Nome
:
J
.
M
.
C
.
Local
de
nascimento
:
Duas
Serras
,
mas
mora
na
comunidade
desde
que
nasceu
Idade
:
62
anos
Sexo
:
feminino
Nível
de
escolaridade
:
anfalbeta
Doc
:
Como
é
o
nome
completo
da
senhora
?
Inf:
Sei
não
.
L
.
Meu
nome
completo
mode
o
seu
coma
é
?
Circ:
Meu
nome
completo
é
L
.
S
.
da
C
.
Inf:
Isso
quer
dizer
que
eu
é
J
.
M
.
[
da
C
...
]
da
C
...
Será
trazer
o
documento
?
É
mió
ela
espiar
no
documento
,
né
?
Doc
:
da
C
...
Inf:
É
J
.
M
.
da
C
.
Doc
:
Certo
.
Inf:
É
.
Doc
:
A
senhora
nasceu
aqui
mesmo
?
Inf:
Eu
nasci
...
eu
nasci
na
Duas
Serra
,
mas
com
oito
dia
minha
veio
pr’aqui
com
eu
.
Nasci
aqui
mehmo
,
né
?
Doc
:
[
risos
]
[
inint
]
A
senhora
estudou
dona
J
.?
Inf:
Minha
fia
,
eu
faço
de
conta
que
num
estudei
.
Naquele
tempo
,
né
,
a
senhora
sabe
,
o
povo
de
outo
tempo
num
botava
os
fio
quase
pa
estudar
.
Não
seio
leitura
nenhuma
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
Não
!
Doc
:
E
a
senhora
tem
quantos
anos
?
Inf:
Eu
tou
dento
de
sessenta
e
dois
.
Doc
:
Certo
.
Sessenta
e
dois
.
(
pausa
)
Sim
!
A
senhora
é
casada
?
Inf:
Sou
.
Doc
:
Tem
quantos
filhos
?
Inf:
Eu
só
po
...
só
tive
uma
.
Doc
:
Mora
aqui
?
Inf:
Não
.
Doc
:
Mora
onde
?
Inf:
Casou
e
tá
morano
n’Aracaju
.
Doc
:
É
?
Inf:
É
.
Doc
:
A
senhora
sente
saudade
?
Inf:
Ave
Maria
,
por
demais
.
Tem
dia
que
amaeço
chorano
mó
de
minha
fia
.
Doc
:
Ôh
!
Inf:
Tenho
netinho
já
.
Doc
:
Hum
,
hum
.
Inf:
Essa
semana
mehma
,
Ave
Maria
,
me
deu
um
desengano
,
chorano
,
saudade
dela
,
tadinha
!
O
pai
foi
conversar
co’ela
e
ela
diz
:
“
pai
,
diga
a
ela
que
tenha
paciência
q’eu
num
posso
ir
.
Agora
em
setembo
eu
vou.”
Doc
:
Que
bom
,
né
?
Inf:
Né
?
[
risos
]
Doc
:
Tá
mais
perto
.
Inf:
O
marido
é
empregado
,
né
?
Num
...
Ela
não
pode
sair
porque
cê
,
cê
sabe
,
nesse
lugar
,
né
,
num
anda
se
deixano
a
casa
só
,
né
?
Aí
ela
tem
medo
de
sair
!
Doc
:
Hum
,
hum
.
Inf:
Agora
em
setembo
ela
disse
que
vem
.
Doc
:
Hum
.
Que
bom
!
Certo
.
A
senhora
gosta
do
seu
nome
?
Inf:
S’eu
gosto
do
meu
nome
?
Doc
:
Sim
.
Inf:
O
meu
nome
mehmo
?
Doc
:
Ham
.
Inf:
Eu
gosto
!
Doc
:
É
?
Inf:
É
!
Doc
:
Quem
foi
que
vo
...
colocou
esse
nome
na
senhora
?
Inf:
Eu
penso
que
foi
minha
mãe
,
não
?
Doc
:
É
?
[
risos
]
Ela
disse
por
que
escolheu
esse
nome
?
Inf:
Sim
,
eu
agora
magino
assim
que
foi
minha
mãe
que
colocou
!
Minha
mãe
ou
minha
vó
,
né
?
Doc
:
Hum
,
hum
.
E
ela
disse
por
que
colocou
esse
nome
?
Inf:
Não
.
Ela
num
falou
não
.
Também
se
ela
falou
,
num
lembro
,
né
?
Doc
:
Se
fosse
pra
ter
outro
nome
,
assim
,
qual
o
nome
que
a
senhora
gostaria
de
ter
?
Inf:
P’eu
ter
outro
nome
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
Num
sei
,
o
apelido
q’eu
tenho
.
Eu
tenho
um
apelido
!
Doc
:
É
?
Inf:
É
!
Doc
:
Qual
é
o
seu
apelido
?
Inf:
Z
.
Doc
:
Hum
!
Inf:
Mas
o
povo
me
chama
,
viu
,
Z
.
das
Casinha
.
Eu
atendo
mais
Z
.
das
Casinha
do
que
meu
nome
próprio
,
ói
!
Doc
:
[
riso
]
Inf:
É
!
Doc
:
[
risos
]
Legal
,
né
?
ter
um
apelido
.
Inf:
É
.
Doc
:
Certo
.
A
senhora
gosta
de
ter
nascido
nesse
lugar
?
Inf:
Se
eu
gostei
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
De
eu
ter
nascido
nesse
lugar
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
Eu
gostei
,
graças
a
Deus
!
Doc
:
Quê
que
a
senhora
acha
desse
lugar
?
Inf:
Eu
só
acho
nesse
lugar
aqui
nosso
que
é
um
lugar
...
quer
dizer
,
qu’é
muito
fraco
,
pa
gente
viver
assim
.
A
gente
vive
apusso
,
né
?
Mas
é
um
lugar
que
num
tem
um
emprego
.
Pra
gente
viver
é
bigado
ser
na
roça
.
No
dia
que
quer
comprar
quarquer
coisinha
,
assim
,
se
der
um
dia
de
serviço
,
a
gente
compra
algum
calçadinho
,
uma
roupinha
pa
vestir
,
e
no
dia
que
num
dá
um
dia
de
serviço
,
minha
irmã
,
aí
fica
se
bateno
.
Eu
num
nego
a
verdade
.
Agora
não
,
fiquei
velha
,
maise
num
ando
andano
,
né
?
Mas
de
primeiro
mehmo
,
a
gente
sofria
d’um
jeito
que
a
gente
ia
pedir
,
assim
,
as
pessoa
que
tinha
,
mulambinho
pa
vestir
,
pa
num
andar
nu
....
Doc
:
Eu
sei
!
Inf:
...
Tá
entendeno
?
Lugar
aqui
nosso
é
muito
bom
!
Mas
que
é
...
é
um
lugar
,
graças
a
Deus
,
que
muito
sossegado
,
esse
lugar
,
agora
fraco
é
!
É
!
Uma
,
que
quando
nós
pelejava
com
o
prefeito
que
era
o
outro
,
aí
foi
uma
boa
pa
nós
.
Mas
esse
d’agora
,
minha
irmã
,
matou
nós
!
(
pessoas
conversando
)
Doc
:
Ah
!
É
?
Como
é
que
tá
seno
esse
governo
dele
?
Inf:
Eu
num
sei
minha
irmã
,
num
seio
.
Que
disso
deu
uma
tranca
ne
nóise
.
Quondo
era
o
outro
,
graças
a
Deus
,
tinha
carro
,
caía
uma
pessoas
doente
,
nós
sabia
que
tinha
um
carro
,
dois
,
três
aí
,
pa
dar
socorro
a
nós
.
Se
o
tempo
levantava
,
graça’as
Deus
,
água
num
fartava
,
que
todo
mundo
fez
seus
tanquinho
pa
ele
botar
água
,
né
?
E
este
,
até
deixar
nós
morreno
de
sede
deixou
!
Doc
:
É
mesmo
!?
Inf:
A
bomba
,
minha
irmã
,
quebra
aí
,
e
ele
num
quer
nem
comprar
bomba
pa
botar
É
brigado
pra
reunir
uns
fraco
que
nem
nós
,
que
num
pega
nem
num
tustão
,
pra
comprar
um
bocado
,
quonto
mais
pa
comprar
uma
bomba
pa
botar
água
!
Tão
tudo
aí
se
acabano
.
Num
tamo
agora
porque
Deus
tá
mandano
a
divina
misericórdia
,
nós
tamo
bebeno
nas
barroquinha
e
nos
tanque
.
Parano
uns
pouquinho
e
nós
bebeno
.
Mas
por
ele
,
tinha
morrido
todo
mundo
aqui
!
Doc
:
Que
situação
,
né
!?
Inf:
Aqui
,
tá
!
Ôh
prefeito
de
Deus
!
Pra
num
dizer
outra
coisa
,
né
?
Mas
tá
bom
,
né
?
Doc
:
Se
fosse
,
assim
,
pra
senhora
falar
com
ele
pra
trazer
melhorias
aqui
pro
lugar
,
o
que
a
senhora
ia
pedir
pra
ele
,
pr’esse
prefeito
?
Inf:
Pa
pedir
a
ele
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
E
ele
dá
nada
,
home
!
Doc
:
[
risos
]
Mas
c’uma
tentativa
,
o
que
que
a
senhora
ia
pedir
?
[
risos
]
Inf:
[
risos
]
Ôh
Jesus
,
ele
já
judiou
nós
demais
,
minha
fia
...
[
risos
]
Sei
não
comadre
.
Mas
porque
,
e
eu
vou
lhe
dizer
,
nós
,
nós
prefira
mehmo
,
graças
a
Deus
,
nós
prefira
aqui
dentro
,
se
fosse
p’ele
ajudar
nós
,
quer
dizer
,
que
nós
botasse
nossa
bomba
,
certo
?
pa
num
fartar
nossa
aguinha
.
Que
a
senhora
acha
,
uma
pessoa
num
lugar
deste
que
nós
vevi
,
isolado
,
fartano
água
,
né
morreno
não
,
né
morreno
?
E
água
,
assim
,
quando
farta
,
nas
barroquinha
,
nos
tanque
assim
,
a
gente
vai
apanhar
arredada
duas
légua
,
três
,
ói
!
E
teno
nossa
aguinha
própia
,
nossa
bomba
porque
ele
sabe
que
...
que
nós
fraco
mehmo
,
num
compra
mehmo
,
que
nós
num
compra
!
Ele
sustentasse
ao
menos
da
bomba
,
quando
quebrasse
,
ele
,
outra
,
botasse
uma
bomba
certa
.
Teve
uma
qu’ele
botou
que
sempre
sustentou
,
qu’era
água
pa
tudo
quonto
era
casa
aí
,
de
Cabeça
Baixa
,
adepois
trancou
.
Parece
que
só
queria
ganhar
,
sabe
?
Depois
que
ganhou
,
trancou
,
agora
aí
pronto
!
Doc
:
Hum
.
Inf:
Eu
mehmo
preferia
minha
água
,
né
?
Circ:
[
inint
]
.
Inf:
Não
,
mas
e
ele
pa
dar
tudo
de
uma
vez
eu
sei
q’ele
num
dá
,
né
?
Circ:
[
inint
]
.
Inf:
Procuro
.
Má
hora
quande
...
quande
...
Doc
:
Quando
elegeu
ele
.
Inf:
Foi
.
Má
hora
!
Êta
meu
Deus
!
Também
o
povo
fala
a
ele
tadinho
,
ele
num
tem
o
que
dizer
,
chega
baixar
a
cabeça
assim
...
Porque
ele
agarantiu
a
nós
todo
,
que
agarantia
d’ele
ser
bom
,
tá
entendeno
?
Doc
:
Hum
,
hum
.
Inf:
E
muitas
vez
eu
via
ele
dizeno
,
dixe
aqui
na
minha
casa
e
dixe
a
outros
,
se
ele
num
der
certo
,
“pode
chegarem
dejunto
de
mim”
.
Ôh
,
minha
irmã
,
mas
tudo
ele
sem
ser
prefeito
!
Ele
,
ele
agüenta
também
?
Num
agüenta
,
óh
,
pobre
de
M
.
Mas
agora
se
disser
q’ali
foi
um
prefeito
agarantido
,
bom
,
que
soube
mehmo
trabaiar
pa
pobeza
,
aquele
foi
um
.
Foi
.
Agora
Trista
,
minha
irmã
,
botou
mehmo
pa
matar
todo
mundo
.
Foi
.
(
choro
de
criança
)
Doc
:
Se
fosse
,
assim
,
pra
senhora
escolher
outro
lugar
pra
nascer
,
qual
a
senhora
escolheria
?
Inf:
Outo
lugar
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
Pra
quê
?
Doc
:
Pra
nascer
.
Inf:
P’eu
nascer
?
Doc
:
Sim
.
Inf:
Fora
desse
daqui
?
Doc
:
Hum
.
Ou
num
queria
?
Inf:
Num
queria
não
.
Doc
:
Num
queria
não
?
Inf:
Eu
não
,
porque
,
ói
,
tenho
minha
fia
que
cava
pa
me
rastar
p’Aracaju
...
[
rindo
]
Eu
num
tenho
paixão
de
ir
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Tenho
parente
ali
ne
Jeremoabo
que
,
ave
Maria
,
pro
gosto
deles
eu
já
tinha
vendido
aqui
,
já
tinha
comprado
uma
casinha
lá
.
Eu
num
quero
.
Eu
digo
:
“ói
,
deixe
o
meu
lugazinho
qu’eu
nasci
e
me
criei
...
Qu’eu
lá
tou
muito
boa
,
graças
a
Deus
”
!
Tou
.
Num
vou
dizer
que
num
tou
,
num
tou
mais
mió
,
né
,
porque
o
lugar
é
fraco
.
Mas
também
,
p’eu
ir
pr’os
outros
lugar
,
num
trabalho
,
num
...
num
...
num
...
num
faço
nada
,
né
?
E
aqui
o
menos
o
menos
,
meu
marido
tá
trabalhano
que
ele
num
sabe
ler
e
nem
nada
,
mas
tá
{
meno
}
,
né
?
Trabalhano
,
né
,
pa
me
dar
meu
passar
.
Chega
na
cidade
,
num
sabe
a
leitura
de
nada
,
num
acha
um
emprego
de
nada
,
e
eu
vou
viver
de
que
agora
,
aí
?
Eu
sou
mulé
muito
doente
,
né
?
Sou
mulé
muito
doente
.
De
fato
,
sou
aposentada
.
Mas
o
...
o
remédios
é
quem
tá
comeno
meu
dinheirinho
todo
.
Doc
:
A
senhora
é
doente
de
quê
?
Inf:
Do
diabete
,
minha
fia
.
Doc
:
É
?
Inf:
É
.
No
diabete
n’estante
tou
sanzinha
conversano
com
a
senhora
,
nestante
te
...
Doc
:
E
a
senhora
sente
o
que
assim
?
Inf:
Eu
sinto
tudo
.
Doc
:
É
!
Inf:
É
.
Doc
:
Como
assim
?
Inf:
Menina
,
ne
braço
,
ne
perna
,
tudo
me
doeno
...
a
cabeça
,
a
pressão
,
me
ataca
muito
uns
avexame
.
Agora
eu
num
nego
a
senhora
também
,
I
.
faz
comigo
igualzinho
com
quem
sou
uma
mãe
dele
,
sabe
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
Agora
eu
que
tenho
a
cabeça
dura
.
Num
faço
certinho
com’
ele
manda
.
[
rindo
]
É
por
isso
que
...
Doc
:
[
risos
]
Inf:
...
né
?
Contar
a
verdade
,
né
não
?
Num
faço
certinho
mehmo
não
.
Se
eu
fizesse
certinho
que
nem
ele
manda
,
eu
sei
que
eu
tava
boa
.
Mas
ele
diz
“ói
,
num
coma
isso
,
num
coma
isso
,
num
coma
isso
.
Beba
seu
remedinho
certo
controlado”
.
Tá
bom
.
Aqueles
dia
qu’eu
bebo
crontolado
o
remédio
,
ave
Maria
!
Mas
[
inint
]
uma
coisa
dá
vontade
de
comer
.
É
mehmo
que
muié
desejano
,
essa
doença
.
Ou
come
aquilo
ou
como
.
No
dia
que
...
que
L
.
toma
meu
pé
p’eu
num
comer
aquilo
,
aí
eu
entro
pra
dento
vou
chorar
que
nem
menino
pequeno
.
Quando
ele
sai
,
eu
,
paco
,
vou
e
como
.
Quer
dizer
que
ali
num
dá
,
né
?
Que
aquela
comida
tá
veno
que
né
pa
comer
,
num
adianta
a
pessoa
teimar
,
né
?
Aí
é
quando
,
agora
aí
,
eu
vou
,
quando
penso
que
tou
em
pé
tou
no
chão
.
Doc
:
É
::
o
que
foi
que
o
médico
proibiu
,
assim
,
a
senhora
de
comer
?
Inf:
Carne
de
gado
,
s’eu
comer
um
pedacinho
,
um
pedacinho
,
seja
assado
.
Apois
eu
como
frito
aí
ói
,
já
sabe
.
[
risos
]
Cuscuze
,
assim
,
s’eu
comer
um
pedacinho
uma
vez
,
num
como
as
duas
.
Farinha
,
De
us
o
live
,
né
?
Arroz
,
uma
conchinha
assim
de
arroze
,
colezinha
de
feijão
num
empata
de
eu
comer
,
né
?
Mamão
,
eu
como
uma
taiadinha
,
melencia
,
outra
taiadinha
,
sabe
?
E
agora
aí
,
as
verdura
,
agora
ele
deixe
assim
,
que
verdura
num
tinha
quontidade
de
comer
,
sabe
,
pudesse
comer
.
Agora
essas
outras
coisa
carregada
...
Doc
:
E
a
senhora
gosta
de
verdura
?
Inf:
[
rindo
]
Já
comi
do
tanto
que
já
enjuei
.
Nem
...
nem
mando
comprar
mais
!
[
risos
]
Muié
a
doença
isso
é
forte
,
forte
,
forte
,
eu
,
aí
,
fiquei
só
nele
,
na
verdura
,
na
verdura
,
na
verdura
...
Agora
enjuei
.
Enjuei
a
verdura
,
enjuei
o
arroize
,
é
!...
Agora
aí
fico
assim
comeno
assim
besteirinha
,
que
eu
tou
lá
como
uma
coisinha
,
como
outra
,
assim
...
Doc
:
E
.
qual
,
assim
,
o
prato
que
a
senhora
mais
gosta
de
cozinhar
?
O
tipo
de
comida
,
assim
...
Inf:
Q’eu
comer
?
Doc
:
Sim
.
[
risos
]
Inf:
O
feijão
...
Doc
:
Sim
.
Num
pode
!
Inf:
[
rindo
]
Apois
,
num
pode
,
né
?
O
...
a
farinha
,
e
a
carne
é
pa
ser
assada
,
eu
passo
de
mão
,
vou
comer
conziada
,
ói
!
No
dia
qu’eu
como
assada
,
um
dia
,
no
outro
dia
,
já
sabe
,
eu
conzio
um
pedacinho
e
como
.
Aí
me
faz
mal
e
assada
num
faz
.
Doc
:
E
qual
é
,
assim
,
o
que
o
seu
marido
mais
gosta
que
a
senhora
faça
?
Inf:
O
arroize
,
p’eu
comer
.
Ele
só
quer
qu’eu
coma
o
arroize
ou
a
verdura
.
Feijão
,
de
oito
em
oito,eu
pegar
assim
uma
colé
ou
duas
e
...
e
botar
no
mei
do
arroz
e
comer
o
arroz
,
né
...?
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
o
feijãozinho
pouquinho
.
Pro
gosto
dele
eu
só
comia
isso
e
minha
carninha
assada
.
Anté
meu
óleo
,
que
é
o
óleo
mehmo
do
diabético
que
tem
,
né
?
Pois
tudo
isto
ele
compra
pra
mim
só
pr’eu
num
precisar
me
certas
comida
.
E
eu
fico
com
uma
pena
e
como
.
Aí
ele
dize
:
“tem
jeito
pra
você
,
não
,
só
Deus
!”
Quando
ele
vê
eu
comeno
coisa
carregada
,
eu
num
nego
,
né
?
A
teimosa
é
eu
,
né
ele
não
.
Doc
:
E
a
senhora
quando
estudou
,
quer
dizer
,
nunca
foi
à
escola
,
não
?
Inf:
Já
!
Mas
minha
mãe
quando
me
botou
na
escola
,
eu
tava
moça
feita
quando
eu
chegava
na
escola
eu
ia
era
namorar
!
Doc
:
A
é
!?
[
risos
]
Me
conte
aí
do
caso
.
Inf:
Aí
caía
pa
namorar
.
Estu
...
quando
chegava
em
casa
:
“estudou
,
minha
fia?”
.
Estudei
.
Mentira
.
Namorano
,
namorano
!
Num
vou
negar
!
Já
moça
feita
quando
ela
foi
botar
eu
na
escola
pra
estudar
.
Aí
num
...
num
aprindi
nada
,
nada
,
mehmo
não
,
nada
!
Nem
meu
nome
num
aprendi
.
Doc
:
E
o
quê
que
a
professora
fazia
assim
na
escola
?
Inf:
Quando
eu
tava
na
escola
{
eu
acha
ruim
}
botava
,
quem
num
sabia
de
nada
,
ela
botava
pa
...
pa
ler
o
abc
e
fazeno
os
nome
assim
do
abc
.
Doc
:
Só
?
Inf:
Só
.
Ensinava
reza
a
nós
tombém
.
Doc
:
E
hoje
em
dia
,
os
meninos
são
assim
também
na
escola
,
tá
prendeno
reza
?
Inf:
Tá
aprendeno
reza
também
,
as
criança
,
a
professora
tá
ensinano
.
Doc
:
A
senhora
acha
que
as
criança
de
antigamente
são
diferente
das
de
hoje
?
Inf:
Ah
,
é
!
As
de
hoje
é
deferente
,
não
?
[
risos
]
Que
tão
aprendeno
bem
,
as
professora
tão
ensinano
bem
,
tá
veno
,
né
?
E
a
de
...
a
de
hoje
e
as
de
primeiro
num
era
assim
.
Doc
:
Era
como
?
Inf:
É
,
mães
era
num
sei
coma
.
Quonde
ia
botar
os
pobe
pa
...
pa
estudar
é
::
já
tudo
véio
!
Ôh
,
ôh
,
já
viu
papagaio
véio
falar
nada
,
prender
nada?{
e
é
es
}
E
,
agora
,
não
.
Rapare
que
as
criancinha
,
né
,
logo
de
novinho
,
de
dois
ano
e
tudo
,
os
pai
já
vai
botano
logo
,
né
,
pa
estudar
.
Quer
dizer
q’as
criança
já
vão
ficano
aumentadinho
,
já
tá
sabeno
escrever
pa
mamãe
,
papai
.
Por
quê
?
Porque
os
pai
de
hoje
e
os
professor
de
hoje
tá
sabeno
aducar
as
criança
,
e
de
primeiro
,
num
...
num
tinha
,
num
ligava
pra
nada
.
Doc
:
E
como
era
assim
que
...
e
...
e
por
que
a
mãe
da
senhora
deixou
a
senhora
ir
pra
escola
tarde
?
Inf:
Minha
irmã
,
eu
num
sei
não
.
Minha
fia
,
porque
o
povo
[
riso
]
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
o
povo
do
outro
tempo
num
era
que
nem
o
de
hoje
...
Doc
:
Era
como
?
Inf:
Num
ligava
po
negócio
de
estudo
.
Fio
ne
estudo
não
ligava
,
logo
que
eles
num
...
num
sabia
de
nada
também
num
ligava
pa
botar
os
fio
.
Porque
minha
mãe
num
sabia
,
meu
pai
num
sabia
.
Quer
dizer
,
que
num
...
num
dos
fio
da
minha
mãe
sabia
não
.
Sabe
não
.
Doc
:
E
a
sua
filha
?
Inf:
A
minha
fia
,
graças
a
Deus
,
eu
botei
minha
fia
no
estudo
.
Doc
:
Colocou
logo
cedo
.
Inf:
Foi
.
Eu
botei
,
graças
a
Deus
!
Doc
:
E
a
senhora
criou
sua
filha
da
mesma
forma
que
os
pais
da
senhora
criou
a
senhora
?
Inf:
Eu
,
por
mim
,
eu
num
sei
não
.
[
rindo
]
Eu
criei
assim
,
né
?
No
rigume
que
era
de
ser
,
eu
criei
.
Mas
eu
achei
qu’eu
criei
minha
fia
mió
,
qu’eu
dei
estudo
a
minha
fia
,
e
minha
mãe
num
me
deu
.
E
eu
,
graças
a
Deus
,
quando
ela
quis
estudar
eu
...
Porque
quondo
ela
ia
compretar
vinte
ano
,
xou
ver
,
ela
ia
compretar
assim
oh
,
assim
[
inint
]
assim
,
óh
,
eu
fiz
o
casamento
dela
,
comparação
,
que
nem
hoje
,
e
que
nem...no
...
Na
segunda
,
assim
,
ela
ia
compretar
vinte
ano
{
motum
}
nada
num
fechou
os
vinte
ano
.
Aí
eu
fiz
o
casamento
dela
.
E
graças
a
Deus
,
ela
no
estudo
!
Ela
só
saiu
do
estudo
quando
...
Doc
:
Como
foi
o
casar
?
Inf:
...
quando
casou
!
Ah
foi
!.
E
assim
mehmo
tá
{
narara
}
n’Aracaju
e
o
marido
quer
qu’ela
vá
estudar
.
Ela
diz
:
“eu
vou
não
,
mode
meu
fio
,
vou
botar
meu
fio
[
inint
]
não
.
(
pessoas
conversando
)
Vou
deixar
meu
fio
crescer
mais
e
vou
botar
é
meu
fio”
.
No
dia
em
que
minha
mãe
me
botou
novinha
,
eu
vou
botar
meu
fio
.
Ela
diz
é
isso
.
Quer
mais
[
inint
]
.
Doc
:
E
como
foi
o
casamento
da
sua
filha
,
a
senhora
sofreu
muito
com
os
preparativo
?
Inf:
Sofri
,
minha
irmã
!
Doc
:
Como
foi
?
Inf:
Aí
eu
sofri
,
[
inint
]
pessoa
fraco
pa
arrumar
hem
.
Como
...
com’arrumamento
de
fraco
,
mas
a
senhora
sabe
,
né
?
Doc
:
Hum
,
hum
.
Inf:
Minha
fia
num
saiu
[
inint
]
.
Me
bati
daqui
,
me
bati
d’acolá
,
né
?
Trabaiei
qu’eu
num
nego
,
trabaiava
alugado
e
ajuntano
,
até
quondo
Deus
me
retorou
e
fui
na
...
nas
festa
daqui
,
no
mês
de
setembro
,
Deus
me
retorou
que
arrumei
minha
fia
,
né
?
Aluguei
um
[
carvão
]
,
um
vestido
,
o
povo
da
...
do
noivo
dela
vieru
tudo
pr’aqui
.
Essa
casa
aqui
num
coube
o
povo
,
graças
meu
bom
Jesus
!
Doc
:
Teve
festa
,
foi
?
Inf:
Teve
!
Doc
:
Ah
,
como
foi
a
festa
?
Inf:
[
risos
]
Proque
a
festa
de
ano
n’era
,
já
tinha
.
Aí
,
adepois
tem
a
missa
,
né
...?
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
Aí
chegou
,
passou
de
mão
,
foi
quande
el’
...
nós
passou
.
Ela
se
casou
umas
três
hora
da
tarde
.
E
agora
aí
minha
fia
,
depois
minha
fia
,
foi
a
começar
de
gente
aqui
dento
,
o
som
comeno
no
cento
,
bebedeira
,
qu’eu
queria
até
a
senhora
ver
isso
aí
.
Não
,
não
...
Eu
fraca
,
mas
,
graças
a
Deus
,
num
fiz
vergonha
não
,
no
casamento
da
minha
fia
,
não
.
Também
tudo
qu’eu
faço
é
pa
minha
fia
,
né
?
Graças
meu
bom
Jesus
!
Doc
:
E
o
seu
casamento
,
como
foi
que
a
senhora
conheceu
o
seu
esposo
?
Inf:
Foi
,
assim
,
minha
filha
,
eu
sou
casada
duas
vez
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Eu
casei
com
premeiro
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
Aí
o
primeiro
foi
,
passou
de
mão
,
arranjou
outra
casada
,
mulé
do
irmão
,
foi
,
carregou
a
mulé
do
irmão
.
Aí
foi
embora
.
Aí
eu
,
eu
morava
aqui
e
um
irmão
meu
morava
lá
em
Pombal
,
num
lugarzinho
que
a
gente
chama
até
Boa
Hora
,
aí
morava
lá
.
Aí
eu
desgostosa
demais
,
aí
eu
fui
embora
pontar
meu
irmão
.
Meu
irmão
soube
qu’eu
tava
largada
,
aí
ele
foi
buscar
eu
.
Aí
eu
fui
puntar
a
ele
.
Quando
eu
cheguei
lá
,
aí
fiquei
morano
mais
ele
.
Aí
num
vim
mais
pra
cá
,
mandei
dizer
pra
mãe
que
ia
ficar
mais
ele
,
aí
fique
mais
ele
lá
.
Aí
tinha
uma
tia
dele
e
umas
irmã
dele
,
né
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
Aí
se
agradaru
muito
de
mim
,
pegaru
dar
conseio
.
Apois
.
né
?...
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
pegaru
dar
conseio
a
eu
,
dar
consei
a
ele
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
né
?
Aí
eu
fiquei
um
bagaço
namorano
com
ele
,
também
já
tinha
desesparançado
do
meu
,
né
?
Eu
tava
assim
,
namorano
com
ele
.
Meu
irmão
num
queria
não
,
com
ele
num
queria
não
.
Só
queria
o
povo
dele
.
Agora
mehmo
[
inint
]
.
Aí
ele
chamou
:
“vam...vamo
fugir
pa
sua
casa
lá
,
sua
terra
?
Eu
não
vou
te
enrolar
não[
inint
]
”
.
Eu
digo
:
“eu
num
posso
tá
não”[
inint
]
.
Qu’eu
era
menina
moderna
,
né
?
Só
namorava
com
ele
escondido
,
né
,
do
meu
irmão
.
Aí
nós
paremo
um
dia
que
ele
,
ele
viajava
,
né
?
negociava
,
assim
,
fora
.
Aí
paremo
um
dia
que
ele
viajou
,
aí
quondo
ele
viajou
,
nós
peguemo
o
ônibu
cinco
hora
da
manhã
.
Aí
viemo
pra
aqui
.
Depois
qu’eu
cheguei
aqui
eu
deixe
:
“ói
,
eu
fujo
com
você
de
lá
,
mas
eu
só
vou
viver
com
você
,
se
você
casar
comigo”
.
Aí
ele
:
“em
que
parte
você
quer
casar?”
Eu
digo
:
“Eu
quero
casar
no
civil”
.
Aí
nós
[
inint
]
correr
atrás
.
[
riso
]
Doc
:
Porque
no
outro
a
senhora
só
era
casada
na
igreja
.
Inf:
Na
igreja
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
E
com
esse
,
casei
no
civil
...
[
rindo
]
Doc
:
Que
bom
,
deu
sorte
,
hem
?
Inf:
...
né
?
[
risos
]
E
graças
a
Deus
me
dei
bem
.
Até
aqui
,
graças
ao
bom
Deus
,
tou
me
dano
bem
com
ele
.
Doc
:
Tem
quanto
tempo
isso
?
Inf:
Porque
,
ói
,
tem
,
Ave
Maria
,
tem
muito
tempo
.
Quondo
ele
chegou
aqui
era
por
novinho
demaisi
,
e
o
povo
brigava
comigo
,
coma
é
que
uma
mulé
de
idade
queria
um
menino
deste
.
“Cê
trouxe
o
menino
p’aqui.”
Aí
eu
deixe
:
“deixa
aí
meu
menino!”
[
riso
]
Né
?
Isso
aí
,
graças
ao
bom
Jesus
,
Deus
me
deu
sorte
.
Minha
sorte
foi
Deus
,
e
a
Bahia
toda
!
[
inint
]
Que
nem
eu
,
eu
num
arrumei
home
véio
que
nem
eu
.
E
aí
trabalha
,
peleja
comigo
,
se
chegar
aqui
,
se
eu
tiver
aprontado
a
comida
,
bem
,
se
não
tiver
,
ele
vai
apronta
a
comida
pra
ele
e
pra
mim
,
ele
bota
água
,
faz
tudo
.
Eu
cozinho
a
lenha
,
né
?...
Doc
:
Hum
,
hum
.
Inf:
...
e
[
inint
]
tem
vez
,
tem
vez
assim
que
ele
bota
a
lenha
,
porque
eu
num
gosto
que
{
pare
}
de
botar
lenha
,
né
?
Porque
eu
é
doente
assim
,
mas
num
me
aquieto
não
!
Eu
pago
uns
que
tem
aí
pa
mexer
doce
,
fazer
doce
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
Aí
oxente
,
isso
tudo
ele
faz
aí
pra
mim
,
graças
a
Deus
,
tou
sossegada
,
entendeu
?
Doc
:
Que
bom
,
né
?
Inf:
Mas
mais
sossegado
que
a
pessoa
fraco
,
né
?
Doc
:
Hum
,
hum
.
Não
.
Que
é
isso
!
Tanta
gente
rica
aí
que
num
tem
,
né
?
Inf:
Num
é
isso
,
né
?
Doc
:
É
!
Inf:
Pois
é
.
Doc
:
E
a
senhora
acha
importante
ter
um
companheiro
?
Inf:
Eu
?
Doc
:
Sim
.
Inf:
Ave
Maria
!
Gosto
demais
,
graças
a
Deus
!
Doc
:
Porque
ficar
sozinha
,
né
?
Inf:
P’eu
viver
sozinha
?
Deus
me
live
!
Doc
:
É
verdade
.
E
a
senhora
antes
de
se
aposentar
era
lavradora
,
né
?
Inf:
Era
.
Doc
:
Hum
.
E
a
senhora
gostava
da
profissão
?
Inf:
Eu
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
Mia
irmã
,
eu
gostava
porque
a
pessoa
tano
trabalhano
,
né
?
Remano
sua
vida
é
mió
.
Porque
,
ói
,
eu
tou
agora
parada
den’de
casa
,
num
vê
eu
doente
assim
,
mas
eu
acho
ruim
.
Mas
antes
,
se
eu
tivesse
minha
saúde
,
oxente
,
ante
pero
mundo
trabaiano
que
nem
os’outo
.
Que
o
povo
aí
,
ói
,
tão
tudo
pero
mundo
trabalhano
?
E
meu
{
borradio
}
era
esse
.
E
,
graças
a
Deus
,
toda
vida
tive
coragem
de
trabalhar
,
tive
saúde
.
Toda
vida
eu
nunca
parei
den’de
casa
,
não
.
Eu
saía
ia
pro
trabaio
trabalhar
e
deixava
ele
aqui
den’de
casa
.
Eu
digo
:
“tome
de
conta
da
roça
que
eu
vou
tomar
de
conta
do
ganho
que
é
pra
entonce
nós
remar
nossa
vida”
.
{
batizo
}
era
esse
.
Toda
vida
gostei
de
trabaiar
.
Inda
hoje
mehmo
num
trabaio
porque
os
braço
num
dá
,
né
?
Porque
você
sabe
,
diabético
parece
que
come
o
sangue
,
come
tudo
,
que
a
pessoa
num
tem
braço
,
num
tem
perna
,
num
tem
nada
.
È
...
é
doença
infeliz
essa
diabete
.
Eu
sofria
demais
com
esse
diabete
.
Mas
a
natureza
pedir
pra
trabaiar
,
pede
.
Doc
:
A
senhora
acha
que
esse
trabalho
é
perigoso
,
de
lavrador
,
ou
não
?
Inf:
Ah
,
minha
fia
,
perigoso
é
,
num
é
o
quê
?
É
.
É
!
Doc
:
Qual
o
perigo
,
assim
?
Inf:
De
tudo
,
minha
irmã
.
Riscado
uma
bicha
do
chão
,
né
...?
Doc
:
Hum
,
hum
.
Inf:
...
Riscado
um
toco
,
riscado
um
espiim
que
nem
eu
mehmo
sou
,
ói
,
sou
piribida
de
eu
andar
na
roça
.
Se
eu
andar
assim
pêra
roça
o
quê
é
brigado
ser
calçada
numas
bota
,
umas
coisa
,
num
...
num
calçado
pa
num
pegar
um
espiim
.
Ói
,
pa
ver
como
é
perigoso
,
né
?
Doc
:
Hum
,
hum
.
Inf:
Riscado
a
pessoa
tá
trabalhano
ali
c’aquele
ferramento
,
cortar
um
dedo
,
cortar
um
pé
,
né
?
Que
nem
um
irmão
mehmo
...
mehmo
meu
,
essa
semana
coitado
,
tirano
umas
madeira
,
ganhano
dinheiro
,
tirano
uma
madeira
,
lá
nele
cortou
na
canela
assim
,
se
o
fio
num
tá
de
junto
pa
...
pa
taiar
o
sangue
tinha
morrido
esgotado
...
Ói
,
perigoso
!
A
gente
trabaia
proque
,
quer
dizer
que
o
...
o
meio
da
gente
é
aquele
.
Se
num
trabalhar
morre
,
mas
pa
dizer
que
é
futuro
da
pessoa
tá
pero
mundo
trabaiano
de
foice
,
machado
,
enxada
,
facão
no
mei
dos
toco
,
futuro
não
minha
irmã
!
Mas
...
mas
pro
fraco
,
né
?
Doc
:
É
verdade
.
Vou
trocar
aqui
de
lado
.
(
pausa
)
E
o
que
foi
que
a
senhora
fez
ontem
aqui
?
Inf:
Hem
?
Doc
:
O
que
foi
que
a
senhora
fez
ontem
aqui
?
Inf:
Onte
?
Doc
:
Durante
o
dia
,
assim
.
Inf:
Que
foi
que
eu
fizi
?
Onte...onte
...
onte
eu
num
fiz
nada
não
.
Onte
eu
só
fiz
conziar
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Conzinhar
e
choveu
,
pronto
,
fiz
mais
nada
não
.
Qu’eu
num
saí
daqui
de
den’de
casa
.
Doc
:
E
hoje
?
Inf:
Hoje
,
do
mehmo
jeito
também
,
num
saí
pra
canto
nenhum
.
Só
fiz
conziar
a
panela
,
assim
,
e
pronto
.
Doc
:
E
amanhã
,
o
que
é
que
a
senhora
vai
fazer
amanhã
?
Inf:
Amanhã
eu
tou
pensano
em
mim
que
eu
vou
fazer
;
trabalhar
ne
doce
,
né
?
Doc
:
Hum
.
Chamar
os
menino
pra
entonce
nós
fazer
um
pouquinho
de
doce
porque
domingo
tem
jogo
aqui
...
Inf:
...
Aí
eu
faço
doce
.
Doc
:
Que
tipo
de
doce
que
a
senhora
faz
?
Inf:
De
coco
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
de
leite
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
Ói
:
de
coco
,
leite
,
licuri
...
Doc
:
É
?
Inf:
É
.
Doc
:
Hum
.
O
doce
de
coco
?
Inf:
...
De
scasca
...
Doc
:
Sim
.
Inf:
...
descasca
o
coco
,
caba
,
pega
o
ralo
e
rela
,
né
?
Bota
no
tacho
e
agora
aí
passa
de
mão
,
bota
o
açúcar
dento
,
mexe
,
aí
dá
o
ponto
,
a
gente
tira
.
Se
quiser
botar
um
pouquinho
de
leite
dento
bota
...
Doc
:
Hum
Inf:
...
e
num
quereno
,
só
faz
dele
só
.
Doc
:
Ah
!
e...e
o
de
leite
?
Inf:
O
de
leite
do
mehmo
jeito
.
A
senhora
vai
,
pega
o
leite
,
côa
o
leite
,
bota
no
tacho
,
bota
o
açúcar
dento
e
fica
o
bagaço
a
mexer
.
De
st’ar
que
mexeno
ele
,
mexe
,
mexe
,
quando
ele
chega
na
base
do
ponto
a
gente
tira
,
bota
no
chão
e
antonce
bate
,
bate
,
bate
no
chão
até
quondo
ele
dá
.
Acaba
de
bater
,
dá
o
ponto
no
chão
.
Quondo
ele
dá
o
ponto
no
chão
a
gente
bota
na
...
no
tabuleiro
e
dá
o
ponto
.
(
criança
chorando
)
Doc
:
E
o
de
licuri
?
Inf:
O
de
licuri
,
a
gente
quebra
o
licuri
e
cabar
passa
de
mão
,
bota
no
quilificador
,
põe
um
pouco
de
água
dento
,
aí
mói
ele
.
Quondo
termina
de
moer
ele
,
agora
aí
,
bota
no
tacho
também
,
bota
o
açúcar
dento
,
mexe
.
Quondo
tava
quereno
dar
o
ponto
,
põe
ele
no
chão
e
,
cabar
,
bate
,
bate
,
ele
dá
o
ponto
também
,
a
pessoa
bota
no
tacho
,
bota
no
tabuleiro
.
Doc
:
Qual
é
o
mais
fácil
que
a
senhora
acha
de
fazer
?
Inf:
O
doce
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
É
o
de
coco
!
Doc
:
Por
quê
?
Inf:
Porque
é
mais
ligeiro
e
dá
o
ponto
mais
ligeiro
.
Doc
:
Ah
!
Inf:
O
de
leite
demora
demais
e
a
senhora
,
quondo
ele
dá
o
ponto
,
a
senhora
num
pode
aquietar
a
mão
porque
se
não
,
ele
derrama
todo
.
Doc
:
E
o
quê
que
...
qual
é
o
que
vende
mais
?
Inf:
O
que
vende
mais
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
Eu
acho
que
é
o
de
coco
.
Doc
:
Por
quê
?
Inf:
Vende
.
Doc
:
É
.
Inf:
Num
sei
,
né
?
Doc
:
As
pessoas
acha
assim
que
...
Inf:
Sim
.
E
o
de
leite
também
,
né
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
Eles
gostam
muito
porque
eu
...
eu
boto
ou
cravo
ou
canela
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
den’do
doce
,
né
?
Agora
só
é
mais
devagar
o
de
licuri
.
Doc
:
É
?
Hum
.
Inf:
É
.
Uns
pede
e
outo
,
não
.
Doc
:
Ham
,
ham
.
E
ontem
teve
missa
aqui
,
a
senhora
não
foi
não
?
(
barulho
de
motor
de
moto
)
Inf:
Fui
não
.
Doc
:
Por
quê
?
Inf:
Tou
doente
e
véa
.
Doc
:
Ham
!
Inf:
A
pressão
tava
muito
me
atacano
mais
a
dor
de
cabeça
.
Atacano
demais
,
assim
quondo
ela
me
ataca
,
aí
eu
sinto
tonta
,
caino
.
Quondo
eu
tou
caino
assim
,
eu
num
saio
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
ou
fico
sentada
nessa
cadeira
aí
fora
,
quietinha
ou
se
não
vou
lá
pra
dento
e
me
deito
.
Aí
engulo
um
comprimido
,
aí
pa
assossegar
até
quondo
ver
que
passa
a
tontura
.
No
dia
que
ela
me
ataca
assim
eu
num
,
nem
conzinhar
eu
num
conzinho
.
Dá
uma
tontona
na
cabeça
,
se
eu
pagar
a
caminhar
aí
eu
caio
.
Aí
eu
tenho
medo
de
cair
,
né
?
Porque
eu
não
sou
...
Doc
:
Claro
!
Inf:
Disse
que
não
é
p’eu
andar
andano
mói
de
a
tontona
,
porque
tem
medo
de
eu
cair
e
fazer
arte
,
né
?
Pessoa
véia
nesse
jeito
que
nem
levar
uma
queda
se
desmantela
toda
,
né
?
[
rindo
]
Quondo
eu
tou
com
a
tontona
já
viu
,
não
ando
,
não
.
Doc
:
Mas
a
senhora
gosta
de
missa
,
num
gosta
?
Inf:
Gosto
.
De
ir
na
reza
assim
,
novena
.
Quando
eu
to
sãm
,
Ave
Maria
!
[
inint
]
.
Doc
:
É
?
Inf:
É
.
Doc
:
O
que
é
que
tem
na
novena
?
Eu
nunca
fui
na
novena
!
Inf:
Nunca
viu
não
?
Doc
:
Não
.
Porque
lá
po
lados
dela
de
Feira
de
Santana
,
onde
eu
moro
,
num
tem
novena
não
.
Inf:
Ah
,
novena
é
bonita
demai
.
Pega
uma
caixa
grande
,
uma
caixa
mais
menor
,
duas
gaita
e
agora
aí
fica
tocano
.
Doc
:
Duas
,
duas
o
quê
?
Gaita
.
Inf:
Gathia
...
Doc
:
Ah
!
Hum
.
Inf:
...
né
?
Aí
fica
tocano
aquelas
rezas
bonita
,
né
?
Aí
passa
o
dia
tudo
tocano
.
Quondo
é
de
noite
a
genta
vai
assim
,
pa
igreja
ou
nas
casas
mehmo
que
for
,
aí
tem
aquele
santo
a
gente
vai
e
reza
e
pronto
.
Doc
:
Ah
!
Inf:
Aí
pronto
,
novena
.
Doc
:
Hum
,
hum
.
E
disseram
que
tem
um
tal
de
leilão
aqui
...
Inf:
Sim
,
tem
!
Doc
:
Como
é
esse
leilão
?
Inf:
O
leilão
?
Aí
tem
leilão
de
todo
jeito
que
a
pessoa
queira
fazer
.
Bota
uma
gaia
de
pau
assim
,
comprida
,
cheia
de
perninha
,
né
?
Aí
enfeita
aque
...
aquelas
gaia
de
pau
toda
.
Cada
uma
gaia
de
pau
deste
é
um
objeto
que
a
senhora
bota
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
ou
um
sabonete
,
uma
carteira
de
cigarro
,
um
pacote
de
bolacha
,
um
pedaço
de
requeijão
.
De
tudo
a
senhora
bota
naquelas
gainha
de
pau
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Sabe
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
Aí
oi
,
com’é
,
assim
,
leilão
de
capão
,
pega
um
capão
e
traize
outros
pega
uma
abroba
bem
bonita
,
outos
,
melencia
,
outros
pega
assim
,
lito
de
leite
,
de
coalhada
,
de
tudo
.
Enfeita
e
leva
.
Aquele
dinheiro
que
...
que
a
pessoa
sai
vendeno
,
naquela
novena
,
aquele
dinheiro
é
pó
...
bota
nos
pé
do
santo
lá
,
o
dono
do
santo
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
num
é
?
Quer
dizer
que
a
pessoa
vai
com
aquele
...
aquele
dinheiro
,
aí
vai
comprar
de
coisa
assim
,
de
enfeito
pa
infeitar
ou
igreja
ou
o
santo
mehmo
,
sabe
?
Tirar
os
gasto
que
fez
daquele
leilão
que
vende
.
A
gente
leva
de
graça
e
dá
lá
,
aí
eles
vende
no
leilão
.
(
criança
gritando
)
Doc
:
Hum
.
Sei
.
E
a
senhora
foi
batizada
na
igreja
católica
?
Inf:
Fui
.
Doc
:
Quem
foram
seus
padrinhos
?
Inf:
Minha
irmã
,
os
meus
padrinho
é
véio
demais
eu
no
...
[
rindo
]
Nem
conhecer
eu
num
conheci
!
Doc
:
Não
conheceram
,
não
?
Inf:
Não
.
Morreru
novo
meus
padrinho
Doc
:
Ah
,
e
a
senhora
tem
afilhado
?
Inf:
Eu
?
Doc
:
Sim
.
Inf:
Tenho
.
Doc
:
Tem
?
Inf:
Tenho
.
Doc
:
Como
é
que
a
senhora
trata
seus
afilhados
?
Inf²
:
Pelo
nome
?
(
bêbê
chorando
)
Doc
:
Não
.
Como
trata
,
assim
,
a
senhora
chama
eles
pra
vim
pra
cá
...
Inf:
É
...
Doc
:
Como
é
?
Inf:
É
!
Chamo
.
Quer
dizer
conforme
aquele
afilhado
que
eu
chamo
:
”venha
pra
cá”
Quande
chegam
eu
dou
um
doce
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
Tem
vez
que
eu
dou
uma
bolacha
.
Na
cabeça
deles
me
dão
abenção
,
eu
abenço
:
Deus
te
livre
das
má
hora
,
Deus
te
dê
uma
...
uma
sorte
boa
,
né
?
E
agrada
aquele
afilhado
,
aí
eles
fica
ali
,
aquele
pedacinho
mais
eu
,
cabar
sai
.
Doc
:
E
qual
a
responsabilidade
que
a
senhora
acha
que
a
senhora
tem
em
ser
madrinha
?
Inf:
Responsabilidade
?
Doc
:
Hum
.
Inf:
De
que
,
daquele
afiado
?
Doc
:
Sim
.
Inf:
Respeitar
bem
aquele
afiado
,
quondo
,
quondo
a
pessoa
vê
que
pode
agradar
aquele
afiado
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
né
?
Ter
muita
consideração
pelo
afiado
,
respeito
muito
aquele
afiado
pela
...
pa
você
respeitar
aquela
madinha
[
inint
]
,
a
madinha
,
porque
escolheu
a
madinha
porque
a
pessoa
agradano
aquele
afiado
,
aquele
afiado
se
...
cresce
conheceno
aqueles
padinho
,
né
?
Doc
:
Hum
,
hum
.
Inf:
E
teno
a
consideração
aqueles
padrinho
.
Igualmente
também
os
padinho
com
afiado
,
se
num
agradar
aquele
afiado
,
quer
dizer
que
num
tá
teno
aquele
afilhado
por
nada
...
Doc
:
É
verdade
.
Inf:
...
né
?
Doc
:
Hum
,
hum
.
E
assim
,
no
dia
do
batizado
desse
...
Quantos
afilhados
a
senhora
tem
?
Inf:
Minha
fia
,
eu
num
sei
não
.
Doc
:
Tem
muitos
?
Inf:
Tem
muitos
afiado
e
...
e
já
morreu
um
bando
também
.
[
rindo
]
Doc
:
Ah
!
Inf:
Eu
penso
que
vivo
tem
mehmo
...
Doc
:
Como
é
,
assim
,
batizar
uma
pessoa
,
é
bom
?
Inf:
É
...
é
.
É
bom
,
né
?
Doc
:
Representa
o
quê
,
assim
,
pra
senhora
,
batizar
alguém
?
Inf:
Um
presente
?
A
gente
...
Doc
:
Represen
....
Sim
.
Inf:
Agent
...
Quando
a
gente
vai
,
lhe
dão
os
afiado
pa
batizar
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
a
gente
é
que
compra
aqueles
a
arran
...
arrumamento
da
criança
.
Dá
sapato
,
dá
meia
,
dá
o
...
se
for
mulé
,
dá
calcinha
...
Doc
:
Hum
.
Inf:
...
dá
o
vestidinho
,
né
?
Dá
xuxinha
po
cabelo
,
a
gente
vai
compra
e
dá
.
E
seno
home
compra
também
.
Compra
roupinha
pa
criança
,
compra
o
sapatinho
,
compra
as
meinha
...
Agent’
quon
...
quon
...
quondo
é
na
hora
da
missa
coloca
no
braço
e
leva
pra
igreja
...
(
criança
chorando
)
Doc
:
Hum
,
hum
.
Inf:
...
pa
batizar
.
Doc
:
A
senhora
já
viajou
assim
,
muito
pra
fora
?
(
pessoas
conversando
)
Inf:
Eu
?
Doc
:
Sim
.
Inf:
Já
!
Doc
:
Pra
onde
?
Inf:
Viagem
{
xou
ver
lugar
}
de
lugar
assim
lonjão
mehmo
que
eu
já
num
...
fui
só
foi
pa
São
Paulo
,
Paulo
Afonso
,
com’é
Savador
...
Doc
:
Hum
!
Inf:
...
Cipó
,
Pombal
,
Tabunes
...
Doc
:
Mas
...
Inf:
...
Sul
de
Ilhéu
,
tudo
eu
já
tive
!
Doc
:
Mas
só
demorou
pouco
tempo
,
né
?
Inf:
É
,
pouquinho
de
tempo
.
Doc
:
Quanto
tempo
assim
,
um
mês
?
Inf:
Era,{
às
vez
era
esse
}
.
Doc
:
Pouco
tempo
,
né
?
Inf:
Era
que
eu
andava
pelo
mundo
mais
meu
marido
vendeno
fumo
.
Doc
:
Hum
.
Inf:
Eu
andava
mais
ele
.
Doc
:
Ah
!
Então
a
senhora
passeou
muito
!
[
risos
]
E
qual
o
meio
de
tranporte
,
assim
que
a
senhora
utilizava
pra
ir
viajar
?
Inf:
O
meise
?
Doc
:
Sim
.
Inf:
Que
nós
viajava
?
Doc
:
Sim
.
Inf:
O
mês
de
janeiro
.
Doc
:
É
?
Inf:
Era
.
Doc
:
Ah
!
Porque
mês
de
janeiro
?
Inf:
Porque
diz
que
lá
,
com’é
o
mês
de
janeiro
pra
lá
era
bom
pra
gente
vender
assim
,
fumo
em
grosso
.
Doc
:
Ham
,
ham
.
Inf:
Qu’era
pa’eles
tirar
do
outro
canto
,
sabe
?
Doc
:
Hum
,
hum
.
Inf:
E
aqui
,
a
safa
da
gente
,
quer
dizer
que
a
gente
terminar
de
fazer
a
...
a
safa
,
apurava
o
fumo
,
sabe
...?
Doc
:
Hum
,
hum
.
Inf:
...
Que
saía
por
...
a
finda
de
apurasse
no
mês
de
janeiro
,
quondo
a
gente
terminava
de
apurar
aquele
fumo
,
aí
fretava
aquele
carro
,
botava
dento
e
se
mandava
.
Doc
:
Sei
.
E
a
senhora
ia
de
que
com
ele
?
Inf:
No
carro
.
Doc
:
É
?
Inf:
É
.
Doc
:
E
a
senhora
acha
seguro
andar
de
carro
?
Inf:
Se
eu
era
seguro
?
Doc
:
Se
a
senhora
acha
seguro
ou
tinha
medo
.
Inf:
Eu
tinha
medo
.
Doc
:
É
!
Inf:
Ave
Maria
!
Eu
tinha
tanto
medo
que
caminhava
de
noite
e
num
dormia
.
Doc
:
É
mehmo
?
Inf:
Era
!
Com
medo
do
carro
virar
.
Doc
:
E
avião
?
Inf:
Não
!
Nunca
andei
[
rindo
]
.
Doc
:
Tem
coragem
?
Inf:
Não
.
Ave
Maria
!
Vejo
assim
,
um
passano
,
aí
eu
digo
:
“oh
,
meu
Deus
tenha
dó
desses
filho
de
Deus
!
Pa
eu
ver
andando
assim
?
Ave
Maria
,
num
ando
não
.
Doc
:
Por
que
não
tem
coragem
?
Inf:
Sei
lá
,
minha
irmã
.
Eu
penso
no
nervosão
,
né
?
Porque
todos
fio
de
Deus
num
anda
,
né
?
Agora
,
eu
,
eu
já
ando
de
carro
assim
me
acabano
de
medo
,
oiano
po
chão
,
pior
pa
tá
na
...
na
...
Doc
:
Pra
senhora
o
que
é
uma
pessoa
corajosa
?
Inf:
Hum
?
Doc
:
Pra
senhora
o
que
é
uma
pessoa
corajosa
?
Inf:
Quem
é
é
uma
pessoa
corajoso
?
Sei
lá
minha
irmã
.
[
riso
]
Corajoso
coma
?
Doc
:
Cora
...
Como
é
que
a
senhora
falou
,
corajosa
?
Inf:
Sim
.