Nome
:
J
.
de
S
.
G
.
Local
de
nascimento
:
Lagoa
do
Inácio
Idade
:
64
Sexo
:
masculino
Nível
de
escolaridade
:
2ª
série
do
ensino
fundamental
Doc
:
O
senhor
pode
falar
seu
nome
,
por
favor
?
Inf:
J
.
de
S
.
G
.
Doc
:
Quantos
anos
o
senhor
tem
seu
J
.?
Inf:
Eu
sou
de
vinte
e
cinco
de
dezembo
de
trinta
e
sete
.
Sessenta
e
quatro
ano
.
Doc
:
Certo
!
O
senhor
tem
sessenta
e
quatro
anos
,
né
?
Inf:
Certo
.
É
.
Doc
:
É
,
ôh
,
seu
J
.
esse
nome
do
senhor
foi
sua
mãe
que
lhe
deu
?
Inf:
Ah
,
sim
,
né
?
Acredito
que
foi
.
Doc
:
E
veio
,
assim
,
de
avô
?
Inf:
Não
,
é
::,
meu
avô
,
meu
avô
chamava
é
::
J
.
tamém
,
é
...
J
.
dos
S
.
Doc
:
E
foi
por
isso
que
...
Inf:
Pode
ter
sido
,
né
?
Pode
ter
sido
,
né
?
A
gente
num
sabe
que
o
povo
de
premeiro
sempe
usava
assim
os
nome
dos
avô
,
do
bisavô
n’era
,
assim
pa
trás
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
É
.
Doc
:
E
por
que
esse
apelido
,
Z
.
B
.?
Inf:
Esse
apelidi
?
Doc
:
Sim
.
Inf:
Quand´eu
morava
no
Juazeiro
,
que
a
gente
morava
ne
Juazeiro
,
mai
era
em
Petrolina
,
sabe
...?
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
Aí
a
hente
,
quando
eu
fui
pra
lá
foi
,
assim
,
mah
novo
,
e
lá
nessa
casa
que
nóh
morava
,
nós
moraha
uma
ruma
de
home
.
Então
,
é
::
tinha
uma
bodega
e
aqui
nessa
casa
nós
botaha
uma
muié
pa
conzinhá
pa
nóih
,
ajuntaha
té
dezoi
...
dezoito
home
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Aí
todo
mundo
tinh´um
apelidi
.
Doc
:
Sei
.
Inf:
É
todo
mundo
tinh´apelidi
,
aí
ess´apelidi
foi
transformano
pa
lá
e
pra
cá
e
no
fim
aqui
em
Jeremoabo
,
Antas
,
Guloso
,
outos
,
aqui
se
disser
J.de
S
.
G
.
muita
gente
num
sabe
,
agora
se
falar
Z
.
B
.,
aí
todo
mundo
conheci
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Gente
grande
,
ôh
pequeno
.
Doc
:
Sei
.
Inf:
Aí
ficou
com
esse
nome
.
Doc
:
Sei
.
Mas
o
senhor
nasceu
aqui
?
Inf:
Nasci
aqui
.
Doc
:
O
senhor
é
de
,
daqui
de
...
do
município
?
Inf:
Eu
sou
daqui
mehmo
,
Lagoa
do
Ináço
.
Doc
:
Sei
e
a
sua
f
...
os
seus
pais
?
Inf:
Meus
pais
...
mãe
não
,
mãe
é
de
Pernambuco
.
Doc
:
É
?
Inf:
Meus
avô
d’uma
parte
minha
é
do
Pernambuco
,
como
a
...
inda
tinha
ti
lá
.
Já
morreu
agora
,
né
?
Mas
inda
tinha
ti
lá
.
Doc
:
Sei
,
sei
.
Mas
eles
moram
aqui
?
Inf:
Os
meus
avô
?
Doc
:
Não
,
os
seus
pais
?
Inf:
Mora
aqui
.
Um
...
todos
dois
,
um
de
lá
e
outo
daqui
,
né
?
Doc
:
Ham
.
Inf:
Todos
dois
já
morreru
.
Doc
:
Então
quer
dizer
que
o
senhor
tem
pai
e
mãe
?
Inf:
Não
.
Tenho
...
tinha
,
maih
já
morreru
todoh
dois
.
Doc
:
Já
morreram
,
né
?
Inf:
Num
tenho
nenhum
.
Doc
:
E
quantos
i
...
irmãos
o
senhor
tem
?
Inf:
Seis
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Né
era
[
inint
]
,
mah
morreu
quato
,
então
agora
nós
tem
seis
.
Doc
:
Moram
todos
aqui
?
Inf:
Aqui
.
Uma
mora
aqui
,
mah
duas
aqui
e
outa
na
Sirica
.
Doc
:
É
?
Inf:
O
mais
véi
mora
na
Sirica
.
Doc
:
Hum
.
E
o
senhor
tem
contato
com
seus
irmãos
?
Inf:
Tenho
.
A
gente
sempe
...
quonde
quarqué
coisa
,
a
gente
telefona
,
vai
lá
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
Sempe
eu
vou
lá
na
Antas
,
vou
na
Sirica
e
vou
aqui
,
três
aqui
.
A
gente
sempe
se
encontra
,
né
?
Quonde
tem
um
doente
e
um
chega
,
aí
vai
lá
convesar
com
outo
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
A
gente
sempe
samo
tudo
unido
.
Doc
:
Hum
,
o
senhor
ach
...
Inf:
Sempe
fomo
tudo
unido
.
Doc
:
O
senhor
acha
que
antigamente
a
família
era
mais
unida
de
que
hoje
?
Inf:
Não
,
num
era
não
!
Antigamente
era
do
mehmo
jeito
,
né
?
Hoje
...
que
antigamente
o
povo
fazia
o
seviço
,
a
metade
do
seviço
junto
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Assim
,
irmão
,
cunhado
,
ia
fazer
uma
farinha
,
fazer
uma
feita
de
fumo
,
fazer
uma
coisa
,
ali
ia
tudo
,
né
?
Doc
:
Sei
Inf:
Então
hoje
é
assim
:
a
ranca
de
maindioca
,
uma
ranca
de
maindioca
,
tanto
falta
maindioca
como
[
inint
]
,
né
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
As
famía
sempe
é
mais
,
mais
...
Doc
:
Sei
.
E
o
senhor
viajou
pra
outros
lugares
?
Inf:
Não
,
viajei
só
esse
tempo
que
eu
morei
pra
lá
,
né
?
Morava
em
Petrolina
,
fui
pra
lá
...
um
rapaizinho
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
E
vim
depoi
de
casado
com
vinte
cinco
ano
.
Doc
:
Certo
.
Inf:
Morei
lá
um
boca’de
tempo
,
morava
lá
,
vinha
pr’aqui
.
Doc
:
Mas
o
senhor
ficava
o
tempo
todo
lá
?
Inf:
Não
.
Ficava
lá
,
maih
lá
e
aqui
,
aqui
tamém
eu
ficava
aqui
eu
compraha
fumo
,
vendia
lá
.
Doc
:
Sei
.
E
...
Inf:
Maih
ficava
sempe
lá
.
Doc
:
E
o
senhor
fazia
o
quê
lá
?
Inf:
Negociava
com
fumo
,
comprava
e
vendia
.
Doc
:
É
?
Sei
.
Inf:
É
.
Doc
:
Ham
.
O
senhor
foi
à
escola
seu
...?
Inf:
A
escola
?
Doc
:
Sim
.
Inf:
Fui
.
Eu
...
Doc
:
Aqui
?
Inf:
Aqui
.
Fui
à
escola
,
eu
só
{
impri
}
...
o
segundo
ano
.
Doc
:
Foi
?
Inf:
Foi
.
Agora
quem
me
ensinou
ler
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
mais
foi
livro
de
históra
,
né
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
Gostava
de
livro
de
história
que
inda
hoje
tem
uma
ruma
de
livro
aí
.
Doc
:
É
?
Inf:
É
.
Doc
:
Sei
.
Inf:
De
históra
,
é
::
fazia
cantada
aquelas
históra
e
eu
fui
interessado
.
Aí
fui
aprendeno
com
meu
avô
,
esse
lá
de
Pernambuco
.
Ele
conta
,
todo
livo
de
históra
ele
sabia
,
era
muitio
sabido
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
né
?
Eu
tava
na
escola
e
aprendi
conta
com
ele
no
chão
.
Ele
sentava
,
assim
,
que
naquele
tempo
sentava
em
todo
canto
,
n´era
?
Doc
:
Sei
.
Inf:
E
ele
quando
sentaha
era
com
o
dedo
no
chão
.
Doc
:
[
ri
]
.
Inf:
E
ele
gostaha
muito
d´eu
e
eu
aprendi
contar
,
só
fiz
o
segundo
ano
e
aprendi
tudo
.
Doc
:
Sei
.
Inf:
Conta
eu
sei
,
todo
tipo
de
conta
eu
sei
.
Tud´aprendido
com
ele
no
chão
,
ói
.
Doc
:
Ôh
.
Inf:
Era
no
chão
.
Doc
:
Então
quer
dizer
que
o
senhor
aprendeu
a
ler
tamém
assim
?
Inf:
Aprendi
a
...
a
ler
nos
livro
de
história
.
Livro
de
históra
foi
quem
me
ensinou
ler
,
livr´assim
,
né
?
E
conta
aprendi
no
chão
com
meu
avô
,
e
ler
que
a
hente
tinha
vontade
e
ficava
escreveno
,
e
leno
a
hente
mehmo
,
né
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
E
aprendi
tudo
.
Tudo
,
espéci
de
conta
tudo
eu
sei
todas
do
mundo
.
Doc
:
Sei
.
Inf:
E
só
li
até
o
segundo
ano
e
sei
ler
,
fazer
uma
carta
,
ler
um
boca’de
coisa
.
Doc
:
Ah
!
E
o
senhor
ler
também
esses
cordel
?
Inf:
Não
.
Doc
:
Aquele
livrinho
de
cordel
que
tem
assim
o
...
o
violeiro
.
Inf:
Eu
leio
dele
de
...
de
tud´eu
leio
,
poque
a
gente
gosta
,
é
,
arrumar
livro
,
assim
,
de
históra
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Da
quele
tempo
,
assim
,
do
conhecimento
da
gente
,
assim
,
a
boca
da
noite
,
sentava
ali
,
né
?
Pegava
o
candieero
ali
e
tocava
o
pau
no
livro
de
história
,
cantar
,
cantava
,
de
todo
jeito
.
Doc
:
Então
esse
que
é
o
violeiro
?
Inf:
É
.
Doc
:
Ham
.
Tinha
muito
aqui
nessa
região
?
Inf:
Ah
,
tinha
!
Tanto
tinha
,
como
os
livo
de
históra
,
a
gente
compraha
na
feira
,
né
?
Doc
:
Ham
.
Inf:
É
livo
de
históra
de
violeiro
,
assim
,
tá
certo
?
Doc
:
É
.
Inf:
Livo
interessante
,
aí
mehmo
tem
muitos
livo
.
Doc
:
Sim
.
Inf:
Da
quele
tempo
taí
,
tudo
taí
.
Hoje
em
dia
ninguém
ler
mais
livo
,
num
vende
mais
livo
,
num
vem
mais
.
Doc
:
E
o
que
que
fala
nesses
livros
de
história
?
O
senhor
pode
dizer
assim
...
Inf:
[
tossindo
]
Históra
passada
,
né
?
Doc
:
Fala
,
assim
,
sobre
negro
ou
fala
a
história
de
Lampião
?
Inf:
E
tem
livo
de
Lampião
.
Doc
:
É
?
Inf:
É
.
Doc
:
O
senhor
sabe
contar
um
pouco
assim
sobre
Lampião
?
Inf:
Sei
.
Que
eu
mehmo
tinha
um
tio
que
era
contratado
,
era
o
chefe
daqui
dos
cabra
de
Lampião
,
ind´eu
acho
qu´eu
tenho
um
retetrato
dele
aí
.
Doc
:
É
mesmo
?
Inf:
Tenho
.
É
um
{
entipado
}
[
inint
]
e
é
aqui
inda
tem
uns
três
que
era
contratado
aqui
no
tempo
do
[
inint
]
.
Aquele
tempo
incusive
botaru
um
estacamento
aqui
que
Lampião
passou
aqui
umas
vez
,
aí
botaru
,
o
meu
tio
era
o
comandante
do
estacamento
daqui
...
Doc
:
Sim
.
Inf:
...
de
Lampião
,
mas
depois
do
estacamento
ele
num
passou
mais
não
.
Que
Lampião
disse
qu´era
um
home
bom
,
respeitoso
e
ele
chegava
assim
na
casa
,
aí
via
a
famía
,
se
o
dono
num
tivesse
taha
garantido
,
ninguém
tocaha
ne
ninguém
nem
em
nada
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Agora
os
cabra
que
era
muitos
,
né
?
As
veze
saíam
por
fora
.
Eles
vinham
aqui
,
supor
assim
,
cem
home
.
Aí
quato
ou
cinco
caía
por
fora
e
pegava
o
povo
fora
,
roubava
e
batia
,
né
?
Maih
ele
mehmo
,
quand´ele
teve
na
casa
de
Chico
Séjo
,
Lampião
disse
qu´ele
num
entrou
nem
den’de
casa
,
tumou
uma
chirca
de
café
pêra
janela
.
Ele
ia
lá
no
caminho
,
voltava
lá
,
mas
e
ali
ninguém
bulia
com
a
famía
de
ninguém
não
,
era
home
respeitoso
.
Agora
os
caba
era
...
Doc
:
Ah
!
Inf:
...
era
que
era
assim
.
Doc
:
E
ele
andava
com
Maria
Bonita
.
Inf:
Era
Maria
Bonita
.
Doc
:
É
?
Inf:
Era
.
Doc
:
E
o
senhor
num
tem
,
assim
,
nem
um
caso
que
acontecia
não
,
que
Lampião
fazia
com
o
povo
?
Inf:
Não
.
O
povo
dizia
que
ele
era
um
cara
,
assim
,
agora
de
quem
ele
tinha
oídio
,
né
?
Se
ele
mandasse
buscar
um
dinheiro
na
fazenda
e
o
dono
num
mandasse
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
Quand´ele
passasse
lá
o
que
tivess´ele
acabaha
.
Ele
derrubava
casa
,
tocava
fogo
no
curral
,
fazia
tudo
.
Agora
de
quem
ele
num
tinha
óidio
,
ele
num
bulia
com
ninguém
.
Doc
:
Então
quer
dizer
q
...
Inf:
Agora
os
caba
é
que
bulia
por
fora
,
assim
,
né
?
Doc
:
Sei
.
Então
quer
dizer
que
os
pobres
ele
...
ele
gostava
.
Inf:
Gostava
.
Ele
num
era
gente
ruim
não
,
agora
ele
...
se
ele
tivesse
raiva
d’um
...
aquele
se
ele
pegasse
,
ele
matava
,
né
?
Doc
:
Sim
.
Inf:
Que
ele
era
assim
mehmo
.
Doc
:
Sim
.
E
o
senhor
tem
alguma
história
,
assim
,
do
seu
tio
?
Que
lutou
,
assim
,
com
os
cabra
de
Lampião
?
Inf:
Não
.
Não
.
A
históra
era
que
ele
era
contratado
naquela
épca
.
Doc
:
Ham
.
Inf:
E
depois
que
ele
teve
o
estacament´aqui
tamém
ele
num
passou
maih
,
né
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
O
meu
avô
dizia
que
Lampião
era
de
lá
da
terra
dele
.
Ele
dizia
que
Lampião
foi
começado
disso
causa
de
um
chucáio
.
Doc
:
Foi
?
Inf:
Foi
.
Eles
andaha
no
mato
,
e
acharam
uma
...
uma
vaca
de
outo
morta
,
né
?
E
acharu
uma
deles
já
parino
.
Aí
ele
foi
e
tirou
o
chucáio
e
botou
na
cháca
deles
que
taha
já
parino
,
né
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
Quano
eles
viru
a
vaca
deles
com
chucáio
,
disseru
que
eles
tinha
roubado
o
chucáio
.
Aí
começaru
matar
um’zoz’outro
que
lá
no
Pernambuco
era
assim
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Aí
começaru
a
matar
um’zoz’outo
,
e
no
fim
da
históra
só
ficou
Lampião
.
Aí
Lampião
se
revoltou
,
acabou
com
os
outo
,
né
?
Aí
a
poliça
muntou
em
cima
e
ele
desceu
,
começou
vim
,
passou
pra
cá
pa
Bahia
.
Doc
:
E
por
que
que
tava
juntano
esse
monte
de
homem
atrás
dele
?
Inf:
Ah
,
poque
naquele
tempo
,
ele
quando
ele
começou
,
lá
todo
mundo
tinha
uma
arminha
,
todo
mundo
tinha
arma
den’de
casa
,
todo
mundo
.
Doc
:
Sei
,
e
aí
ele
pra
num
andar
sozinho
,
andava
com
uma
tropa
?
Inf:
Porque
agora
ali
,
foi
ajuntano
gente
,
né
?
Então
a
poliça
brigavu
com
eles
,
eles
matava
,
a
poliça
ficava
com
o
armamento
.
Doc
:
Sei
.
Inf:
Aí
fôru
se
manifestano
mais
e
os
...
e
outos
povo
fôru
acompanhano
,
né
...?
Doc
:
Sei
.
Inf:
...
e
virano
tudo
bandido
.
Doc
:
Sei
.
Inf:
Como
viraru
,
quond´ele
passou
por
aqui
era
gente
com’a
desgraça
,
era
muito
,
como
tinha
aquela
históra
de
Antôim
Servino
,
que
era
um
cara
muito
valente
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Por
isso
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
por
isso
mehmo
,
foi
Zé
Rufino
,
daqui
de
Jeremoabo
,
que
matou
em
Feira
de
Santana
.
Doc
:
Sei
.
Inf:
Eu
acho
que
desse
povo
tomém
só
escapou
Antôim
Sevino
que
esse
era
sabido
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Ele
entraha
numa
briga
com
cinqüenta
home
,
só
escapava
ele
,
maih
ele
escapava
.
E
foi
pegado
aí
,
aqui
.
Doc
:
É
?
Inf:
É
.
Doc
:
E
esse
Antônio
Conselheiro
?
Inf:
Hem
?
Doc
:
Antônio
Conselheiro
,
o
senhor
já
ouviu
falar
?
Inf:
É
p
...
não
,
a
Antônio
Conseieiro
era
outo
.
É
tinha
Antônio
Servino
e
Antôio
Conseiêro
,
era
o
do
...
ali
do
...
do
Cocorobó
,
né
?
Do
Cocorobó
,
é
::
de
Canudo
.
Doc
:
Sim
.
Inf:
É
do
Canudo
.
Eu
ouvi
falar
que
eles
passavam
aqui
com
...
com
ah
linha
de
pau
,
o
Canudo
é
perto
daqui
.
Doc
:
Sim
.
Inf:
Vinte
e
trêh
légua
.
Doc
:
É
?
Inf:
É
.
Doc
:
Sei
.
Inf:
Ele
começou
lá
esse
...
oh
negóço
dele
e
sei
foi
uma
confusão
pa
acaba
,
esse
.
Doc
:
Teve
uma
guerra
,
né
?
Inf:
Foi
uma
guerra
,
foi
.
Guerra
do
Canudo
que
o
povo
chama
.
Doc
:
E
o
senhor
sabe
o
motivo
?
Inf:
Não
.
O
motivo
que
dizi
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
que
foi
assim
:
ele
começou
com
esse
negoço
de
rezar
,
né
...?
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
Como
inda
hoje
tem
,
vai
sair
juntano
aquele
povo
.
Doc
:
Sei
.
Inf:
E
vai
rezano
e
dali
vai
começano
uma
gritaria
,
e
fôru
...
foi
criano
fé
nele
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
E
ele
foi
ajuntando
o
povo
,
pa
o
povo
dizer
que
ele
saiu
daqui
com
a
linha
de
pau
,
botano
linha
de
pau
daqui
po
Cocorobó
,
lá
po
Canudo
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
E
num
pesava
,
um
sozinho
pegava
uma
linha
de
pau
e
num
pesava
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Então
fôru
criano
aquele
fé
nele
,
né
?
Que
foi
fazeno
assim
uma
romaria
.
Doc
:
Sim
.
Inf:
E
quando
foi
no
fim
da
romaria
,
tinha
era
muitas
pessoa
e
o
povo
largano
as
casa
,
e
acompanhano
ele
,
aquele
magote
de
gente
como
lá
e
a
romaria
,
e
já
tava
um
lugar
grande
,
né
?
Doc
:
E
ele
prometia
alguma
coisa
a
esse
povo
?
Inf:
Num
sei
o
que
era
qu´ele
primetia
.
Ele
devia
ter
arguma
coisa
,
ou
primêter
ou
seja
coma
foi
,
poque
tudo
precisa
te
uma
querença
.
Doc
:
Sei
.
Inf:
Eu
sei
que
no
fim
deu
trabái
o
governo
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
pa
acabar
com
esse
home
.
Ele
,
poque
esse
povo
tinha
de
comer
...
Doc
:
Ham
.
Inf:
né
?
Ele
tinha
assim
,
vamo
supor
uma
aparênça
desse
povo
tud´assim
[
inint
]
,
né
?
Doc
:
Sei
.
Inf:
E
seu
Antôio
Conseiêro
,
sei
que
no
fim
deu
trabáio
...
Doc
:
[
ri
]
.
Inf:
...
pra
eles
.
Doc
:
E
o
senhor
cresceu
aqui
,
né
?
Inf:
Cresci
aqui
.
Doc
:
Então
na
época
que
...
quando
o
senhor
era
criança
tinha
muita
m
...
mata
nativa
?
Inf:
Mat
...
Com’é
mata
nativa
?
Doc
:
Mata
,
é
...
é
...
Inf:
Ôh
mata
!
Doc
:
È
,
floresta
,
sim
.
Inf:
Sim
,
tinha
,
quando
eu
me
entendi
,
quando
eu
me
entendi
um
pouco
,
nah
roça
aqui
dessas
terra
,
que
essas
terra
era
tudo
d’um
dono
só
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
num
é
?
Que
era
o
véi
Ináço
,
num
tem
o
nome
da
Lagoa
do
Ináço
?
É
que
tud´era
dele
.
Era
naquele
tempo
que
,
é
::,
tinha
cativo
ele
,
é
naquele
tempo
na
roça
fazia
o
que
se
queria
.
Doc
:
Sim
.
O
que
é
esse
cativo
?
Inf:
Cativo
num
tem
o
nome
dos
escravo
?
Doc
:
Ah
!
Sim
.
Inf:
Ele
tinha
,
ele
era
do
começo
,
né
?
Esses
terreno
era
tudo
dele
.
Tudo
que
tivesse
aqui
era
dele
.
Doc
:
Então
ele
era
coronel
...
Inf:
Hum
?
Doc
:
Ele
era
um
coronel
.
Inf:
É
,
ele
era
o
chefe
.
Eu
num
sei
nem
de
onde
ele
vêi
com
esse
povo
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
que
apariceu
aqui
.
E
roça
aqui
,
aqui
era
tud´é
mata
,
eu
arcancei
tudo
mata
.
Doc
:
Sei
.
Inf:
Assim
só
tinha
umas
rocinha
por
aí
,
mas
era
pouca
o
rest´era
tudo
mata
.
Se
você
queria
fazer
uma
roça
,
num
tinha
gente
nenhuma
,
era
só
chegar
e
fazer
,
que
era
tudo
d’um
povo
só
,
né
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
Já
vinha
tudo
do
véio
,
as
terra
.
Foi
teno
a
famíia
e
foi
,
foi
cresceno
e
fôru
tomano
conta
das
terra
,
mas
tud´aqui
era
mata
,
Doc
:
Sei
.
Inf:
E
fôru
tomano
conta
das
terra
e
foi
tudo
famía
e
depois
foi
chegano
o
povo
vindo
de
fora
com´esse
outo
avô
meu
,
né
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
E
foi
rendeno
mais
e
o
povo
tomano
conta
e
foi
chegano
mais
gente
de
fora
,
que
aquí
esse
povo
mehmo
das
Casinha
,
eles
é
uns
nêgo
mais
que
aqui
,
né
?
Doc
:
Sim
.
Inf:
Então
eleh
vinheru
de
outa
beira
,
de
outo
lado
.
Doc
:
Sei
.
Mas
o
senhor
num
acha
que
é
do
povo
do
..
de
escravo
que
morava
aqui
não
?
Inf:
Não
,
não
.
Esse
povo
foi
lá
outo
,
esse
povo
ali
é
tudo
qu’é
nêgo
.
Lá
inda
tem
que
argum
misturado
,
mas
ali
era
tudo
nêgo
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Ali
eles
vinheru
de
outo
canto
,
de
outas
beira
aí
,
né
...?
Doc
:
Sei
.
Inf:
...
de
outos
lado
.
Eles
num
é
do
povo
daqui
não
.
Doc
:
Mas
os
escravos
que
trabalhavam
aqui
pra
esse
senhor
,
da
Lagoa
,
num
eram
pretos
não
?
Inf:
Era
.
É
como
a
...
a
...
a
parte
que
tem
daqui
da
Lagoa
,
de
gente
maih
moreno
,
é
porque
teve
fi
até
do
véio
.
Doc
:
Ham
.
Inf:
De
sair
grávida
de
...
dos
escravo
,
né
?
Doc
:
Ah
!
Inf:
Aí
misturou
mais
.
Doc
:
Sei
.
Inf:
Sabe
?
Doc
:
Sei
.
Inf:
Teve
até
gent´assim
,
agora
que
o
povo
das
Casinha
é
outo
povo
.
Ali
Salgador
,
de
outa
parte
que
nóh
moremo
,
que
mora
aculá
inrriba
.
Doc
:
Salgador
é
?
Inf:
É
.
Doc
:
Ham
.
Inf:
Esse
municípo
de
Novo
Triunfo
,
né
?
Doc
:
Certo
.
Inf:
É
outo
povo
.
Doc
:
Certo
.
Inf:
E
aqui
,
aqui
só
,
assim
,
argum
que
chegou
de
fora
,
mas
senão
tud´é
da
famía
desse
home
,
desse
dono
daqui
.
Por
isso
que
os
terreno
aqui
,
os
terreno
aqui
muita
gente
inda
tem
terra
que
só
a
posse
memo
que
era
do
véi
,
né
?
Doc
:
Ham
.
Inf:
Era
tudo
da
famía
,
ficou
tudo
fio
.
Doc
:
Então
só
existia
seu
Inácio
?
Inf:
Era
só
Ináço
,
era
no
começo
só
tinha
ele
aqui
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Podia
,
assim
óh
,
era
Ináço
,
na
Lagoa
do
Ináço
,
Badique
na
Lagoa
do
Badique
,
e
Miro
nas
Anta
.
Doc
:
Ham
.
Inf:
Foi
começado
só
com
esses
três
morrido
.
Esses
aí
mehmo
que
tinha
gado
,
toda
semana
ele
matava
lá
.
Doc
:
É
?
Inf:
É
.
Existia
gente
como
esse
povo
,
assim
,
é
poque
o
Brasil
tá
com
quinhentos
ano
de
descoberto
,
né
?
Doc
:
É
.
Inf:
Num
existia
gente
,
den’desse
quinhentos
ano
,
aumentou
esse
povo
todo
.
Doc
:
Sim
.
Inf:
Então
partia
um
daqui
quato
,
cinco
légua
,
fazia
uma
casa
lá
no
mato
e
fica
lá
,
se
virano
que
a
gente
num
sabe
nem
naquele
tempo
cuma
era
que
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
viviam
no
começo
,
né
?
Doc
:
Sei
.
Inf:
Assim
com´esse
véi
quande
chegou
aqui
,
né
?
Doc
:
Ham
.
Inf:
Aí
a
gente
num
sabe
.
Doc
:
E
os
índios
,
tem
índios
aqui
?
Inf:
Não
.
Índio
eu
vi
falar
daqui
que
tem
ali
pa
Mirandela
,
né
?
Doc
:
É
?
Inf:
Perto
daqui
,
que
fica
aqui
do
lado
.
Doc
:
Certo
.
Inf:
Mas
aqui
não
,
num
tinha
.
Inf:
E
tinha
assim
problema
com
os
negros
aqui
,
os
...
os
escravos
desse
Senhor
Inácio
?
Inf:
Não
,
não
.
Tinha
não
,
aqui
foi
criado
o
povo
tudo
como
uma
famía
só
.
No
fim
misturou
escravo
,
senhor
com
escravo
.
Doc
:
Ah
!
Inf:
E
ficou
tudo
nós
como
o
jeito
d’uma
famía
,
tudo
desse
véi
,
do
véi
Ináço
.
Doc
:
Certo
.
Inf:
Foi
paticipado
dele
e
a
Lagoa
ficou
Lagoa
do
Ináço
e
o
povo
ficaru
tudo
como
uma
famía
como
aqui
o
povo
é
quais
tud’assim
como
uma
parenteza
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
O
povo
aqui
é
quase
tudo
como
um
parente
só
.
Doc
:
Sei
.
O
senhor
acançou
a
...
na
...
na
mata
,
animais
,
assim
,
pra
caça
?
Inf:
Caça
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
Muita
!
Doc
:
Pode
falar
um
pouco
?
Inf:
Muita
caça
é
...
Aqui
inda
hoje
,
inda
hoje
aí
pras
beira
inda
tem
.
Doc
:
É
?
Inf:
Agum
peba
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Uma
cois’assim
aqui
tinha
muito
.
Toda
caça
tinha
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Na
hora
que
foi
terminano
,
né
?
Inda
tem
aqui
pert’ali
em
doutor
Sidônio
tem
,
ali
no
tabuleiro
,
lá
perto
das
Casinha
,
subino
tem
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Da
Sirica
pra
lá
,
tem
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
De
sse
lad’aqui
passano
o
tabuleiro
vem
p’outo
lado
tem
.
Doc
:
Que
tipo
de
bich
...
Inf:
Inda
hoje
tem
p
...
peba
,
tatu
,
tamanduá
,
cutia
,
caititu
,
veado
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Só
esses
bicho
de
veado
e
caititu
pa
trás
,
né
?
Doc
:
Mas
quando
o
senhor
era
criança
,
o
senhor
chegou
ver
,
assim
,
onça
,
esses
bichos
assim
?
Inf:
Não
.
De
onça
eu
só
via
históra
.
Doc
:
É
?
Inf:
Aonde
tinha
um
véi
que
chamava
Pêdo
Gateiro
,
era
da
Sirica
,
né
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
Só
ess’ele
matou
...
chamava
Pêdo
Gateiro
que
a
profissão
dele
era
matar
onça
na
caatinga
...
Doc
:
Ham
.
Inf:
...
Ele
matou
mah
de
setenta
onça
.
Esse
véi
morreu
um
tempo
desse
aí
na
Sirica
.
A
profissão
dele
er’o
mato
,
os
cachorro
e
o
mato
.
Doc
:
Ham
.
Inf:
E
só
de
matar
onça
!
A
onça
dessas
dele
do
sertão
por
aí
,
quondo
a
onça
ia
pegar
os
bicho
,
mandava
atrás
dele
.
Doc
:
Sei
.
Inf:
Ele
ia
e
matava
,
chamava
Pêdo
Gateiro
,
é
da
Sirica
,
a
famía
dele
.
Doc
:
Ham
.
Inf:
Morreu
agora
,
agora
morreu
,
a
veia
,
parece
que
passou
,
num
sei
se
oito
ou
nove
ano
inrriba
d’uma
cama
,
uma
véinha
des’tamaim
assim
,
do
tamaim
dessa
varinha
,
virou
um
bolim
e
ficou
viva
,
a
véa
.
Ele
matando
as
caça
,
a
véa
trazeno
,
vendeno
em
Jeremoabo
e
fazeno
a
feira
e
voltano
num
jeguim
.
Doc
:
Ham
.
Inf:
Assim
desse
jeito
,
chamava
Pêdo
Gateiro
que
só
mataha
onça
.
Doc
:
Sei
.
Inf:
É
,
naquele
tempo
tinha
caça
,
naquele
tempo
tinha
mato
,
né
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
Mas
que
vai
acabano
a
floresta
e
vai
caban’as
caça
.
Doc
:
O
senhor
chegou
a
ver
,
assim
,
as
floresta
seno
derrubada
,
seu
?
Inf:
Roçada
?
Doc
:
Sim
.
Inf:
Ah
,
muito
,
eu
roçava
toméim
,
desfeh
muito
mato
.
Doc
:
É
?
Inf:
É
.
Doc
:
Então
derrubava
as
árvores
?
Inf:
As
ávre
tudo
...
todo
pau
que
tinha
ia
umas
derrubar
,
né
?
Doc
:
Sim
.
Inf:
Que
inda
hoje
a
gente
faz
uma
roça
,
só
tem
hoje
,
só
fica
cajueiro
,
que
né
a
gente
que
pranta
,
né
?
Doc
:
Sei
.
Inf:
Poque
é
uma
avre
que
dá
fruto
hoje
,
só
fica
cajueiro
e
o
resto
num
tinha
pau
pa
num
ser
derrubado
.
Doc
:
Ham
.
E
o
s
...
Inf:
Pa
madeira
.
Doc
:
Sim
.
Vocês
usava
essa
madeira
na
época
?
Inf:
Usava
,
a
madeira
ali
,
nessa
épca
que
eu
quaih
me
entendi
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
as
cercas
era
quase
tudo
de
velado
,
sabe
o
que
é
velado
?
Doc
:
Não
.
Inf:
É
dar
de
cavar
um
rêgo
,
assim
,
a
mancambira
,
sabe
o
que
é
?
Doc
:
Não
.
Inf:
Um
...
um
negóço
assim
ói
,
agora
todo
chêi
de
espinzim
,
né
?
Doc
:
Sei
,
mandacaru
?
Inf:
Não
,
mamcambira
.
Doc
:
Ah
!
Inf:
Aí
fazia
aquele
velado
,
prantava
aquela
macambira
mode
os
bicho
,
poque
num
existia
arame
.
Era
,
cê
pa
fazer
uma
roça
,
er’um
sacrificio
.
Doc
:
Sei
.
Inf:
Que
tinha
que
cercar
com
quato
cerca
mod’os
bicho
.
Doc
:
Ah
.
Inf:
Hoje
não
,
aí
começaru
fazer
japão
,
japão
o
primeiro
prefeito
daqui
,
japão
.
O
povo
se
ajuntava
passava
uma
cerca
ne
todo
,
passou
lá
no
Sogador
,
passa
lá
na
Viração
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Como
era
assim
mehmo
,
lá
na
...
vinha
da
Viração
,
era
uma
cancela
,
cercaha
,
assim
,
por
fora
por
como
uma
légua
de
terra
,
duas
,
né
?
Agora
ali
o
povo
fazeno
dento
num
sem’imbira
de
camim
,
fazia
e
prantava
ser
cerca
,
aí
foi
que
começou
mais
facilidade
.
Doc
:
É
.
Inf:
Que
naquele
tempo
o
povo
num
podia
nem
trabaiar
num
inxistia
arame
!
Doc
:
Hum
.
Inf:
Cercar
a
roça
de
velado
,
as
vez
de
duas
ou
três
tarefa
de
terra
,
trabái
pior
do
mundo
,
p’uma
rocinha
des’tamaim
,
né
?
Doc
:
É
.
Inf:
Aí
depois
começaru
fazer
os
japão
,
e
hoje
po
bem
deleh
tud’é
japão
,
maih
todo
mundo
hoje
tomem
,
cada
quem
que
faz
em
propiedade
,
é
meia
fazenda
,
é
fazenda
né
?
Doc
:
É
.
Inf:
Hoje
os
terreno
é
cercado
,
num
tem
mais
terreno
solto
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Num
existe
mais
,
só
tem
terreno
solto
,
assim
como
aquele
tabuleiro
da
Casinha
pra
lá
,
dali
das
Casinha
pa
Jeremoabo
é
um
tabuleiro
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Qu’ela
área
de
terra
,
mah
ali
é
solta
po
que
a
terr’é
ruim
,
né
?
Num
presta
pa
prantar
nada
,
né
?
Doc
:
E
a
parte
que
era
assim
de
mata
?
Circ:
[
inint
]
.
Inf:
[
inint
]
.
Doc
:
A
mata
,
o
pessoal
que
viviam
aqui
antigamente
podiam
usar
pra
plantar
,
desmatar
?
Inf:
Era
obrigado
.
Doc
:
É
?
Inf:
Tudo
fazia
aqui
,
se
num
fizesse
uma
rocinha
num
prantava
,
se
num
prantasse
num
comia
,
né
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
Que
naquele
temp’era
difíci
as
coisa
,
né
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
A
gente
tinha
de
comer
da
roça
,
num
tinha
negóço
de
emprego
,
nem
ninguém
ir
pa
Som
Paulo
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Os
primeiro
que
foru
daqui
pa
Som
Paulo
foi
de
pé
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Saiu
daqui
de
pé
pa
ir
pagar
o
trem
[
inint
]
,
que
num
existia
carro
,
num
existia
transporte
,
né
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
Aí
ocê
tinha
que
trabaiar
e
cada
quem
fazer
sua
rocinha
e
prantar
den’dela
e
viver
dela
.
Doc
:
Sei
.
Inf:
É
.
Naquele
tempo
os
povo
que
podia
era
pouco
,
se
contava
,
né
?
Doc
:
E
o
que
plantav’antigamente
o
povo
planta
até
hoje
?
Inf:
Prant’até
hoje
.
Tigamente
que
aqui
,
o
boi
do
pobe
foi
fumo
.
Doc
:
Sei
.
Inf:
Fumo
depois
cond’deu
o
real
o
povo
começaru
miorar
,
né
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
Mas
hoje
o
fumo
foi
abaixo
,
cabou
.
Doc
:
É
?
Inf:
Hoje
ninguém
pranta
maih
,
hoje
tem
o
mi
com
maindioca
.
Doc
:
Por
que
o
fumo
acabou
seu
M
?
Inf:
Poque
o
povo
com
esse
negoço
de
fumo
fazer
mal
,
o
povo
novo
num
fuma
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
E
o
povo
véio
,
muitos
deixaru
,
que
eu
mehmo
fumei
de
novo
,
né
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
Aí
tá
com
base
de
unh
noventa
dia
eu
dexei
de
fumar
.
Doc
:
É
?
Inf:
É
.
Brincadeira
,
eu
tava
mah
o
menino
na
roça
,
aí
ele
disse:“
pai
,
vamo
fazer
uma
aposta
nóih
dois”
,
eu
disse:“vamo!”
,
eu
digo
:
“
o
que
é?”
,
ele
diz
:
“o
senhor...”
,
aí
tinha
uma
novia
minha
e
um
garrote
dele
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Lá
debaixo
do
pé
de
Jurema
se
coçano
,
né
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
Eles
doi:.“d’hoje
em
diante
se
o
senhor
fumar
,
o
senhor
perde
a
novia
para
mim
,
e
s’eu
beber
,
eu
perdo
o
garrote
po
senhor.”
Eu
digo
:
“tá
feito
,
tá
feito
,
tá
feito!”
peguei
o
fumo
taquei
logo
no
mato
.
E
foi
a
derradeira
vez
q’eu
botei
o
cigarro
na
boca
!
Doc
:
Ah
!
Inf:
Até
agora
,
né
?
[
porta
ragendo
]
Doc
:
Que
bom
!
Inf:
Aí
deixei
,
o
povo
véio
que
fum’é
pouco...novo
,
é
::
se
conta
tudo
como
hoje
,
né
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
Aí
eu
...
deixaru
de
prantar
fôia
baixo
.
Doc
:
Ah
.
Inf:
Aí
pronto
deixaru
de
prantar
,
acabou
.
O
fumo
tá
acabano
,
acabano
vai
deixar
acabar
mehmo
,
aí
que
uh
médco
entaru
com
aqueleh
negóço
que
vira
câncer
,
que
vira
num
sei
o
quê
,
que
vira
num
sei
o
quê
.
Aí
o
povo
vai
deixano
de
mais
a
mais
,
né
?
Doc
:
Como
era
a
plantação
de
fumo
seu
J
.?
Inf:
A
prant
...
prantação
minha
fia
.
Doc
:
Sim
.
Inf:
Ali
faz
os
canteiro
,
né
?
Quelas
tir’assim
,
aí
sameia
a
semente
.
Agora
ali
ocê
bota
a
pindoba
po
cima
e
tange
água
todo
dia
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Aí
nasce
a
plantinha
,
quande
hora
ela
fica
que
assim
óh
...
Doc
:
Sei
.
Inf:
Agor’aí
ara
a
terra
,
bate
e
pranta
a
semente
nesse
espaç’assim
,
bate
terra
e
pronto
.
Agor’aí
vai
zelano
,
né
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
Limpano
e
quan’
ver
ela
fica
aqui
óh
,
quando
chega
aqui
cê
só
deixa
ao
pé
de
semente
,
aí
cort’o
ôio
.
Doc
:
Ah
.
Inf:
Agor’aí
fica
assim
quinze
em
quinze
cê
tem
de
zoiar
poque
nem
toda
fôia
sai
um
ôi
,
né
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
A
gente
quebr’o
ôi
,
aí
ela
,
se
a
terra
for
boa
,
ele
tapa
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Tapa
a
terra
,
fica
toda
bonita
,
fica
o
fumo
des’tamaim
assim
oi
,
toda
tapada
,
a
terra
fica
de
você
num
poder
nem
entrar
dento
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Aí
agora
corta
,
bota
na
seva
.
A
seva
que
a
gente
fala
é
esticar
os
varão
,
né
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
E
bota
,
pega
as
duas
fôia
assim
,
aí
bota
,
fica
na
séva
.
Doc
:
Ah
.
Inf:
Aí
qund’ele
seca
,
aí
vai
e
tira
,
despenca
do
pau
,
né
?
Doc
:
Sei
.
Inf:
Agor’aí
vão
cort’o
talo
da
fôia
e
ajunta
,
aí
é
muita
gente
,
né
?
Doc
:
Sei
.
Inf:
E
ajunta
cond’acabar
faz
a
corda
,
cê
sabe
o
que
é
corda
de
fumo
,
fumo
de
corda
,
né
?
Doc
:
Sei
.
E
pa
prensar
pra
ficar
daquele
jeito
?
Inf:
Agor’aí
todo
dia
tem
que
desandar
,
desandar
é
você
passar
de
um
sarí
pra
outo
.
Aí
agora
você
vai
,
vamo
botar
...
tem
as
duas
furquia
aqui
,
o
sarí
aqui
e
uma
mão
aqui
de
virar
fumo
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
chama
,
né
?
Aí
agor’um
vai
botano
e
o
outo
passano
segurad’aqui
e
o
outo
passano
aqui
.
Aí
agora
vai
troceno
,
no
pau
mehmo
troce
passa
po
cima
assim
,
aí
volta
e
troce
,
aí
ele
vai
apertano
,
né
?
Quondo
vai
na
base
de
sessenta
dia
tá
unido
.
Doc
:
Ham
.
Inf:
Aí
dá
de
vêi
de
fumar
,
é
trabaiôso
!
Doc
:
É
.
Inf:
É
.
Poque
vai
rolo
que
dá
menos
trabáio
,
hoje
é
J
.
I
.
Doc
:
Sei
.
Inf:
Ess’aí
,
é
::,
com
tratou
hoje
ele
entrega
a
terra
pronta
.
Doc
:
Sei
.
Inf:
Num
carece
você
fazer
nada
.
Lhe
intrega
a
terra
pronta
,
aí
você
vai
e
pranta
nah
máquina
hoj’é
ligeiro
,
na
máquina
ou
no
trator
aqui
num
tá
vino
de
prantadeira
não
.
Doc
:
Não
?
Inf:
Não
,
mai
ali
em
Adustina
já
pranta
de
prantadeira
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Na
prantadeira
,
o
trator
pranta
dez
tarefa
de
terra
por
hora
.
Mah
na
...
aqui
é
nessah
máqna
de
bater
,
mas
pranta
muito
tombém
,
de
terra
...
a
terra
pronta
só
faz
aprontar
.
Doc
:
[
ri
]
Hum
.
Inf:
Limpou
,
coiêu
,
né
?
pronto
,
num
dá
trabái
nenhum
.
Hoje
todo
mundo
pode
prantar
dez
tarefa
de
feijão
.
Doc
:
Hum
.
E
o
senhor
acha
que
a
terra
de
antigamente
tá
do
mesmo
jeito
da
de
hoje
?
Inf:
Ah
,
a
terra
de
hoje
a
...
tem
de
ser
mais
cansada
.
Poque
o
terreno
novo
...
Doc
:
Sei
.
Inf:
...
que
o
{
friguia
}
roçava
,
né
?
{
Friaguia
}
roçava
,
queimava
,
o
terren’é
novo
!
Doc
:
Hum
.
Inf:
É
diferente
!
E
hoje
,
até
aqueles
touco
que
ficava
,
que
o
freguês
tirava
aquela
soqueira
,
ali
serve
de
adubo
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
E
hoje
não
,
hoje
tem
roçar
uma
terra
,
mas
tem
de
arrancar
os
touco
,
senão
o
trator
num
ara
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
E
se
for
pa
a
...
é
braç
...
a
braçal
é
pardido
e
a
...
e
o
{
frigui
}
num
vai
dar
tempo
.
A
terra
,
pa
você
fazer
dez
tarefa
de
terra
muntado
na
enxada
vai
fazer
nunca
...?
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
né
?
E
terra
num
teno
touco
,
o
trator
lhe
entrega
pronta
.
Cê
tem
um
pasto
,
num
tem
touco
,
como
tem
esse
capim
africano
que
se
ele
saí
muito
mato
é
mio
arar
de
quê
...
ali
ele
num
perde
,
sai
todo
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
né
?
Aí
o
trator
ara
,
mas
se
tever
touco
num
ara
.
Doc
:
Mas
a
terra
,
assim
,
continua
forte
?
Inf:
Ah
,
a
terra
rancou
os
touco
fica
mah
fraca
.
Doc
:
É
?
Inf:
É
,
como
hoje
o
povo
só
pranta
com
adubo
químico
,
né
?
Doc
:
Hum
.
E
com’é
que
consegue
esse
adubo
?
Inf:
Adubo
...
Doc
:
O
povo
o
...
as
...
o
estado
dá
ou
...
Inf:
Não
dá
nada
,
vê
é
vinte
e
cinco
real
o
saco
.
Doc
:
É
?
Inf:
É
.
Doc
:
Ah
::!
Inf:
É
comprado
!
Doc
:
Hum
.
Inf:
Ali
cad’um
saco
dá
p’uma
tarefa
,
cê
sabe
o
que
é
tarefa
?
Doc
:
Sei
.
Inf:
Apois
é
cada
um
saco
p’uma
tarefa
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Ali
a
gente
prant’o
feijão
.
Quano
vai
prantar
,
tange
na
terra
.
É
um
veneno
da
serena
poque
um
saco
de
adubo
pa
botar
numa
tarefa
de
terra
,
né
?
Aí
porque
vai
e
tange
na
terra
,
aí
pronto
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
É
comprado
vinte
e
cinco
real
um
saco
.
Doc
:
E
antigamente
dava
mais
bicho
no
...
na
plantação
do
que
hoje
?
Inf:
Óh
antigamente
,
menino
,
antigamente
eu
arcancei
,
lagarta
quaih
num
dava
.
Doc
:
Ham
.
Inf:
E
dava
,
todo
tempo
teve
lagarta
poque
no
...
no
tempo
dah
trovoada
,
qu’é
o
tempo
do
verde
,
né
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
Lagarta
toda
vem
,
que
nem
esse
ano
,
esse
ano
vêi
umas
de
dento
.
Premeiro
faltou
chuva
...
Doc
:
Sei
.
Inf:
...
Cabou
com
feijão
.
Quando
foi
depois
,
a
chuvinha
chegou
,
perdeu
um
pouco
da
fulô
,
agora
a
lagarta
,
poque
foi
a
lagarta
de
castigo
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Sabe
com’é
castigo
?
Doc
:
Que
vem
muita
!
Inf:
Vem
muita
demais
,
eu
tenho
uma
roça
aculá
,
daqui
quaih
légua
e
meia
...
Doc
:
Sei
.
Inf:
...
lá
a
num
lugar
chamada
a
Aduana
,
lá
na
estrada
pa
Jeremoabo
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Aí
eu
mandei
o
menino
ir
lá
,
no
sábdo
.
Quand’ele
chegou
lá
,
eu
andei
na
semana
,
num
tinha
,
cond’ele
chegou
lá
disse
:
“pai
tá
pêi
de
lagarta”
,
quande
foi
segunda-feira
nói
ia
prantar
um
capim
lá
,
eu
disse
:
“vamo”
.
Aí
já
levamo
a
bomb’e
o
veneno
.
Eu
mehmo
gastei
trinta
real
de
veneno
esse
ano
.
Doc
:
Ah
.
Inf:
Mas
tava
assim
,
óh
,
os
pé
de
mi
chega
taha
pendeno
,
a
lagarta
da
cega
com
o
feijão
,
feijão
todo
des’tamaim
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Tod’arrendado
as
fôia
.
Pronto
,
aí
meter
a
máqna
pa
riba
,
agora
o
venen’é
bateno
na
lagarta
e
é
desce
logo
na
hor
...
é
desce
logo
,
fica
pa
cair
dapois
não
é
bateno
e
desceno
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Mas
aí
perdi
a
metade
do
feijão
.
Premeiro
a
...
perdeu
a
fulô
,
segundo
a
lagarta
.
Mah
a
lagarta
é
::
eu
acabei
,
né
?
Poque
quand’eu
dei
fé
,
né
?
A
roça
longe
,
né
?
Quand’eu
dei
fé
já
tinha
comido
tudo
lá
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Mas
aqui
comeu
pouco
.
E
é
assim
a
vida
,
é
::,
da
gente
da
roça
é
mêi
entrupicada
,
mas
hoje
é
bom
,
hoje
é
bom
pa
trabaiar
e
que
a
gente
pudeno
...
(
pausa
)
Doc
:
Tem
outro
tipo
de
bicho
seu
...
J
.?
Inf:
Tem
,
óh
,
que
a
gente
conhece
tem
formiga
.
Doc
:
Hum
::.
Inf:
A
formiguinha
é
um
bicho
danado
que
ela
é
na
terra
,
né
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
Cê
sabe
o
que
é
formiga
,
né
,
formigueiro
?
Doc
:
Sei
.
Inf:
Pois
ela
é
na
terra
lá
po
olho
da
maindioca
mehmo
,
maindioca
é
uma
formiga
danada
,
hoje
o
tal
do
{
simirec
}
é
o
manejo
,
cê
bota
nas
formiga
e
botano
bem
botada
,
elas
se
acaba
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Quando
era
com
outos
veneno
,
o
povo
botava
até
de
noite
,
na
máqna
fuliano
aquela
fumaça
de
veneno
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
A
fomiga
aqui
era
danada
,
agora
cafanhoto
aqui
em
nossa
terra
mehmo
,
eu
nunca
conheci
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Eu
vi
históra
de
cafanhoto
,
assim
,
na
televisão
,
eles
comeno
tudo
lá
por
fora
,
né
?
Esse
ano
bem
qu’eu
vi
dizer
que
tem
uns
past’de
capim
pra
lá
,
e
deu
um
cafanhoto
que
comeu
os
capim
que
a
lagarta
deu
e
comeu
tudo
.
Doc
:
Sei
.
Inf:
Mas
braquiara
num
comeu
,
baquiara
não
,
africano
.
Mas
ali
pa
baixo
diz
que
deu
foi
um
cafanhoto
nos
africano
e
é
pa
num
ficar
nada
poque
um
bicho
como
,
óh
,
que
nunca
deu
cafanhoto
aqui
.
Doc
:
É
.
Inf:
Aqui
em
nossa
terra
nunca
teve
não
,
aqui
lagarta
e
formiga
.
Doc
:
Sei
.
Inf:
Bichim
da
terra
e
pronto
.
Doc
:
Mas
antigamente
que
num
tinha
,
assim
,
esses
produtos
,
veneno
,
como
é
que
vocês
faziam
?
Inf:
Antigamente
eu
aquedito
que
logo
quand’eu
me
entendi
,
já
achei
o
veneno
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
né
?
Mas
contava
...
Doc
:
Mas
seu
pai
num
conta
...
Inf:
Eles
contavam
que
de
noite
,
assim
,
ne
maindioca
,
bota
,
queimava
até
de
noite
com
fogo
.
Doc
:
Ah
!
Inf:
Tocaha
fogo
na
pindoba
,
cê
sab’o
que
é
?
Aquela
pindoba
tocava
fogo
qu’ela
faih
o
camim
,
né
?
Doc
:
Sei
.
Inf:
Os
magotim
,
um
vai
,
outa
vem
,
aí
tocaha
fogo
pa
ver
se
num
come
,
aquelah
lavoura
tod’entupia
uh
buraco
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Fazia
uns
jeitos
assim
,
num
inxistia
veneno
,
naquele
tempo
num
inxistia
nada
!
Doc
:
É
,
é
.
Inf:
Num
inxistia
veneno
,
num
inxistia
rodage
,
que
em
trinta
e
dois
,
trinta
e
doisi
qu’eu
num
arcancei
qu’é
a
seca
braba
,
minha
irmã
maih
véa
nasceu
em
trinta
e
dois
.
Doc
:
Foi
?
Inf:
Esse
qu’eu
disse
qu’era
contratado
da
...
o
meu
tio
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Ele
...
num
inxistia
farinha
,
né
?
Aí
vinha
pra
eles
pos
...
pra
eles
pa
foça
,
vinha
cada
quem
um
pôquim
de
farinha
,
num
sei
daonde
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Aí
eles
trazia
pra
ela
,
pr’aqui
pa
mãe
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Aí
eles
trazia
pa
menina
,
num
inxistia
farinha
...
Doc
:
Sei
.
Inf:
...
em
trinta
e
dois
.
Aí
daquele
tempo
num
inxistia
nada
de
carro
,
nem
nada
,
quem
armava
era
o
povo
de
pé
e
muntado
,
né
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
Nem
inxistia
nada
e
...
em
trinta
e
dois
mehmo
disse
que
tinha
safra
daqui
a
vinte
e
cinco
légua
.
Mas
num
vinha
se
o
caba
tinh’uns
burrinho
,
ia
os
burro
morria
no
camim
de
fome
.