenta
e
três
,
agora
eu
penso
que
já
tenha
mais
.
[
rindo
]
Doc
:
Certo
.
Pelas
contas
,
acho
que
a
senhora
já
tem
sessenta
e
cinco
.
Inf
:
É
,
já
,
né
?
Doc
:
É
.
Inf
:
Eu
tava
sabeno
que
já
tinha
aumentado
.
Foi
...
será
que
foi
ano
passado
?
Doc
:
Sessenta
e
quatro
pra
sessenta
e
cinco
.
Inf
:
Eu
nasci
dia
de
São
José
...
Doc
:
Hum
.
Inf
:
...
da
Coresma
,
não
sei
se
assentaru
aí
...
Doc
:
Hum
.
Inf
:
...
de
Março
Doc
:
A
senhora
recebeu
esse
nome
por
sua
mãe
?
Inf
:
Essse
de
A
.?
Doc
:
Sim
.
Inf
:
Na
igreja
.
Doc
:
É
.
Inf
:
Foi
.
Agora
me
chamam
A
.,
A
.,
apelido
.
Doc
:
E
por
quê
?
Inf
:
Oh
!
Quando
eu
fui
tirar
meu
registro
foi
qu’eu
achei
lá
na
igreja
o
batistério
.
Aí
ficam
me
chamano
,
mas
aqui
só
chamam
A
.,
A
.,
apelido
.
Não
tem
gente
que
bota
os
filho
e
só
chamam
de
apelido
,
não
é
?
Mas
o
meu
verdadeiro
é
esse
aí
,
e
[
inint
]
.
Eu
só
sube
porque
fui
me
aposentar
,
aí
tiraru
meus
documento
.
Aí
foi
que
eu
sube
,
mas
num
sabia
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
Ah
!
Esse
povo
,
povo
pra
trás
,
óh
,
num
ligavam
nada
não
.
Aí
foi
quondo
eu
sube
,
mas
muita
gente
aqui
num
me
chama
,
agora
em
todo
canto
só
...
só
me
atende
por
A
.
Doc
:
A
senhora
gosta
do
seu
nome
?
Inf
:
Eu
gosto
,
né
?
[
rindo
]
Tem
muita
gente
que
acha
bonito
,
lá
no
São
Paulo
também
“oh
!
Do
na
A.”
,
as
muié
é
...
“a
senhora
com
esse
nome
bonito”
.
E
vieru
chama”
eu
digo
“oh
!
chama
desse
jeito”
.
“E
o
nome
da
senhora
é
bonito”
.
Doc
:
É
...
a
senhora
nasceu
aqui
?
Inf
:
Foi
.
Nasci
e
me
criei
Doc
:
Aqui
em
Tapera
?
Inf
:
Foi
.
Doc
:
Certo
.
E
os
seus
pais
são
daqui
?
Inf
:
Meus
...
tudo
também
daqui
,
era
morador
daqui
tudo
,
nunca
sairu
pa
canto
nenhum
.
Doc
:
Sei
.
Inf
:
Foi
.
Doc
:
E
a
senhora
sabe
por
que
esse
nome
Tapera
?
Inf
:
Se
eu
sei
?
Doc
:
Sim
.
Aqui
,
o
lugarejo
,
por
que
tem
esse
nome
?
Inf
:
Num
sei
.
Agora
aí
,
só
o
povo
mais
véi
,
né
,
que
sabe
.
Eu
mesmo
num
sei
.
Agora
nós
aqui
,
já
mora
aqui
,
Tapera
,
dessa
rodagem
pra
lá
e
aqui
já
chama
fazenda
Jipinho
,
que
é
outro
terreno
,
né
?
Doc
:
Sei
.
Inf
:
Mas
eu
penso
que
nom
assentaru
aqui
.
Doc
:
Mas
é
tudo
Tapera
?
Inf
:
É
tudo
Tapera
,
mas
aqui
que
era
outro
terreno
,
aí
aqui
fazenda
Jipinho
e
Umbuzeiro
,
aqui
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
Mas
é
tudo
Tapera
.
Doc
:
Certo
.
E
sua
mãe
teve
quantos
filhos
?
Inf
:
É
...
só
homem
foi
sete
e
três
muié
,
já
morreru
tudo
e
só
tem
de
resto
de
muié
,
eu
,
que
sou
a
caçula
,
morreu
o
caçulo
e
só
ficou
agora
três
.
Morreru
tudo
,
tá
com
oito
dia
morreu
um
,
num
foi
?
Circ
:
Quinze
dia
.
Inf
:
Quinze
dia
morreu
um
.
Esse
aí
meu
,
pendeu
cinco
ano
e
o
{
[
inint
]
que
eu
tinha
}
,
morreu
aqui
dentro
de
casa
,
era
moça
velha
,
nunca
casou
,
morreu
.
Rolou
três
anos
enrriba
da
cama
também
,
aí
depois
De
us
levou
.
Fiquei
eu
mais
o
[
inint
]
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
Os
outro
só
tinha
...
só
tinha
um
homem
e
uma
muié
.
Um
em
São
Paulo
e
a
outra
mora
pra
açulá
mais
Muriti
e
eu
moro
mais
meu
fio
.
Quando
eu
fui
pra
São
Paulo
,
ele
foi
mais
eu
.
Aí
depois
ele
veio
s’embora
e
eu
doida
pra
voltar
com
mode
dele
e
com
pena
que
deixei
o
outro
lá
sozinho
,
que
a
mulher
do
outro
lá
morreu
de
repente
do
coração
.
E
tem
dia
que
eu
fico
imaginano
meu
fio
.
Doc
:
A
senhora
conheceu
seu
marido
aqui
?
Inf
:
Ele
mora
bem
ali
naquela
casa
que
tem
pra
...
a
senhora
passa
por
lá
hoje
.
Ele
não
é
daqui
não
,
ele
é
de
outro
lugar
[
inint
]
Aí
me
deixou
,
pegou
outra
prima
,
uma
filha
[
inint
]
Ele
é
aleijado
de
uma
das
mãos
,
a
senhora
vai
pra
lá
,
aí
conhece
quem
é
.
Não
tem
uma
das
mão
não
.
Só
tem
dois
dedo
,
parece
o
três
que
ele
foi
carregou
essa
outra
e
foi
pra
São
Paulo
,
e
lá
foi
trabaiar
se
aleijou
e
eu
fiquei
que
esse
menino
e
mais
o
mais
véi
e
a
menina
,
a
moça
.
Essa
casinha
quem
fez
fui
eu
mais
meus
fio
trabaiano
na
enxada
e
o
outro
mais
velho
que
tinha
,
era
trabaiano
.
Quando
deixou
,
tadinho
,
quebrou
até
o
osso
da
fome
pra
fazer
carvão
de
vender
pa
sustentar
esse
outro
,
que
esse
outro
ficou
engatinhano
.
Eu
comi
foi
fogo
,
trabalhar
pa
sustentar
essa
famia
,
mas
graças
a
De
us
nunca
dei
pra
ruim
e
nem
nunca
quis
saber
de
diabo
de
home
.
Doc
:
E
o
seu
marido
casou
com
a
senhora
jovem
?
Inf
:
Era
,
mas
pegou
a
se
iludir
,
que
a
senhora
sabe
os
home
de
hoje
como
é
?
Se
iludiu
com
essa
outra
pra
lá
.
Eles
moram
aí
perto
.
Doc
:
A
senhora
acha
que
antigamente
existia
mais
respeito
no
casamento
?
Inf
:
Graças
a
De
us
me
respeitei
,
aí
até
hoje
.
Doc
:
Eu
digo
assim
...
o
seu
pai
e
sua
mãe
viveram
juntos
até
o
final
da
vida
?
Inf
:
Foi
,
meu
pai
foi
mais
minha
mãe
,
nunca
desarpartaru
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
De
jeito
nenhum
e
eram
unido
.
Esse
povo
pra
trás
num
era
assim
,
mas
hoje
...
Aí
eu
fiquei
,
óh
,
a
casinha
já
tava
pra
cair
,
tou
imaginano
pa
fazer
outra
de
novo
mais
meu
fio
e
esse
...
e
esse
menino
,
esse
que
tá
pra
São
Paulo
foi
e
casou
com
a
filha
que
ela
criava
,
tá
!
repara
as
coisa
como
é
?
Doc
:
Hum
.
Inf
:
E
quando
passou
uns
tempo
,
pegou
a
viajar
pra
São
Paulo
,
viajar
pra
São
Paulo
.
Aí
depois
largou
,
deixou
ela
e
pegou
outra
lá
,
essa
que
morreu
lá
.
E
a
menina
tem
quatro
mocinha
,
tem
duas
moça
já
e
um
rapaz
e
outro
rapaizinho
.
Ainda
ontem
eles
sairu
daqui
de
casa
,
me
querem
bem
e
eu
quero
bem
e
ela
também
,
já
tá
com
outro
também
.
Doc
:
Então
quer
dizer
que
o
casamento
hoje
em
dia
...?
O
que
a
senhora
acha
do
casamento
de
hoje
?
Inf
:
Tão
bom
viver
,
sei
lá
como
é
,
e
eu
não
queria
,
viu
,
porque
já
tinha
a
mãe
dela
,
já
tinha
feito
assim
,
né
?
Ói
,
e
o
menino
fez
do
mesmo
jeito
.
Tá
veno
as
coisa
como
é
?
Doc
:
Hum
.
Inf
:
Mas
eu
não
quero
mal
a
meus
neto
,
porque
ele
são
aducado
comigo
,
ela
também
é
boinha
comigo
,
nunca
fiquemo
de
mal
querência
não
,
eu
mais
ela
.
Doc
:
Sei
.
Inf
:
Ela
muito
boa
comigo
,
mas
a
gente
não
tem
o
que
fazer
,
por
meu
gosto
ele
não
tinha
largado
não
,
mas
ninguém
tem
o
que
fazer
,
não
é
?
E
essa
de
lá
,
tadinha
morreu
de
repente
,
nova
com
quarenta
ano
.
Doc
:
A
senhora
teve
seus
filhos
todos
normais
,
dona
?
Inf
:
Foi
,
foi
.
Tudo
aqui
,
num
preciso
ir
pa
mão
de
médico
não
.
Doc
:
Como
é…
como
era
o
parto
naquela
época
?
Inf
:
Ave
Maria
!
Aí
eu
rolei
desse
mais
véi
três
dia
com
três
noite
e
a
casa
cheia
de
gente
e
eu
inchei
toda
que
fiquei
como
um
pilão
,
inchada
.
Pensei
de
não
escapar
,
mas
nesse
tempo
não
tinha
médico
.
Doc
:
Sim
.
Inf
:
A
gente
que
era
as
parteira
mesmo
,
fiquei
inrriba
da
cama
um
meise
toda
doente
e
era
com
febre
,
e
era
dor
de
cabeça
.
Oh
!
eu
acho
que
inda
hoje
eu
sou
doente
mode
isso
aí
,
porque
adepois
eu
mais
esses
meninos
,
nós
botava
roça
era
de
cinco
,
seis
tarefa
e
eu
agarrada
na
enxada
,
na
enxada
.
Não
,
nunca
dei
ousadia
a
ninguém
falar
de
mim
,
trabalhei
,
ainda
hoje
tou
trabaiando
assim
mesmo
velha
.
Doc
:
Então
quer
dizer
que
seu
pai
já
vivia
aqui
,
trabalhando
na
roça
?
Inf
:
Era
,
de
roça
,
era
de
roça
,
tadinho
,
que
ele
não
tinha
outro
mei
nesses
tempo
,
não
tinha
aposento
,
num
tinha
nada
.
Doc
:
Como
era
aqui
antigamente
?
Tinha
muita
mata
?
Inf
:
Ave
Maria
!
Aquilo
tudo
era
mata
,
óia
.
Era
mata
bruta
.
Tudo
era
mata
,
mas
foi
tudo
roçado
pra
fazer
roça
,
mas
era
tudo
mata
,
aqui
tudo
era
...
Tudo
era
mata
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
Eu
sou
casada
com
ele
no
padre
.
Doc
:
E
o
que
é
que
vocês
plantam
?
Inf
:
Hum
.
Doc
:
O
que
é
que
vocês
plantam
?
Inf
:
Se
é
o
quê
?
Doc
:
Vocês
plantam
é
milho
,
o
que
é
aqui
?
Inf
:
Feijão
,
milho
,
feijão
de
corda
,
tudo
nós
planta
aqui
.
Mandioca
agora
que
a
gente
tá
na
escassa
de
chuva
que
ninguém
mais
plantou
mandioca
,
mas
nós
plantava
de
tudo
.
Doc
:
Sei
.
Inf
:
Ainda
hoje
nós
tamo
prantano
milho
,
feijão
,
só
não
feijão
de
corda
que
não
prantamo
esse
ano
,
mas
eu
gosto
de
pranta
minhas
coisa
.
Doc
:
E
vocês
recebem
ajuda
do
governo
pra
plantação
?
Inf
:
Não
senhora
.
Doc
:
Não
recebe
ajuda
nenhuma
?
Inf
:
Não
,
não
,
só
de
De
usu
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
É
,
nós
não
recebe
ajuda
de
nada
,
e
meu
aposentinho
...
Doc
:
Hum
.
Inf
:
...
qu’eu
tiro
só
cento
e
oitenta
,
só
.
Doc
:
E
a
terra
?
Inf
:
Não
recebe
ajuda
nada
.
Doc
:
E
a
terra
antigamente
era
melhor
do
que
a
de
hoje
?
Ou
continua
a
mesma
coisa
?
Inf
:
Eu
acho
que
a
de
hoje
é
melhor
,
de
premeiro
num
tinha
negócio
de
arado
,
de
boi
pra
terra
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
E
as
terrinha
era
tudo
fraquinha
e
eles
prantavam
poquim
,
tadinho
só
na
enxada
.
E
agora
o
povo
tá
tudo
aumentado
.
Tem
seus
arado
.
Tem
tudo
limpano
na
enxada
,
num
instante
pranta
a
terra
e
cuida
.
Mas
nós
aqui
ajuda
só
de
Nosso
Senhor
.
Doc
:
E
da
plantação
...
Inf
:
De
outra
coisa
não
,
de
governo
não
,
só
do
aposento
,
não
é
?
De
sse
daí
não
falta
com
fé
em
De
us
.
Se
não
fosse
aposento
,
inda
imagino
,
nós
tava
aqui
,
nós
não
tem
ganho
,
né
?
Meu
filho
não
tem
ganho
,
não
tem
nada
.
Só
trabalhano
na
enxada
e
diz
quem
é
aposentada
e
tem
filho
den’d’casa
que
eles
não
dão
ganho
.
Assim
eu
vejo
dizer
,
eles
falaru
aí
.
E
assim
o
que
eu
como
mais
ele
,
nós
come
com
fé
em
De
us
.
De
us
não
faltano
,
De
us
ajudano
que
não
corte
nosso
aposento
é
o
que
eu
quero
,
meu
Pai
do
céu
.
Doc
:
E
seus
pais
criavam
algum
animal
na
época
?
Inf
:
Criavam
negócio
aí
,
um
jeguinho
,
que
não
se
podia
comprar
nada
,
era
só
que
criava
,
tadinho
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
Um
animalinho
assim
,
criaru
umas
criaçãozinha
,
só
.
Doc
:
E
como
é
que
faziam
pra
viajar
?
Inf
:
Que
!
Não
viajava
não
,
pra
canto
nenhum
.
Só
era
mesmo
pra
ir
montado
daqui
pra
feira
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
Não
viajava
não
,
meu
pai
não
viajava
não
.
Era
trabalhano
na
roçinha
dele
.
Morreu
,
trabalhano
na
roça
,
no
dia
que
chegou
da
roça
bem
cedo
,
no
outro
dia
amanheceu
revirado
.
Trabalhano
,
coitadinho
.
Foi
um
ano
de
soli
,
os
legume
nós
tivemo
muito
pouquinho
,
esse
ano
mesmo
.
Nós
já
tava
tudo
.
Valeime
meu
filho
,
se
nós
não
temo
legume
,
hem
!
Nós
não
vamo
morrer
,
porque
ele
não
tem
emprego
,
ele
não
tem
ganho
de
nada
,
emprego
de
nada
.
Só
o
aposento
meu
assim
,
oh
,
pra
compra
remédio
e
fazer
feira
e
comprar
uma
roupinha
,
né
?
Doc
:
Sei
.
Inf
:
Não
sei
não
.
Foi
De
us
que
ajudou
que
choveu
e
tá
choveno
e
agora
tou
imaginano
pra
fazer
essa
casa
.
Doc
:
E
dá
bicho
,
assim
,
na
plantação
?
Inf
:
Hum
?
Doc
:
Dá
bicho
na
plantação
?
Inseto
?
Inf
:
Dá
aí
.
A
lagarta
acabou
com
tudo
.
A
senhora
vê
,
tem
ano
que
é
sadio
,
mas
outro
ano
...
Esse
ano
tá
,
tem
umas
abrobrera
lá
comeu
toda
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
A
lagarta
num
deixou
.
Ninguém
pode
comprar
remédio
.
Doc
:
Como
é
que
faz
?
Inf
:
Ninguém
pode
comprar
remédio
,
veneno
,
tem
gente
que
envenena
.
Doc
:
Nem
recebe
?
Inf
:
Mas
não
pode
comprar
,
fica
aí
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
O
que
for
da
gente
De
us
deixa
.
Doc
:
Sei
.
E
pra
casar
antigamente
como
é
que
fazia
?
Inf
:
Hum
.
Doc
:
Pra
casar
?
Casava
aqui
mesmo
?
Inf
:
Na
igreja
.
Eu
mesmo
casei
na
igreja
.
Agora
meu
casamento
foi
aqui
eu
junto
com
uma
prima
,
foi
aqui
nessa
capelinha
que
a
senhora
passou
no
brejim
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
Teve
uma
missa
aí
,
aí
fizeru
,
parece
bem
,
uns
três
casamento
aí
no
brejim
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
Foi
.
Mas
nesse
tempo
o
povo
num
casava
em
civili
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
Só
era
no
padre
.
Eu
casei
com
o
padre
chamado
José
,
esse
padre
era
de
Portugal
já
morreu
,
antigo
,
era
um
padre
bom
.
Meus
fio
foi
batizado
com
ele
ainda
,
nesse
padre
.
Doc
:
E
essas
terras
aqui
,
tinha
,
assim
,
um
dono
da
terra
?
Assim
tipo
um
fazendeiro
qualquer
coisa
,
assim
,
vocês
trabalhavam
pra
pessoa
?
Inf
:
Essas
terras
aqui
nós
compremos
foi
com
o
Pedrão
.
Ele
mora
na
rua
,
foi
.
Ele
comprou
um
terreno
com
dona
Celina
,
aí
ficou
vendeno
aos
pouquinho
.
A
gente
aí
,
nós
mesmo
...
comprei
...
Doc
:
Hum
.
Inf
:
...
doze
tarefa
,
a
outra
fica
pr’aí
,
tudo
é
doze
tarefa
.
Nós
compremo
.
Essa
terra
nós
paguemo
com
dinheiro
de
feijão
de
corda
.
[
rindo
]
Trabaiei
na
enxada
.
Eu
trabaiei
de
barriga
desse
meu
menino
mais
véi
.
Trabaiei
com
um
barrigão
pra
comprar
meu
pedacinho
de
terra
,
pra
não
deixar
ele
no
meio
do
mundo
.
Quando
eu
morrer
pra
deixar
aí
pra
eles
...
Doc
:
Hum
.
Inf
:
...
De
us
quiser
Doc
:
Então
quer
dizer
que
a
senhora
sempre
trabalhou
,
né
?
Inf
:
Ave
Maria
!
Eu
trabalhava
desde
nova
,
que
nós
não
tinha
outro
mei
de
nada
,
óh
!
Nós
puxava
,
eu
mesmo
pra
criar
esse
menino
,
ói
!
Nesse
tempo
tinha
na
casa
de
farinha
,
mas
era
de
roda
,
nós
traba
...
eu
e
mais
esta
irmã
que
morreu
,
nós
puxava
era
roda
,
ói
!
E
o
mais
véim
mexeno
no
forno
e
quando
era
dia
de
sábo
choveno
que
era
tempo
de
chuva
,
eu
ia
pa
rua
ói
!
Pegava
dez
beiju
de
forno
que
a
senhora
não
sabe
,
pegava
fazia
de
noite
dez
beiju
de
forno
,
quando
acabava
,
ói
,
pegava
dez
quilo
de
farinha
,
levava
na
cabeça
pra
compra
o
arranjim
pa
meus
filho
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
E
quando
era
na
semana
na
enxada
de
novo
.
Quando
era
toda
quintafeira
na
...
arrancava
mandioca
pra
fazer
.
Mas
graças
a
De
us
nem
nunca
pedi
nada
a
ninguém
,
nem
nunca
pedi
esmola
nem
a
de
chegar
,
Meu
Pai
do
céu
.
Doc
:
Como
é
que
faz
a
farinha
?
Inf
:
Mexeno
,
de
rodo
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
Mas
agora
as
casa
de
farinha
já
té
é
essas
outra
,
deferente
.
Mas
antigamente
as
casa
de
farinha
era
a
gente
mexia
,
fazia
o
forno
e
mexia
de
rodo
com
a
vara
,
ói
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
Era
e
nós
mexa
,
por
isso
que
apoiei
muita
doença
que
hoje
eu
sou
doente
das
perna
,
saia
,
partia
na
lama
,
tomava
quentura
de
forno
a
noite
toda
e
ia
pa
lamona
,
eu
digo
,
ói
,
por
isso
que
quando
a
gente
fica
de
idade
,
fica
aleijado
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
Eu
mesmo
ando
é
doente
,
sinto
tontura
,
sinto
Ave
Maria
!
Faço
as
coisas
porque
não
tem
jeito
.
Eu
não
tenho
paciência
pra
tá
em
casa
,
tenho
nada
,
só
tou
bem
se
tou
na
minha
rocinha
,
pois
é
?
Futucano
minha
roça
,
não
tenho
paciência
.
Doc
:
Então
quer
dizer
que
aqui
não
tem
médico
aqui
,
não
?
Não
vem
médico
aqui
não
?
Inf
:
Só
tem
na
rua
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
Não
vem
pr’aqui
não
,
no
mato
eles
não
vem
não
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
Só
tem
na
rua
,
às
vez
,
ói
,
como
eu
fui
na
semana
passada
,
não
pude
comprar
o
remédio
.
Só
comprei
o
da
pressão
.
Inda
tem
outro
pra
tomar
e
comprar
.
Agora
quando
eu
tiver
meu
dinheirinho
,
De
us
quiser
aí
eu
compro
.
Doc
:
E
o
que
que
a
senhora
sente
,
assim
,
dona
?
Inf
:
Eu
,
óh
,
sinto
umas
dor
por
...
por
aqui
pelos
peito
,
sinto
uma
tontura
e
a
dor
no
rim
.
Tem
vez
que
a
boca
amarga
...
Doc
:
Hum
.
Inf
:
...
E
dor
nas
cadeira
.
É
o
que
eu
sinto
mais
e
quase
toda
semana
.
Agora
porque
eu
tou
tomano
esse
remédio
,
um
pau
de
remédio
doido
,
quebrapeda
que
eu
acho
que
a
senhora
não
sabe
o
que
é
isso
.
Doc
:
Conheço
.
Inf
:
Conhece
.
Ainda
ontem
eu
fui
ver
um
bocado
,
pa
fazer
,
que
todo
dia
eu
tomano
,
eu
mais
ele
.
Doc
:
E
onde
é
que
a
senhora
aprende
,
assim
,
as
ervas
pra
doença
?
Inf
:
Na
cabeça
mesmo
Doc
:
A
senhora
não
aprendeu
com
sua
mãe
e
seu
avô
,
não
?
Inf
:
Não
senhora
,
não
.
A
gente
vai
nos
lugar
vê
aqueles
povo
véi
falano
,
né
?
A
gente
vai
botano
na
cabeça
,
quando
chega
em
casa
vai
fazeno
.
Doc
:
Hum
.
Quais
são
os
tipos
de
ervas
que
a
senhora
conhece
?
Inf
:
Ói
!
ói
!
Se
eu
for
contar
,
não
tenho
nem
mais
cabeça
mais
pra
dizer
,
óh
!
É
[
inint
]
quebrapedra
...
Doc
:
Hum
.
Inf
:
...
e
jatobá
.
E
o
que
era
mais
meu
pai
...
é
folha
miúda
,
um
pau
chamado
pinapina
e
quebrafacão
e
outro
que
me
ensinaram
,
mas
esse
aí
tem
tudo
no
Raso
.
Sipipira
,
anjico
,
eu
faço
tudo
.
De
cada
um
pé
de
pau
,
eu
rapo
uma
rapinha
e
encho
a
panela
.
Quando
acaba
,
cozinho
,
coou
,
aí
depois
que
freve
de
novo
,
aí
eu
boto
o
açúcar
,
aí
que
apuro
e
faço
.
[
rindo
]
Doc
:
Hum
.
Inf
:
Eu
digo
:
nós
não
pode
se
valer
de
farmácia
que
nós
não
tem
dinheiro
,
vamos
se
valer
é
das
ervas
do
mato
.
Doc
:
Sei
.
Inf
:
Boto
alho
,
boto
cebola
,
boto
tudo
,
endro
,
coentro
,
noz
moscada
,
pichilinga
,
eu
não
botei
no
meu
porque
não
tinha
mais
.
Doc
:
E
a
senhora
encontra
esses
remédios
tudo
aqui
?
Inf
:
Aqui
,
nos
mato
,
oi
!
Nesse
razão
que
tem
pr’aí
,
nós
acha
tudo
aqui
mesmo
.
Na
roça
tem
esse
anjico
e
[
inint
]
e
tudo
nós
arruma
aqui
.
Doc
:
A
senhora
acha
que
antigamente
tinha
mais
mato
?
De
primero
.
Inf
:
E
do
mesmo
jeito
que
tá
,
do
mesmo
jeito
de
hoje
.
É
do
mesmo
jeito
,
inda
hoje
tá
,
não
acabou
não
,
do
mesmo
jeito
.
Doc
:
Mas
o
seu
pai
nunca
falou
,
assim
,
contou
história
de
bicho
aqui
,
de
caça
,
não
?
Quando
tinha
mato
fechado
?
Inf
:
Di
sse
que
tinha
.
Doc
:
A
senhora
conheceu
alguma
?
Inf
:
Eu
inda
conheci
,
catu
,
veado
,
peba
tudo
,
mas
aqui
ninguém
caçava
,
nem
caça
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
Mas
disse
que
o
mato
era
cheio
,
uma
[
inint
]
que
tem
por
aí
,
pra
riba
,
nunca
ninguém
foi
por
aí
,
nem
viu
por
aí
.
Doc
:
E
o
seu
pai
?
Inf
:
Hum
.
Doc
:
E
o
seu
pai
?
Inf
:
Agora
meu
pai
,
eu
penso
que
ele
não
ia
não
,
também
.
Doc
:
Ham
.
Inf
:
Ele
tinha
uma
roça
lá
chamava
‘olho
d’água’
,
ele
não
caçava
não
,
só
era
na
rocinha
dele
,
prantano
mandioca
.
Ele
saia
no
domingo
,
tinha
vez
ele
passava
lá
nós
ficava
morano
aqui
.
Ele
passava
uns
oito
dia
lá
na
roça
trabalhano
,
prantano
mandioca
.
Farinhada
,
quando
nós
fazia
,
ele
fazia
era
de
duas
semana
de
farinha
,
o
povo
,
os
home
...
Não
teve
mais
trovoada
,
a
gente
não
prantou
mais
,
quando
é
no
verão
morre
,
ninguém
prantou
mais
aqui
.
Doc
:
A
senhora
já
viveu
alguma
seca
aqui
?
Inf
:
Seca
?
Doc
:
Sim
.
Inf
:
Não
,
pa
trás
eles
viu
,
mas
eu
nunca
achei
,
eu
não
alcancei
mais
essas
seca
doida
não
.
Ele
dizia
que
tinha
,
não
alcancei
mais
não
.
Doc
:
Mas
nunca
ouviu
falar
?
Inf
:
Não
.
Via
,
meu
pai
falava
,
n’era
?
Di
sse
que
teve
uma
seca
que
ele
se
mudou
pa
Sergipe
,
não
sei
como
era
.
Ele
conversava
tudo
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
Mas
não
alcancei
não
,
pa
Simão
Di
a
,
que
tinha
um
lugar
chamado
Simão
Di
a
que
ele
disse
que
se
mudaru
tudo
daqui
pra
lá
,
tudo
se
acabano
de
fome
,
foi
.
Mas
nesse
tempo
ele
dizia
que
eu
não
era
nascida
não
.
Ele
cansou
de
falar
,
mas
eu
nunca
vi
,
nem
a
de
ver
,
com
fé
em
De
us
,
daqui
pra
lá
vim
outra
,
eu
já
morri
.
[
rindo
]
Doc
:
Então
quer
dizer
que
vem
chovendo
sempre
aqui
?
Inf
:
Vem
.
O
ano
passado
eu
tava
lá
em
São
Paulo
,
custou
a
chover
,
não
foi
D.
?
Foi
,
custou
a
chover
,
foi
.
Ele
teve
[
inint
]
muito
pouco
,
mas
esse
ano
tá
bom
,
graças
a
De
us
.
Eu
tava
em
São
Paulo
ainda
e
teve
muito
pouco
,
o
milho
ruim
,
não
teve
quase
nada
que
se
perdeu
com
o
soli
,
o
feijão
também
.
Mas
teve
pa
comer
com
passar
o
ano
e
pa
prantar
agora
.
Doc
:
Então
quer
dizer
que
vocês
usam
o
que
plantam
pra
comer
e
já
pra
replantar
?
Inf
:
É
,
nós
deixa
pra
prantar
,
oh
,
porque
quando
é
no
tempo
de
prantar
,
a
gente
não
pode
,
não
tem
dinheiro
pra
comprar
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
E
a
gente
já
deixa
a
continha
de
plantar
e
passar
o
ano
pa
comer
.
Doc
:
Sei
.
Inf
:
Ninguém
não
pode
comprar
.
Doc
:
E
cria
algum
bicho
por
aqui
,
Do
na
A
.?
Inf
:
Ele
tem
quatro
garrotinho
de
arar
a
terra
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
É
,
pra
arar
as
terrinhas
da
gente
,
que
a
gente
não
pode
pagar
,
aí
tem
quatro
garrotinho
.
Doc
:
Sei
.
E
porque
aqui
é
tudo
afastado
,
assim
,
as
casa
?
Não
tem
um
povoado
como
Casinhas
e
Lagoa
do
Inácio
?
Inf
:
Aqui
não
tem
porque
não
tem
quem
faça
,
né
?
A
gente
aqui
é
tudo
precisado
,
ninguém
pode
fazer
,
cada
quem
tem
sua
tarefinha
de
terra
,
uns
pr’aqui
,
outros
pr’aculá
.
Num
...
Doc
:
Hum
.
Inf
:
...
num
tem
.
Ali
já
é
de
outro
,
ali
,
essa
parte
daí
pra
lá
desse
arame
pra
lá
é
o
do
meu
irmão
que
morreu
,
e
essa
aqui
é
a
minha
.
Cada
quem
tem
seu
pedacinho
separado
,
uma
tarefa
,
duas
pra
fazer
sua
casinha
,
num
é
como
na
rua
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
É
,
tudo
é
separado
,
cada
quem
tem
seus
dono
.
É
aqui
é
tudo
uma
parentagem
,
é
primo
,
é
sobrinho
,
é
tudo
.
Doc
:
Ah
!
Então
quer
dizer
que
é
tudo
parente
?
Inf
:
É
,
esse
que
morreu
aí
era
meu
irmão
.
Tem
outro
doente
aí
pra
riba
,
também
já
ficou
doente
.
Doc
:
E
casa
entre
parente
?
Inf
:
Hum
.
Doc
:
Casa
entre
parente
?
Inf
:
Casa
,
primo
com
primo
.
Doc
:
É
?
Inf
:
É
.
Doc
:
Então
quer
dizer
que
o
povo
vai
crescendo
,
assim
,
dentro
,
com
parente
mesmo
?
Inf
:
É
,
é
Doc
:
Hum
.
Inf
:
Vai
casano
parente
com
parente
,
outros
se
amiga
com
...
e
vai
rendeno
a
famia
.
Doc
:
Sei
.
Então
quer
dizer
que
a
energia
já
chegou
aqui
?
Inf
:
Já
chegou
aqui
,
mas
quando
eu
cheguei
no
São
Paulo
não
botaru
aqui
,
não
.
Só
ficou
essa
minha
que
não
botaru
,
não
sei
o
que
foi
.
Eu
também
não
vou
falar
nada
,
mas
nessas
casas
aí
tudo
ao
redor
,
tudo
tem
,
só
não
botaru
aqui
.
Doc
:
Será
que
foi
porque
não
tinha
ninguém
em
casa
?
Inf
:
E
os
meninos
sai
?
Eles
não
sai
de
casa
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
É
,
mas
é
sim
,
maisi
quando
é
voto
num
sabe
vim
pr’aqui
tudo
?
Porque
não
saiam
daqui
,
quando
era
pra
voto
,
e
agora
pra
luz
como
num
vieru
e
num
botaru
?
Por
isso
que
tem
vez
que
dá
vontade
d’a
gente
num
votar
.
Doc
:
Então
quer
dizer
que
eles
vem
pr’aqui
também
prometer
,
não
é
?
Inf
:
É
,
mas
eu
pedir
,
não
vou
.
Doc
:
Quem
é
...
quem
é
que
é
prefeito
daqui
,
toma
conta
?
Inf
:
É
,
João
Batista
de
um
De
da
que
tinha
aqui
.
Doc
:
Hum
.
Então
quer
dizer
que
ele
que
toma
conta
daqui
da
região
?
Inf
:
É
,
que
é
prefeito
,
né
?
Ele
que
é
prefeito
.
Doc
:
A
senhora
foi
pra
escola
,
dona
A
.?
Inf
:
Hum
.
Doc
:
A
senhora
foi
pra
escola
?
Inf
:
Não
.
Doc
:
Sei
.
E
seus
pais
?
Inf
:
Não
também
.
Doc
:
Hum
.
Aqui
também
não
tem
escola
?
Inf
:
Tem
,
aí
no
prédio
,
o
prédio
bem
aí
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
Tem
.
Ensina
de
dia
,
de
noite
,
o
prédio
bem
ali
.
Doc
:
E
as
crianças
aqui
vão
a
escola
?
Inf
:
Vão
.
Todos
eles
vão
.
Doc
:
Hum
.
A
senhora
tem
neta
junto
com
a
senhora
?
Inf
:
Tem
,
tá
na
escola
.
Doc
:
Sei
.
Inf
:
Aqui
tem
muitos
prédio
lá
num
lugar
chamado
Barroca
,
tem
outro
açulá
pro
lado
de
lá
tem
outro
prédio
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
E
tão
tudo
cheio
de
menino
estudano
,
ali
no
brejim
tem
outro
,
tão
tudo
estudano
.
Doc
:
E
como
a
senhora
educava
seus
filhos
antigamente
?
Inf
:
Porque
tinha
uma
escolinha
,
eu
paguei
era
...
era
desse
prédio
pra
baixo
.
Essa
mulher
já
morreu
,
só
ficou
a
filha
e
quando
eles
eram
pequeno
me
interessei
,
aí
eu
fiquei
pagano
,
tirava
um
dinheirinho
pouquinho
.
Nesse
tempo
as
coisa
era
tudo
pouca
e
...
Doc
:
Hum
.
Inf
:
...
barata
.
Aí
eu
paguei
pra
botar
na
escola
,
agora
essa
aqui
pelejo
em
dois
ano
na
escola
e
não
deu
nada
Doc
:
Hum
.
Inf
:
Os
outro
dois
aprenderu
,
mas
esse
daqui
não
deu
,
coitadinho
.
Acho
que
a
memória
que
não
tinha
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
Mas
se
fosse
pos
...
pos
governo
,
oxê
!
não
tinham
aprendido
nunca
,
eu
botei
meus
filho
,
às
vez
cês
cresce
,
sai
no
mundo
.
Aí
que
eu
paguei
nesse
tempo
as
coisinha
pouca
,
aí
eu
paguei
,
aí
eles
...
os
dois
aprendeu
,
mas
esse
outro
não
teve
cabeça
,
foi
dois
ano
,
ói
,
não
aprendeu
nada
.
Doc
:
E
na
época
do
seu
pai
,
não
tinha
escola
pra
pagar
?
Inf
:
Tinha
nada
!
Tinha
,
mas
era
lá
[
inint
]
era
.
Doc
:
E
seu
pai
não
pensava
em
botar
a
senhora
e
seus
irmãos
?
Inf
:
Oxente
!
Me
botou
uma
vez
,
eu
tive
cabeça
nada
,
memória
,
não
aprendi
nada
,
agora
uma
irimã
que
morreu
aprendeu
,
mas
eu
não
aprendi
nada
de
jeito
nenhum
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
Mas
ele
botou
.
Botou
esse
que
morreu
também
na
escola
,
mas
era
pago
nesse
tempo
.
Esses
dois
aprendeu
,
mas
nós
e
os
outro
sete
,
seis
não
aprenderu
nada
,
ninguém
,
só
era
na
roça
na
enxada
.
Doc
:
A
senhora
começou
a
trabalhar
com
quantos
anos
?
Inf
:
Oxê
!
Nova
,
no
tamanho
dessa
menina
,
doze
ano
,
até
agora
,
nós
tudo
na
enxada
,
foru
criado
tudo
na
enxada
,
tudo
desde
pequeno
,
meus
irimão
tudo
.
Quando
teve
essa
seca
meu
pai
saiu
com
eles
tudo
caminhando
de
pé
...
de
pé
até
o
Sergipe
parava
aqui
,
aculá
,
parava
aqui
e
aculá
e
a
finada
minha
mãe
,
teve
uma
menina
nova
,
que
essa
menina
,
tadinha
,
disse
já
pa
morrer
de
fome
.
Aí
disse
que
quando
chegava
nas
rua
,
ia
ped
...
eu
não
esqueço
disso
qu’ela
contava
,
ia
pedir
uma
mãozinha
de
farinha
e
um
pouquinho
de
açúcar
que
a
menina
só
sustentada
no
peito
.
Aí
ele
dizia
e
essa
menina
inda
come
farinha
,
ainda
come
açúcar
.
E
ela
disse
que
saia
chorano
.
Eu
não
me
esqueço
disso
,
Ave
Maria
!
Doc
:
Hum
.
Inf
:
Foi
De
us
que
a
menina
quando
chegou
em
Simão
Di
a
que
ela
contou
De
us
levou
,
mas
a
pobrezinha
ficou
bem
assim
.
Di
z
que
comiam
era
folha
de
mandioca
,
nesse
tempo
,
lá
em
Sergipe
,
tudo
se
acabano
de
fome
,
que
chegava
lá
não
achava
ganho
.
Teve
a
mãe
dela
mesmo
,
diz
que
morreu
bêba
da
mandioca
,
foi
comer
,
tadinha
,
que
não
tinha
outra
[
inint
]
.
Di
z
que
arrancano
,
aí
morreu
bêba
.
Agora
nós
tamo
rico
,
no
tempo
bom
de
De
usu
que
eu
criei
esses
meu
,
graças
a
De
us
nunca
foi
[
innt
]
trabalhava
na
minha
rocinha
,
eu
mais
minha
irimã
,
nesse
tempo
minha
mãe
ainda
era
viva
,
ficava
com
esses
pequeno
e
os
outro
mais
maiozinho
trabalhano
mais
eu
na
enxada
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
Nunca
criei
meus
filho
a
toa
,
tudo
den’de
casa
,
graças
a
De
us
.
Meus
fio
nunca
me
deru
trabalho
de
nada
,
o
que
tinha
,
gente
aqui
dizia
:
ah
,
criado
sem
pai
,
ganha
o
mundo
,
graças
a
De
us
os
meu
nunca
ganharu
o
mundo
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
Até
hoje
,
oi
,
até
hoje
,
esse
aqui
ainda
tá
mais
eu
,
agora
eu
não
tou
aguentano
ir
pra
feira
,
mode
essa
dor
pa
ir
de
pé
e
volta
de
pé
.
Ele
é
quem
vai
,
faz
minha
ferinha
,
quando
vê
,
ele
já
chegou
em
casa
.
Eu
só
vou
na
rua
quando
eu
vou
tirat
meu
dinheirinho
.
Aí
é
que
eu
vou
,
aí
nós
paga
um
carro
,
aí
vem
Doc
:
Hum
.
Inf
:
Mas
essa
irmã
foi
três
ano
enrriba
da
cama
e
eu
pelejano
mais
ele
,
ói
!
Eu
ia
pa
feira
,
saia
oito
hora
daqui
antes
de
mei
dia
eu
tava
em
casa
como
uma
doida
correno
,
esbanderada
em
casa
mode
dela
,
atrás
dela
.
De
ixava
a
porta
fechada
e
ela
ficava
aqui
deitadinha
.
Aí
quando
eu
chegava
,
quando
eu
chegava
,
abria
a
porta
,
aí
eu
chamava
,
ela
chamava
M
.,
aí
eu
dizia
:
“
oh
,
M.”
Ela
dizia
“oi”
eu
digo
“inda
tá
viva”
.
Ela
dizia
“tou”
.
Não
me
esqueço
,
mas
eu
só
vinha
mei
dia
antes
de
mei
dia
,
o
povo
desceno
pra
feira
e
eu
voltano
pra
casa
.
Doc
:
Hum
.
Inf
:
Que
...
ela
não
se
levantava
,
deu
derrame
,
não
se
levantava
,
fazia
tudo
na
cama
e
eu
mais
ele
era
que
pelejava
.
A
fonte
era
mei
longe
daqui
,
toda
cinco
hora
eu
ia
lavar
,
eu
deixava
ela
mais
essa
menina
e
eu
ia
lavar
os
paninho
dela
.
Doc
:
Antigamente
tinha
mais
dificuldade
com
água
?
Inf
:
Não
,
era
do
mesmo
jeito
,
a
água
aí
é
do
olho
d’água
,
nascença
,
mas
é
meio
longe
.